Vitor Hugo: “Vai vencer a disputa em 2026, entre direita e esquerda, o campo político que souber puxar mais gente do centro”

Major Vitor Hugo, ou simplesmente Vitor Hugo – como agora prefere ser chamado -, é não somente um dos maiores aliados de Jair Bolsonaro, como também é amigo pessoal do ex-presidente da República. Filho de um engenheiro da Marinha, é advogado por formação e já atuou como consultor legislativo na Câmara dos Deputados (aprovado em um dos concursos mais disputados do país). Tem carreira consolidada na área militar e, em sua passagem pela Câmara como deputado federal, foi líder do governo Bolsonaro, ajudando a emplacar pautas importantes para o então presidente.

Vitor Hugo lançou sua candidatura a vereador por Goiânia no passado a pedido do próprio Bolsonaro, conforme revelado pelo ex-deputado. E a estratégia deu certo: foi o vereador mais votado, com mais de 15,6 mil votos (na eleição para governador, em 2022, foi derrotado, mas teve mais de meio milhão de votos). Nesta entrevista ao Jornal Opção, Vitor Hugo fala sobre sua relação com o ex-presidente e revela os rumos do PL nos próximos pleitos – legenda cuja vice-presidência acaba de deixar.

Para o parlamentar, que não esconde que pode disputar uma cadeira no Senado em 2026, o PL precisa construir diálogos e se aproximar mais do centro e da centro-direita. Na Câmara Municipal, o bolsonarista pretende manter uma postura de independência em relação à gestão de Sandro Mabel, não travando e nem embandeirando pautas do Paço puramente por ideologia.

Ton Paulo – Na última semana, houve uma mudança na vice-presidência do PL, partido do senhor, em Goiás. O senhor saiu, e Fred Rodrigues entrou no lugar. Como ocorreu essa troca? O senhor já estava ciente, e concordou com isso?

Fui presidente do PL de Goiás em 2022, até o início de 2023. Durante muitos anos, o PL conseguia eleger apenas uma deputada federal. Com a minha estratégia, chegamos a quatro deputados federais, três estaduais, um senador da República, e eu tive mais de meio milhão de votos na eleição para governador. Não fui eleito, mas 516.579 votos é muita coisa. É um marco para mim.

Eu não tenho família política. Entrei na política pelas minhas próprias pernas. Logicamente, apoiado pelo [ex-presidente Jair] Bolsonaro, mas isso também é uma construção política. Hoje em dia, eu ando por Goiás e as pessoas me reconhecem, não só por causa da candidatura, mas pelo fato de eu ter levado 350 milhões de reais em emendas, espalhadas em 200 municípios. A grande maioria dessas emendas já foi paga. Portanto, minha missão como dirigente partidário foi cumprida ali.

Na sequência, o senador Wilder Morais, atual presidente, me convidou para ser o vice-presidente estadual do partido. E foi bom, foi um período interessante. Embora ele tenha conduzido muito mais as políticas ou as articulações para as eleições. Mas foi, para mim, interessante. Foi uma função diferente, que eu não tinha exercido ainda.

Mas agora, meu foco precisa ser mais municipal. Goiânia está abandonada há quatro anos. Um milhão e meio de habitantes. A décima maior cidade do país, vindo de uma fratura, um trauma, de um prefeito que não foi eleito, que teve uma administração muito ruim. Portanto, eu vejo com muita naturalidade o Fred ter assumido a vice-presidência, não fiquei chateado. Acho que são fases. E se o líder colocar alguém que ele confia mais, com o qual ele se identifica mais, acho é normal, é prerrogativa do presidente estadual.

Ton Paulo – Mas o senhor foi informado que haveria essa mudança?

Eu soube pela imprensa primeiro.

Italo Wolff – Paira a impressão de que o PL, por vezes, se divide em duas alas, né: uma ligada mais ao senador Wilder Morais e Gustavo Gayer, e outra ligada ao senhor, e que essas alas disputam espaço. Essa impressão é verdadeira?

