Golpes de pix crescem no DF

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O pix, um meio de transações financeiras que se popularizou no Brasil, mas para além da praticidade desta ferramenta, é preciso tomar cuidado com os golpes.  Segundo a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), nos últimos anos houve um aumento nos registros de ocorrência em relação a estelionatos com esse tipo de pagamento. São registrados nas delegacias do DF, em média, 60 casos por dia. 

A servidora pública, Maria José Coelho de Assis, 62 anos, caiu em um golpe do pix recentemente. Ela conta que achou que já tinha pago o boleto do carro, mas não confirmou o pagamento. No banco constava que ela ainda estava devendo, mas ao ligar para a agência, o atendente afirmou que não podia gerar o boleto.”Ninguém podia gerar o boleto e ficaram jogando a situação de um lado para o outro. Aí eu joguei no Google o boleto para pagar e apareceu um telefone”.De cara, o número retornou para Maria José e mandou o boleto, orientando o passo a passo, assim como o banco costuma fazer. “Eu paguei, mas mesmo assim o banco continuou me ligando para avisar que não paguei. Foi aí que eu vi que eu caí no golpe”, contou. 

Ela não conseguiu resolver a situação no banco, mas foi informada que não tinha nada que eles pudessem fazer. “Disseram que o problema era meu. Depois de um tempo eu juntei a papelada e fui no Procon, mas também não deu nada”, frisou. Para ela, ficou a impressão de que os bancos não têm vontade de ajudar nessas situações. “Não procurei advogado, porque me disseram que se o banco não resolveu, eu não conseguiria mais nada e fiquei no prejuízo”, complementou. Agora, Maria José confere os boletos diretamente no banco, antes de realizar os pagamentos.  

Zélia Ventura, 57 anos, é administradora e também já  passou por uma situação em que caiu no clássico golpe do Whatsapp clonado. “Eu estava trabalhando, estava bastante atarefada e a pessoa clonou a foto do meu filho que está no no Instagram e mandou mensagem para falar comigo, como se fosse o meu filho Rodrigo”. Zélia não teve dúvida que se tratava do filho e respondeu. Ela conta que a troca de mensagens começou com a pessoa falando realmente do jeito que Rodrigo se comunicava com ela por mensagem. “Falou assim: Oi, mãe, benção, tudo bem com a senhora?    Eu estou precisando pagar um boleto e não tenho como tirar dinheiro agora”, descreveu.  

Ela só percebeu que era um golpe, após ter feito o pix de R$ 1.950. “Eu, na boa fé, não chequei nenhuma informação e depois disso ele mandou:     Kkk, muito obrigada”, citou. Foi quando ela suspeitou que não era o filho lhe pedindo dinheiro, já que ele não usa esse tipo de risada. Depois de confirmar que não era Rodrigo que a pediu o pix, ela foi registrar um boletim de ocorrência. “Mas não consegui reverter nada e realmente perdi quase R$2000 com o golpe”. Ela sente que o cidadão que paga os impostos com honestidade está desprotegido contra esse tipo de crime. “Eu fiquei com a sensação de impotência diante dessa situação”, frisou. Depois desse caso, ela continuou recebendo várias mensagens do tipo. “Só que agora eu falo que não tenho nem conta corrente mais”, ressaltou. Zélia acredita que os golpistas devem ter acesso aos dados das pessoas e escolhem os mais velhos, que as pessoas da maior idade já não são tão espertas quanto os mais jovens. 

Perfil do golpe 

Segundo o delegado Henry Galdino, da Divisão de Falsificações e Defraudações/Coordenação de Repressão ao Crime Contra o Consumidor, a Propriedade Imaterial e a Fraudes (Difraudes/Corf),  grupos mais vulneráveis, como pessoas idosas acima dos 50 anos, são geralmente o alvo mais comum desse tipo de esquema golpista. O perfil dos autores desse tipo de crime é bem variado e os autores utilizam diversas maneiras para aplicar o golpe. “Eles utilizam ou da tecnologia para pegar o dinheiro ou de engenharia social. Tem vários tipos desse crime, como o clássico de clonagem do WhatsApp “, comentou.  Ao invés de praticar crimes violentos, ele explica que as associações ou organizações criminosas estão utilizando desses golpes para arrecadar dinheiro. 

Como Galdino apontou, antes a proporção era que a cada cinco crimes contra o patrimônio comuns, havia um estelionato. “Agora esse quadro se inverteu. A cada três crimes de fraude eletrônica, tem um crime contra patrimônio normal, tipo furto ou roubo”. O delegado explicou que a PCDF tem buscado associar esse tipo de crime com os de associação criminosa e lavagem de dinheiro, para não só conseguir o dinheiro de volta, como aumentar a pena dos criminosos. A pena somente para o estelionato é de 1 a 5 anos. “A pena do furto mediante fraude eletrônica pode ir até 5 ou 8 anos, quando é por meio de redes sociais, contatos telefônicos ou envio de correio eletrônico fraudulento”, acrescentou. 

Em 2023, segundo a PCDF, foram registrados 23.205 casos relacionados a esquemas como este. Brasília é a região administrativa do DF com mais registros desse tipo de crime, com 11,9% dos casos ocorridos entre 2021 e 2023. Seguida por Ceilândia que entre esses anos, registrou 9,2% ocorrências do tipo. 

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