Médico do A.C. Camargo é acusado de estuprar paciente dentro do hospital

a.c. camargo

MARCOS CANDIDO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

Um médico do hospital A.C. Camargo é acusado de estuprar uma paciente em unidade do hospital na Liberdade, no centro da capital. De acordo com denúncia apresentada pelo Ministério Público de São Paulo e acatada pela Justiça em 2024, o médico Wilson Bachega Junior praticou estupro mediante fraude contra a paciente em março de 2021.

Na denúncia, os promotores afirmam que o abuso ocorreu quando o médico ficou sozinho com a paciente para um exame pré-operatório para tratar uma hérnia. Segundo o documento, Bachega Junior teria introduzido e feito movimentos repetitivos com os dedos no interior da vagina e manuseado o clitóris da paciente.

A defesa do médico afirma que ele é inocente e que o caso está sob segredo de Justiça. Em nota, diz que o episódio aconteceu há quase quatro anos e pode causar prejuízos à imagem do médico e do hospital.

O A.C. Camargo afirma que Wilson Bachega Junior não faz mais parte de seu corpo clínico e diz que não compactua com “nenhuma forma de assédio ou constrangimento”. “Nossos pacientes são nosso maior bem e o cuidado integral com eles é nossa prioridade. O A.C. Camargo não comenta processos em andamento e tem como premissa resguardar a identidade de seus pacientes”, acrescenta, em nota.

Ainda de acordo com a denúncia, o médico fechou as cortinas e pediu para a paciente retirar as roupas e se deitar para o exame. Ela teria questionado o médico sobre o procedimento, mas acabou convencida a realizá-lo.

Após a consulta, a vítima se queixou com a diretoria do hospital, pediu a substituição do médico para a futura cirurgia, registrou um boletim de ocorrência e relatou o caso ao Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo), que passou a investigar o caso.

Para o Ministério Público, a investigação do conselho mostrou “indícios no sentido de que o dr. Wilson teria procedido ao toque e manipulação vaginal apenas com o intuito de satisfazer sua própria lascívia”, conforme denunciaram os promotores à Justiça. Novas audiências sobre o caso devem ocorrer em março.

O Cremesp afirma que o médico não era ginecologista, mas fez exames ginecológicos e pediu para que a paciente se despisse sem motivos consistentes. Bachega Junior atende como clínico geral e não tem especialidade médica registrada junto ao CFM (Conselho Federal de Medicina).

Em artigos e palestras, nas redes sociais e nas páginas do A.C. Camargo, contudo, o médico era retratado como urologista voltado ao tratamento oncológico. Ele era funcionário do hospital desde o fim da década de 1980, de acordo com depoimento à Polícia Civil.

O Cremesp também criticou o fato de que Bachega Junior não tenha detalhado os procedimentos e as queixas da paciente no prontuário médico.

Fundado há 70 anos, o A.C. Camargo é especializado no tratamento de câncer. A instituição estima atender, por ano, mais de 100 mil paciente com suspeitas ou diagnósticos confirmados da doença.

Além da denúncia por estupro mediamente fraude -quando o suspeito engana ou usa de alguma vantagem para praticar o abuso-, cuja pena é de até seis anos, a Promotoria pediu uma indenização para a vítima, que teve “significativo trauma psíquico”.

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