No ano de 2026, haverá eleição para duas vagas no Senado por Goiás. Cada eleitor vota duas vezes, cada partido pode lançar dois candidatos, e no final serão eleito dois nomes pelo Estado. Portanto, em teoria, não existe disputa. Acho que está muito claro quem são, em Goiás, os dois políticos do PL que têm maior ligação com o presidente Bolsonaro, que têm uma história política mais forte. Inclusive, quando o próprio Bolsonaro visitou Goiânia, ele citou esses nomes em cima do carro de som.

Não consigo ver nenhum tipo de disputa [dentro do PL], acho que há espaço para todo mundo. Cada um constrói alianças, seus trabalhos, cada um tem pontos fortes e vulneráveis

Não consigo ver nenhum tipo de disputa, acho que há espaço para todo mundo. Cada um constrói alianças, seus trabalhos, cada um tem pontos fortes e vulneráveis. O ideal seria que o PL conseguisse as duas vagas, elegesse os dois. Claro, na política é difícil, e às vezes você não tem controle do que acontece. Mas, atuarei como puder para aumentar a chance de chegar lá, tanto eu quanto outro nome do PL.

Vereador Vitor Hugo, em entrevista ao Jornal Opção | Foto: Guilherme Alves/Jornal Opção

Ton Paulo – No final do ano passado, os diretórios do PL estadual e municipal divulgaram uma nota de repúdio contra o senhor, alegando que, por interesse no Senado, o senhor estava tentando aproximar o PL do governo do Estado sem a concordância da cúpula estadual. Eles, inclusive, citaram um encontro entre o vice-governador Daniel Vilela, do MDB, e o ex-presidente Bolsonaro. Qual a avaliação do senhor sobre isso?

Isso faz tanto tempo e já aconteceram tantas outras coisas de lá para cá. Gostaria de esclarecer que o próprio Bolsonaro, poucos dias depois do ocorrido, disse em sua página que era necessário que nos aproximássemos do centro e da direita, e da centro-direita. Vai vencer a disputa em 2026 o campo político que souber trazer mais gente do centro. E o MDB é um partido de centro, um dos mais importantes, inclusive, com o qual o PL coligou em São Paulo, a principal cidade do país, e em outras.

O que passa na minha cabeça é o fortalecimento da direita, segundo a diretriz do próprio Bolsonaro. Trazer mais gente de centro para próximo de nós é o que nós temos que fazer. A definição quanto às candidaturas, se terá candidatura ao governo ou ao Senado, o próprio Bolsonaro disse que quem definirá isso será ele.

Foi o presidente Bolsonaro que me pediu, me orientou para que eu fosse candidato a vereador em Goiânia. Conversamos sobre isso em março ou abril de 2023, quando ele regressou nos Estados Unidos. Ele disse, na ocasião: “Vitor, posso dar um conselho? Se eu fosse você, iria para a vereador em Goiânia no ano que vem”. Foi o presidente que mandou. “Por quê?”, perguntei. Ele respondeu que era para que eu estivesse ‘franco-atirador’ em 2026. Essa foi a expressão dele. Daí, temos a opção de ir para o Senado, para a Câmara dos Deputados. Vamos conversar, avaliar e vamos ver isso mais adiante.

Italo Wolff – O senhor acha que o favorecimento do diálogo, da construção de pontes na política, já está se tornando uma tendência dentro do PL? Uma vez que o partido, às vezes, exige um certo ‘purismo’ de direita.

O PL é o maior partido do Brasil na Câmara dos Deputados. Se a lógica do purismo fosse prevalecer, o PL iria insistir numa candidatura própria à presidência da Câmara dos Deputados. E, ao contrário, fez uma composição. A mesma coisa no Senado: a bancada do PL na Casa é uma das maiores. Mesmo assim, os parlamentares decidiram não lançar candidato oficialmente. A despeito do Marcos Pontes estar insistindo na candidatura dele, o PL em si não tem uma candidatura. O partido vai apoiar o Davi Alcolumbre.

Italo Wolff – E para 2026, o senhor acha que existe possibilidade de uma composição com a base do governo Caiado?

