Estelionatários pedem dinheiro para mercados e açougues em novo “golpe da mosca na carne”

Donos de estabelecimentos comerciais da região como açougues e mercados devem ficar atentos a uma nova tática que estelionatários encontraram para extorquir dinheiro. É o chamado “golpe da mosca na carne”, utilizado para pedir reembolso de compras jamais realizadas por meio do WhatsApp.

Capturas de imagem das conversas explicam como agem: os criminosos chamam as contas comerciais de mercados e açougues com nome e foto falsos em aplicativos. Na primeira mensagem, juntamente do envio de uma imagem, explicam que realizaram uma compra grande no estabelecimento, mas que ao abrirem, encontraram uma mosca morta junto ao alimento. “Minha esposa foi fazer uma carne moída que comprou aí com vocês…ela trabalha com encomendas de salgados, comprou R$ 83,00”, escreve o criminoso.

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Depois, solicitam um Pix dos proprietários, do mesmo valor que supostamente gastaram, para reembolsar o alimento comprado. Estas mensagens foram enviadas para uma das vítimas de Santa Cruz do Sul, que não quis se identificar. Ela é proprietária de um mercado no Bairro São João, e caiu no golpe da mosca na carne.

Ao receber o depoimento do que achava ser um cliente, ficou preocupada e logo repassou o pedido. “Foi muito difícil, ele mexeu bastante com o emocional. Ele não deixava eu falar e cobrava muito. Somos um mercado pequeno, prezamos a nossa maior qualidade em produtos, capricho e atendimento”, diz a vítima.

Depois de enviar o valor, verificou câmeras de segurança e percebeu que não havia recebido o cliente descrito. No sistema, também não estavam registradas as compras do produto e valor informados pelo criminoso. Ao conversar com amigos sobre a situação, descobriu que se tratava de um golpe. No mesmo dia, registrou boletim de ocorrência na Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA) de Santa Cruz do Sul.

A delegada Ana Luisa Aita Pippi diz que este é um entre diversos golpes que acontecem no meio digital e atingem o emocional das vítimas. “As vítimas, muitas vezes, não têm ou não se dão tempo para verificar se a situação realmente é verídica. Elas agem com medo, no anseio de resolver o problema”, explica. Segundo ela, a principal ação a ser tomada nestes momentos, antes de qualquer atitude, é ter calma: “Tentar raciocinar, não fazer a transferência via Pix, refletir sobre a situação”.

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Além disso, frisou a importância de tomar cuidado com a exposição de dados e conversa com números desconhecidos nas redes sociais. “Antigamente, nossos pais falavam para não dar conversa para estranhos na rua. Não é só na rua, não deem conversas para estranhos por telefone, WhatsApp”, complementa.

O estelionato está previsto como crime no artigo 171 do Código Penal. Consiste em “obter vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento”. A pena prevista para este tipo de crime é de prisão de um a cinco anos, e multa.

O golpe já foi relatado em outros locais, como em Santa Catarina e Mato Grosso do Sul. Em todos os registros, os criminosos se utilizavam da mesma justificativa – grande encomenda para produção de salgados – e solicitavam valores abaixo de R$ 100,00.

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