Golpe do Paraguai em Itaipu, com ajuda do PT, gerou prejuízo de 3 bilhões de dólares para o Brasil

Aveiro, Portugal — Trago uma história importante, que precisa ser revivida, parcialmente escondida que foi. Não é uma bela história, mas deve ser lembrada, para que não se repita e na esperança de que um dia responsabilidades sejam apuradas. É um drama em três capítulos: 1 — Diplomacia e técnica; 2 — Religião, política e sexo; 3 — Ideologia e espoliação.

1 — Diplomacia e técnica

Em 1973, Brasil e Paraguai firmaram acordo para a construção da Usina Hidrelétrica de Itaipu, no Rio Paraná, fronteira dos dois países. Seria a maior usina de fonte renovável do mundo, com 14.000 MW de potência instalada. O acordo foi elaborado com os devidos cuidados, visando preservar os interesses paraguaios sem perder de vista os brasileiros, mas sem dúvida, se atendia às necessidades crescentes do Brasil em energia elétrica, era para o país vizinho uma dádiva dos céus.

O Paraguai não dispunha de recursos para participar de uma obra desse porte, e até o capital inicial para constituir uma empresa binacional foi providenciado pelo Brasil. Não é exagero afirmar que o Brasil tudo fez em Itaipu: institucionalizou empresa brasileiro-paraguaia, capitalizou-a, providenciou estudos de viabilidade para a usina, contratou por intermédio de licitações internacionais projetos, construções, compra e montagem de equipamentos eletromecânicos, treinou e contratou o pessoal técnico de fiscalização, operação e controle, conseguiu e garantiu os pesados financiamentos, supervisionou construções e montagens do empreendimento e elaborou o tratado internacional que o rege.

A despeito de tudo fazer, o Brasil teve o cuidado de dividir com o Paraguai cada etapa e se fazer acompanhar de técnicos e autoridades paraguaias em cada passo dado, respeitando a soberania do vizinho. Mas também não é exagero dizer que o Brasil encabeçava todas as providências, pois tinha know-how, capital e credibilidade internacional, coisas de que o vizinho não dispunha, mas respeitava o fato de o rio fronteiriço ser metade paraguaio. Foram duas admiráveis obras de engenharia: uma, de engenharia diplomática, pois o Tratado de Itaipu, em pleno vigor, obedeceu a todos os requisitos dos dois países, foi reconhecido internacionalmente e produziu seus resultados, construindo a maior usina do mundo (só superada em potência instalada em 2003, pela chinesa Três Gargantas, mas nunca superada em volume de energia produzida); outra, de engenharia civil, mecânica e elétrica, que já produziu, desde que entrou em operação, no início da década de 1980, cerca de 2,9 bilhões de MWH. Itaipu abastecia o Paraguai em cerca de 90% de suas necessidades energéticas e o Brasil, em cerca de 10% da energia que consumia (hoje, corresponde a 6%). A energia produzida, pelo tratado, é dividida meio a meio, entre os dois países. O Brasil, desde o início, consome toda a sua parte. O Paraguai, de início, nem consumia 5%. Hoje, consome cerca de 20%. O tratado acertava que o Brasil compraria a energia que o Paraguai não consumisse, pelo custo calculado pela equipe técnica da usina, composta de membros dos dois países, e previa uma revisão aos 50 anos de sua assinatura, isto é, em 2023, quando seriam feitos ajustes por consenso, se necessários.

2 — Religião, política e sexo

O paraguaio Fernando Lugo, nascido em 1951, após estudos religiosos na capital paraguaia, Assunção, foi ordenado padre em 1977. Trabalhou no Equador até 1983, quando se transferiu para Roma, onde ficou até 1994, sendo nomeado bispo da diocese paraguaia de San Pedro por João Paulo II. Ali permaneceu por dez anos, quando foi afastado, sem maiores explicações, pela Santa Sé, embora permanecendo bispo.

Especulou-se, à época, que a severa medida de Roma se devia à militância política de Lugo, o que ele não desmentia. E nem havia como: Lugo se ligara à Teologia da Libertação, ala marxista da Igreja, criada na União Soviética por Kruschev, visando corromper um dos maiores adversários do comunismo, o catolicismo. A Teologia florescera na América Latina. Lugo mantinha ligações com outros ditos religiosos brasileiros, também adeptos da Teologia, como Frei Betto e Leonardo Boff, além de próceres petistas.

Militante político de esquerda, embora ainda usasse de sua condição de bispo, algo da maior importância no tradicionalmente católico Paraguai, deslanchava sua carreira nesse novo campo. Militando como bispo junto à elite católica e como revolucionário junto aos mais pobres, acabou por construir sua candidatura à Presidência do Paraguai, e se eleger em abril de 2008, na onda esquerdista latino-americana. Uma de suas bandeiras populistas era a da revisão da tarifa paga pelo Brasil na compra da energia de Itaipu. Conseguiu uma dispensa de Roma (ainda era bispo) para assumir o cargo, pois a constituição paraguaia não admitia que profissional religioso fosse presidente. Aí começaram as complicações.

Como todo esquerdista, Fernando Lugo era administrador incompetente, e as insatisfações começavam a surgir no povo paraguaio. Em seguida viria o escândalo: a batina episcopal de Fernando Lugo escondia um molestador sexual compulsivo. As mocinhas que trabalhavam em suas igrejas eram objeto de assédio sexual, engravidavam e eram abandonadas, por demais intimidadas pelo enorme poder do bispado e da igreja católica no Paraguai para denunciar Fernando Lugo.

