Precisamos falar sobre as árvores

A gestão de áreas verdes voltou à pauta na realidade urbana de Santa Cruz do Sul neste início de janeiro. É emblemático que o tema surja em dias nos quais, em simultâneo, pessoas quase torram ao sol escaldante. O que evidencia o quanto estamos descolados ou desconectados da realidade que nos cerca, imersos ou ocupados com nossos probleminhas e interesses individuais e pontuais, enquanto o macro (o social, tudo o que interessa à coletividade) nos escapa e até pouco nos importa, mesmo que sejamos nós próprios parte desse todo.

Debatemos ou cogitamos a derrubada de árvores ao mesmo tempo em que reclamamos por transpirar em simples caminhada ou viagem de carro por algumas poucas quadras. A árvore sob cuja sombra nos locomovemos, ou que disputamos quase aos encontrões com outros motoristas, é algo que sequer percebemos.

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O modo e o ritmo de vida contemporâneo são de todo insustentáveis. Derrubamos árvores, a única fonte disponível em todo o universo para gerar oxigênio, e somos capazes de fazer passeatas clamando por ar puro e qualidade de vida. Como se alguém pudesse gerar oxigênio (isto é, ar, para todos os seres vivos) de outra forma que não seja plantando e preservando áreas verdes. A verdade é que a sociedade brasileira lida muito mal com árvores. Desde o começo.

Ainda que o próprio país tenha nome de árvore, ele só foi adotado porque, na verdade, o pau-brasil foi explorado, destroçado, derrubado a um ponto em que quase se extinguiu (a seguirmos nesse ritmo um dia ainda conseguiremos extinguir todas as árvores de todo o Brasil, Amazônia e Mata Atlântica inclusas). Como poderia lá uma simples tipuana escapar a tamanha sanha destruidora e devastadora?

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Mas lidar mal com árvores nem sempre é regra. A foto acima fiz em 2018 em Genebra, na Suíça. Deparei-me com esse plátano gigantesco, mais do que centenário, em calçada na área central, junto ao Lago Lemán, cartão-postal por excelência da cidade. A calçada ali é toda do plátano; os pedestres o contornam, reverentes. Perguntei ao porteiro, no hotel situado a metros, se a população não reclamava. A resposta, em bom alemão: “Se alguém tocar naquela árvore, aqui estoura uma guerra”. E arrematou: “Ela é muito mais importante que todo o resto. Árvores vivem muito bem sem pessoas. Pessoas sequer existiriam sem árvores”. Simples assim.

Boa leitura, e bom final de semana.

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