Essa definição é do presidente Bolsonaro. E os atores políticos aqui vão assessorar o presidente nos seus pensamentos. Porém, acho que o cenário como um todo tem que ser avaliado. Quantas prefeituras cada grupo elegeu, as ligações no nível nacional, as implicações para a articulação maior. O MDB elegeu um prefeito, como eu falei, junto com o PL, na principal cidade do país. Muita coisa precisa ser avaliada.

Ton Paulo – Na semana retrasada, o ex-presidente Jair Bolsonaro concedeu uma entrevista na qual ele desabona lideranças da direita como possíveis candidatos à presidência da República em 2026. O que o senhor sente nas conversas que tem com ele? Uma vez que está inelegível, ele pode apoiar alguma dessas lideranças, como Tarcísio, Caiado ou Zema, ou alguém da família, como Flávio, Eduardo ou Michelle Bolsonaro?

Minha torcida, e até minha oração para o bem do país, é que a inelegibilidade seja revertida. Penso que, hoje, quem ganharia a eleição, quem teria a maior chance é o próprio Bolsonaro. E quando você olha as pesquisas, a desaprovação ao governo Lula já é maior que a aprovação. O governo teve uma queda muito grande entre o público em que ele sempre foi hegemônico. Por exemplo, as mulheres.

Vale citar que houve um aumento da criminalidade contra as mulheres em 2023, comparado com 2022. Basta ver o Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Houve aumento no número de estupros, stalking, de medidas protetivas que foram concedidas, violência doméstica e uma série de outros fatores.

Jornalistas Italo Wolff e Ton Paulo entrevistam Vitor Hugo | Foto: Guilherme Alves/Jornal Opção

Ton Paulo – Mas e se a inelegibilidade não for revertida?

Ele é o plano A, B, C e D. Mas se ele não for candidato, acho que qualquer outro da direita só tem viabilidade se ele apontar o dedo. Porque o Bolsonaro, hoje, é a figura principal da direita. É ele que consegue chegar ao aeroporto e juntar um monte de gente. Ele que entra numa live e tem quase 200 mil pessoas assistindo. O Lula, que é o presidente da República, sentado na cadeira, com dificuldade consegue ter 5 mil pessoas assistindo. Tanto que ele parou de fazer as lives semanais.

O que passa na minha cabeça é o fortalecimento da direita, segundo a diretriz do próprio Bolsonaro. Trazer mais gente de centro para próximo de nós é o que nós temos que fazer

O presidente realmente é a maior figura popular do Brasil hoje, e certamente, por consequência, da direita também. Sem Bolsonaro colocar a mão, dificilmente alguém da direita ganharia em 2026. Penso que a sequência das coisas que vão acontecer é, primeiro, vai haver uma mudança no Tribunal Superior Eleitoral, o TSE.

Mais aidante, os ministros do Supremo Tribunal Federal, o STF, que compõem o TSE serão o Nunes Marques, o André Mendonça e o Dias Toffoli, que são ministros ou indicado por Bolsonaro, ou que tem uma posição mais moderada, mais equilibrada. O registro de candidatura de Bolsonaro será submetido ao crivo, e o TSE vai ter que julgar se ele é ou não [elegível], se vai definir ou não a candidatura. Se for indeferida a candidatura, o presidente vai apontar alguém, que pode ser um dos filhos ou a própria Michelle, que foi quem ele colocou como prioridade. E por ter o sobrenome Bolsonaro, o vínculo direto, a transferência de votos também é mais fácil. Além de serem políticos com experiência, pelo menos o Eduardo e o Flávio já estão na vida pública há algum tempo. E a Michelle, embora não tenha tanta experiência, é um nome que tem grande apelo. Pelo fato de ser mulher, de ser evangélica, ela já vence uma série de barreiras e está melhor nas pesquisas em relação a todos os demais da direita.

Ton Paulo – E quanto a Pablo Marçal e Gusttavo Lima?

Penso que ele se desgastou muito com a publicação do laudo falso do Guilherme Boulos, no ano passado. E também com os ataques que ele fez ao Bolsonaro. Acho que ele não entendeu direito o cenário político brasileiro e também o papel que o Bolsonaro exerceu e exerce. E como ele se precipitou, se diminuiu muito. Não o coloco no primeiro escalão da disputa.

