Munição que matou delator do PCC foi comparada pela PM, aponta investigação

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ROGÉRIO PAGNAN
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

A equipe que investiga a morte do empresário Antônio Vinicius Gritzbach, assassinato em novembro do ano passado no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, identificou que parte da munição usada no ataque pertencia à Polícia Militar paulista. Três PMs já foram presos sob suspeita de serem os autores dos disparos e o motorista do carro em que os criminosos fugiram.

Os indícios de que a munição usada no crime era da PM surgiram na análise pericial das armas e das munições apreendidas tanto na cena do crime como no carro, encontrado a cerca de sete quilômetros do aeroporto.

Conforme policiais ouvidos pela Folha ligados à investigação sobre o assassinato de Gritzbach, a Polícia Civil rastreou a numeração dos projéteis, consultou a empresa fabricante, a CBC, e teve a confirmação de que parte da munição utilizada no crime era de um lote adquirido pela Polícia Militar.

As informações sobre a origem da munição foram publicadas inicialmente pelo UOL e confirmadas pela Folha de S.Paulo.

A Polícia Técnico-Científica analisou três fuzis semiautomáticos, uma pistola de calibre 9 mm e munições de diversos calibres apreendidos na investigação. Um laudo da corporação mostra os códigos de rastreamento, usados para identificar vendedores e compradores do material, para parte da munição analisada.

Segundo o laudo, a munição de fuzil encontrada no aeroporto partiu das armas encontradas a sete quilômetros de distância, no carro atribuído aos PMs presos. A perícia encontrou compatibilidade entre 21 estojos de calibre 7,62 com um dos fuzis encontrados no veículo.

Alvo do ataque, Gritzbach havia fechado um acordo de delação premiada contra integrantes da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) e contra policiais. O motorista de aplicativo Celso Araújo Sampaio de Novais, 41, também foi atingido e morto no ataque.

No início de janeiro, a Corregedoria da PM e a Força-Tarefa do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa) prendeu um tenente, um cabo e um soldado da PM suspeitos de assassinarem o empresário. Outros 14 policiais militares também foram presos por suspeita de envolvimento com o PCC numa operação da Corregedoria, inclusive agentes que integravam a escolta pessoal de Gritzbach.

Os policiais acusados de atirar contra o empresário são o cabo Denis Antonio Martins e o soldado Ruan Silva Rodrigues. Já o tenente Fernando Genauro da Silva -que trabalhava na 1ª Companhia do 23º Batalhão da Polícia Militar, na capital paulista- é acusado de dirigir o carro em que estavam os atiradores.

O tenente, segundo apuração da força-tarefa, já trabalhou com o cabo Dênis na Força Tática do 42º Batalhão da PM, e, Osasco, na Grande São Paulo, onde atuavam na mesma viatura.

A Folha de S.Paulo apurou que a investigação descobriu que o celular de Silva recebeu ligações exatamente no momento em que o carro saiu para levar os atiradores até o delator e depois uma nova ligação quando o carro é abandonado.

A defesa sustenta que o tenente é inocente. “Ele não cometeu esse crime, ele não estava no dia dos fatos”, disse o advogado Mauro Ribas.

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