Mas uma delas, Viviana Carrillo, após a eleição de Lugo, resolveu falar, premida pelas dificuldades de criar sozinha o filho do bispo. Lugo a princípio negou solenemente a paternidade, mas, instado a fazer um teste de DNA, confessou. Não tardou muito para que outras três moças apresentassem os filhos de Lugo, uma delas molestada quando ainda menor de idade. O bispo-presidente, além de molestador e irresponsável, também era pedófilo. Em agosto de 2010, em meio a acentuada queda de popularidade, surgiu um câncer em Lugo, que ele tratou com sucesso em São Paulo, graças à ajuda de seus amigos Lula da Silva e Dilma Rousseff. Mas a popularidade em queda era a ameaça de um impedimento.

3 — Ideologia e espoliação

Quando o ano de 2010 caminhava para o final, a situação política de Lugo se complicava à frente do governo paraguaio. Moralmente devastado pelos escândalos sexuais, também não cumprira as promessas de campanha. Mas surgiu então uma brilhante possibilidade: Se os amigos ideológicos Lula da Silva e Dilma Rousseff (então eleita presidente) dessem uma ajuda com as tarifas de Itaipu, tudo poderia mudar. E, pelo que se viu a seguir, não só deram a ajuda, mas arquitetaram uma enorme operação interna no Brasil que acabou atendendo Lugo e os anseios de uma América Latina unida em torno do marxismo, o que fazia vibrar as cordas do coração de Dilma.

No início de 2011, a pedido de Lugo, a cúpula petista resolveu triplicar a tarifa que o Brasil pagava ao Paraguai. Isso, pensava-se, fortaleceria Lugo e o manteria no poder, pois fora sua principal bandeira eleitoral. Mas as primeiras sondagens internas no Brasil mostraram obstáculos: os técnicos apontavam a incongruência do injustificado aumento: havia um tratado internacional que fixava as tarifas, aprovado pelo Congresso e que não poderia ser descumprido; uma revisão, só mesmo a prevista no tratado, para 2023.

Além disso, a medida acarretaria um aumento nas tarifas internas de energia elétrica, prejudicando os consumidores brasileiros. Mas nada deteve o PT, onde existiam facilidades: o presidente da Câmara dos Deputados era Marco Maia, obediente petista, e que anos depois cairia nas malhas da Operação Lava-Jato. O presidente do Senado era José Sarney, que nunca contrariava um governo de plantão. E a esquerda havia domesticado (ou comprado) a maioria do Congresso, que sem dúvida aprovaria o arranjo.

Tudo correu às mil maravilhas, ao menos para o marxismo latino-americano. Em abril de 2011, a Câmara dos Deputados aprovou o aumento, num processo relatado por um folclórico, mas também obediente deputado petista, Florisvaldo Fier, apelidado Dr. Rosinha (pois vestia sempre, para chamar a atenção, ternos cor-de-rosa). Um mês depois, o Senado também o aprovou, ali defendido pela senadora Gleisi Hofmann, outra petista notória, e não por ações edificantes.

Numa Câmara dominada pelo PT e seus partidos satélites, como PSOL e PC do B, houve pouca discussão. No Senado, alguns senadores protestaram com veemência, mas eram também minoritários. Entre eles, os goianos Demóstenes Torres e Cyro Miranda, deixando bem claro que o Congresso estava prejudicando o povo brasileiro em benefício do Paraguai, via de um acordo entre o marxismo de Fernando Lugo e o de Dilma Rousseff. Em vão.

Com a aprovação, Dilma viajou ao Paraguai, numa tentativa de salvar o periclitante Fernando Lugo, em junho desse mesmo 2011, com o retumbante presente: o Paraguai, em vez de receber do Brasil 120 milhões de dólares por ano, receberia 360 milhões, pela energia comprada de Itaipu. Lugo ganhou folego, mas por pouco tempo.

Em 2012, a situação voltou a piorar, e Lugo acabou retirado da presidência pelo Congresso Paraguaio. Os petistas, com o menoscabo de sempre, e acusados de prejudicar os consumidores brasileiros, saíram-se com um sofisma: a conta não iria para a tarifa de energia, iria para o Tesouro. Os brasileiros que ficassem calmos: estariam apenas caindo nas brasas, não estariam fisgados no espeto. Foram 240 milhões de dólares anuais tomados dos brasileiros e entregues ao bispo garanhão paraguaio, na tentativa de mantê-lo na Presidência.

De 2011 até hoje, o prejuízo está em mais de 3 bilhões de dólares, tomados de todos nós: do verdureiro, do enfermeiro, do comerciante, do agricultor, do operário, do médico, do dentista, do engenheiro, do garçom, do balconista, do policial, de todos, enfim, que pagam impostos. Fez-se um enorme esforço, envolvendo até o Congresso, para nos deixar essa conta desnecessária e injusta. A “grande imprensa”, que hoje se escandaliza até com o consumo de alimentos de nossas forças armadas, nem por um momento se escandalizou à época. E no ano passado, o Paraguai ignorou a revisão já feita em 2011 e cobrou a revisão prevista no tratado internacional para 2023. Resultado: Nova revisão, novo aumento. Não admira o furor arrecadatório do governo. Lembre-se disso, leitor. Divulgue. Para que mais não se repita.

O post Golpe do Paraguai em Itaipu, com ajuda do PT, gerou prejuízo de 3 bilhões de dólares para o Brasil apareceu primeiro em Jornal Opção.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.