Já o Gusttavo Lima é muito popular, foi muito importante para a campanha da Bolsonaro, o apoiou. Ele tem todo o direito de se apresentar como pré-candidato, como qualquer cidadão, mas também não tem experiência política. Talvez não tenha sofrido as pressões ainda, nem no nível inicial da política, quanto mais para presidente da República.

Vamos ver se ele vai continuar com a pré-candidatura ao Palácio do Planalto ou se vai mudar para o Senado. Não sabemos. Uma coisa é você ser um cantor, um dos principais cantores do país, e por isso ser aclamado. E outra coisa é você se posicionar politicamente e passar a ter uma oposição, que te critica pela roupa que você veste, pela fala que você deu, pelo jeito que você olhou, pelo gesto que você fez ou que você não fez. Muitas das vezes, as pessoas que não participam da política não sofrem isso. Qual será o impacto disso sobre o Gusttavo quando isso começar a acontecer, ou quando ele começar a virar alvo, também, de representações, de ações, de queixa-crime?

Italo Wolff – O senhor lidar diretamente com a oposição ao governo Lula. O que o senhor acha que está contribuindo mais para o aumento da desaprovação dele?

Primeiro, eles não têm projeto. Não adianta dizer que é um problema de comunicação. Eles não têm marca. É um governo que nem as gestões anteriores eles conseguem comunicar, mostrar para as pessoas coisas que fizeram no passado. Um governo sem marca, sem objetivo. Qual o objetivo do PT hoje? Houve até uma crítica com a qual eu concordo: até o próprio lema deles, ‘União e reconstrução’, é vazio. O que isso passa para a população? É como se eles fizessem política até no lema. Se eles estão falando de união, é porque achavam que o país estava “desunido”. Reconstrução é porque, segundo eles, o país foi “destruído”. Mas querem levar para o país para onde? Vão reconstruir como?

Olhemos a economia: dólar batendo recorde, bolsa caindo, investidores fugindo do país, a percepção de alta no preço dos alimentos lá em cima. Os juros vão chegar, provavelmente, a 15%. E agora não tem mais como jogar a culpa no Roberto Campos Neto, ex-presidente do Banco Central, porque agora o presidente é alguém indicado por eles. É um governo muito ruim, que tem um rombo gigante das estatais, déficit gigante, imenso.

E é um governo que não consegue conduzir uma política externa minimamente coerente, que projete o Brasil. E será muito difícil uma aproximação com os Estados Unidos, que é uma potência econômica, militar, política. Governo está insistindo numa via complexa, difícil e perigosa, que é a de questionar o padrão dólar no mundo. Isso traz a possibilidade de imposição de uma série de sanções, inclusive, para o BRICS.

Acredito que não há motivo para uma prisão do presidente Bolsonaro. Li todas as decisões do ministro Alexandre de Moraes, todas que foram publicadas, e acho muito frágeis os argumentos

Italo Wolff – A direita tem uma comunicação que pode ser considerada mais efetiva. Como ela aprendeu a se comunicar tão bem?

Isso vem do processo da valorização das redes sociais pelo próprio Bolsonaro. Ele também foi eleito por isso. Em 2018, ele valorizou pessoas que tinham esse perfil, de redes sociais. Em 2022, o presidente também empoderou as pessoas, as recebia, e elas se inspiraram nele, nos argumentos, na forma de conduzir a política.

Isso fez com que a direita passasse realmente a ter uma hegemonia. Um vídeo só, de um deputado federal, o Nikolas Ferreira, chegou a 350 milhões de visualizações. Acho que é o recorde de visualizações, é um negócio realmente impressionante.

Vereador Vitor Hugo, em entrevista ao Jornal Opção | Foto: Guilherme Alves/Jornal Opção

Ton Paulo – De volta ao campo regional, como está a relação do senhor hoje com o prefeito Sandro Mabel? O senhor mantém a postura de independência que disse, anteriormente, que teria na Câmara Municipal?

Está mantida, sim, a independência. Tudo aquilo que o Mabel propuser para a Câmara que for positivo para a cidade, vamos votar a favor. Agora, também vamos avaliar [e votar contra] o que é negativo para a cidade.

