Ansiosos para usar celular, alunos saem com aparelho na mão após 1º dia de aula

celular na escola

ISABELA PALHARES
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

Antes mesmo de passarem pelo portão e chegarem à rua, centenas de estudantes já estavam com os celulares nas mãos no início da tarde desta segunda-feira (3). Muitos desciam as escadas sem tirar os olhos do aparelho e outros já estavam com fones nos ouvidos escutando música.

Nesta segunda-feira (3), as aulas na rede estadual de São Paulo voltaram com a proibição do uso de celular durante todo o período escolar -das aulas ao intervalo. Na escola estadual Brigadeiro Gavião Peixoto, em Perus, na zona norte da capital, os alunos contaram que, na prática, a regra não foi aplicada de forma tão severa.

Pela lei estadual paulista, os alunos não podem ter acesso ao aparelho enquanto estiverem na escola. Ou seja, o celular não pode ser guardado na mochila. Mas, na Brigadeiro Gavião Peixoto, a orientação, pelo menos para esta primeira semana de aulas, é que os aparelhos fiquem guardados com os estudantes.

“Os professores conversaram com a gente e disseram que essa primeira semana será de orientação e conscientização. Nós somos os responsáveis por cuidar do aparelho e não usar, por isso, eles disseram que podemos guardar na mochila”, conta Ana Giulia, 15, aluna do 1º ano do ensino médio.

Ela era uma das que já saíram da escola com o celular em mãos. “É muito difícil ficar tanto tempo sem mexer no celular. Eu estava entediada na sala e mesmo assim não olhei”, conta.

Lívia, 14, também disse que deixou o celular dentro da mochila durante toda a manhã, só aproveitou o intervalo e alguns minutinhos da aula para dar uma espiadinha no aparelho. “Eu evitei mexer, mas dei uma olhadinha rápida para conferir a hora, ver se minha mãe tinha mandado mensagem”, conta a estudante do 1º ano do ensino médio.

Ainda que as leis, tanto a estadual quando a federa -em vigor , estabeleçam que a proibição vale para todos os momentos e espaços da escola, inclusive durante o intervalo e troca de aulas, os alunos contam que têm necessidade de usar o aparelho fora da sala.

“Muita gente usa o celular para pagar a cantina com Pix. Como vamos fazer nesses casos? Na hora do intervalo, quase todo mundo pegou o celular pra dar uma conferidinha nas mensagens, abrir as redes sociais”, contou Raquel 16, aluna do 2º ano do ensino médio.

Enquanto os alunos resistem à proibição, a maioria dos pais aprovam o veto e acham que a lei pode ajudar a controlar o uso do celular até mesmo em casa.

“Espero que agora os alunos voltem a ser alunos, deixem o celular de lado e passem a prestar atenção na escola. Sendo lei, eu acho que eles vão ser mais responsáveis e vão obedecer, porque agora entendem que não é o pedido de um professor ou dos pais, mas que precisam cumprir a lei”, disse Edileuza dos Santos, 56, mãe de um aluno do 2º ano do ensino médio.

A professora Monique Panella, 34, também aprova a medida e orientou seu filho a continuar levando o aparelho, mas pediu para que ele seja desligado assim que chegar à escola.

“Ele vem sozinho a pé para a escola, é uma caminhada de 10 a 15 minutos e eu fico preocupada. Por isso, ele vem com o celular para me avisar que chegou bem. Assim, eu posso ter certeza de que ele está seguro”, contou.

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