Vi alguns analistas falando sobre nossa intenção de criar a Comissão Especial de Inquérito [CEI] da Saúde, dizendo que talvez fosse positivo para o Mabel, porque estabeleceria o ‘marco zero’. A CEI vai investigar a saúde municipal de 2023 e 2024. Não teria sentido colocar 2025, porque faz apenas um mês que começou o novo governo. Alguns especialistas acham que é positivo, outros dizem que é perigoso porque não se sabe para onde uma CEI vai. Pode ter gente dentro do governo que é indiferente ou queira essa CEI. E pode ter gente que não queira. Mas como nós estamos independentes, vamos seguir em frente. Se conseguirmos a assinatura, vamos pedir a instauração dela.

Ton Paulo – E o que os demais parlamentares sinalizaram? Eles devem apoiar a criação da CEI?

Minha expectativa é que todos os vereadores queiram investigar. São muitos problemas: além de todos os problemas estruturais, físicos das unidades, obras inacabadas, filas intermináveis, retenção de emendas parlamentares, possibilidade de desvio de recurso público, maternidades em dificuldades, que ficaram paradas no final do ano passado, a decretação de intervenção estadual por determinação do Tribunal de Justiça de Goiás, por pedido do Ministério Público, ex-secretários investigados. Esse cenário como um todo merece ser investigado.

O que eu pedi para a minha equipe fazer na hora da construção do requerimento? Para pegar a manifestação do Ministério Público que ensejou na intervenção do Estado na Saúde, aquilo que a instituição indicava que era errado, e colocar exatamente como objeto da CEI. Queremos buscar soluções legislativas, buscar quem são os responsáveis para que eles sejam penalizados e traçar medidas para que esse caos não volte a ocorrer. Fazer um inventário também de todos os problemas reais e tentar mostrar para o prefeito, na nossa percepção do Legislativo, quais seriam as prioridades. Vamos elencar todas as obras paradas na saúde. Quanto custaria e o que, na nossa visão, é prioridade. Vamos ajudar o prefeito, traçando o marco zero, a tirar Goiânia dessa situação de calamidade que se encontra na área da Saúde.

Italo Wolff – O PL, partido do senhor, elegeu 25 prefeitos no primeiro turno na eleição de 2024. O senhor considera esse número uma vitória? Poderia ter sido maior?

Eu compreendo a dificuldade da eleição majoritária. É difícil, não é fácil. Os partidos que estão na base do governador contam, também, com o apoio do governador que é o mais bem avaliado do país e tem sua força, tem a força da máquina.

O número de prefeitos eleitos foi o resultado possível de se obter naquele momento. Você pode perguntar ‘Mas poderia ter sido melhor?’. Poderia, mas foi o resultado possível, e conquistamos uma prefeitura grande, que foi a Anápolis, com a eleição do Márcio Correa. Assim como Formosa, com a eleição da Simone Ribeiro, e depois outras prefeituras menores.

Ton Paulo – Nos últimos meses, tivemos uma série de polêmicas envolvendo o deputado federal Professor Alcides, que disputou a Prefeitura de Aparecida de Goiânia pelo PL. Ele é alvo de graves acusações, e agora está de saída do partido. Houve um pedido da legenda para que ele se retirasse?

Eu não sei os bastidores da situação, não acompanhei. Só ouvi os burburinhos, e na sequência houve a saída dele. Não sei como foi costurado internamente, com o partido.

Italo Wolff – Qual a visão do senhor sobre a Comurg, empresa alvo de uma sequência de controvérsias e crises? O que acha que deve feito feito, mudado na Comurg?

O prefeito Sandro Mabel colocou o coronel Cleber Aparecido Santos, da Polícia Militar de Goiás, na presidência da Comurg. Ele é uma pessoa muito séria, foi presidente da Fundação Tiradentes, é coronel da PM, e chegou muito bem à empresa, já demitiu quase 430 comissionados. Ele está empenhado em reduzir custos.

Acredito que tem tudo para a situação na Comurg entrar em estado de normalidade, sabendo que é uma situação muito difícil. Uma vez que a Comurg foi considerada pelo Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) como dependente do Município de Goiânia, as dívidas da empresa foram assumidas pela Prefeitura. Portanto, a ideia é tentar enxugar o máximo possível e fiscalizar as contas para não ter problema. Penso que a nomeação e a posse do coronel Cleber foi uma boa medida proposta por Mabel e torço para que dê certo.

Ton Paulo – Os trabalhos na Câmara retornam no próximo dia 4 de fevereiro. Como está a atuação do senhor frente ao Instituto Harpia, associação presidida pelo senhor com o objetivo de promover os ideais liberais e do conservadorismo, e como o senhor pretende conciliar isso com sua atuação na Câmara?

Faremos nos próximos dias, inclusive, a nossa Assembleia Geral Ordinária do instituto para aprovar o plano de ações de 2025 e julgar as contas de 2024. O Instituto Harpia está indo muito bem. No ano passado, realizamos grandes feitos. Conseguimos arrecadar 1,3 milhão para as vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul, mandamos em torno de 300 toneladas de material para lá, incluindo alimentos, combustível, remédios, testes de Covid. Foi uma atuação bacana.

Vereador Vitor Hugo, em entrevista ao Jornal Opção | Foto: Guilherme Alves/Jornal Opção

Também apresentamos minutas de Projetos de Lei, de PECs. E vamos seguir com os trabalhos. Como algumas pessoas foram reeleitas e outras foram eleitas, como eu, teremos melhores condições de fazer o instituto avançar ainda mais.

Mas ainda estou decidindo de que maneira vou continuar participando do Harpia, se na presidência ou em uma outra função. É algo que a gente está avaliando juntos.

Ton Paulo – Na última semana, o ex-presidente Jair Bolsonaro deu uma declaração afirmando que acorda todos os dias “com a sensação de que a Polícia Federal está em sua porta”. O senhor acredita que ele pode ser preso?

Acredito que não há motivo para uma prisão dele. Li todas as decisões do ministro Alexandre de Moraes, todas que foram publicadas, e acho muito frágeis os argumentos em torno do cometimento de qualquer suposto crime do presidente em qualquer uma das vertentes da investigação. Foi muito ruim o presidente não ter sido permitido ir à posse do presidente norte-americano Donald Trump. Sentimos que o presidente ficou triste, chateado com isso. E imagina, o Donald Trump teve, uma matéria que eu li, sofreu 88 processos. A pressão em cima dele é muito grande. Além de estar inelegível, ele é o maior líder da direita. Provavelmente, aquele que conseguiria vencer o Lula em uma eleição daqui a um ano e meio.

Eu não vejo motivo para que ele responda por nenhum crime, não vejo motivo para ele ser preso. Agora, é uma avaliação lúcida dele o fato de que isso pode acontecer, infelizmente. Eu acho que ele foi humano quando falou de uma coisa que, infelizmente, pode vir a acontecer. Eu compreendo a angústia dele. E ele falou num momento de emoção, quando estava impedido de ir para os Estados Unidos.

Italo Wolff – O senhor acredita que pode haver uma “virada de chave” no Brasil, tal qual nos Estados Unidos, em que Trump foi derrotado, alvo de processos, e depois eleito presidente novamente?

Penso que o mundo, geopoliticamente falando, está mudando. Há muito tempo que não temos um presidente dos Estados Unidos, a maior potência do planeta, que seja tão claramente pró-Estados Unidos. Ele chegou com uma disposição grande, é alguém que tem defendido muito a questão da liberdade de expressão, da defesa do devido processo legal. Trump também foi perseguido nos EUA, alvo de processos, foi condenado. O Brasil, quase que dois anos depois, vem espelhando o que aconteceu nos Estados Unidos. Trump foi eleito, Bolsonaro foi eleito. Trump perdeu a eleição, Bolsonaro perdeu a eleição. Teve o 6 de janeiro lá, tivemos o 8 de janeiro aqui. E agora Trump foi eleito novamente, e nós acreditamos que Bolsonaro será, também, novamente eleito presidente. Esse paralelo é muito difícil de não ser feito.

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