O que é pôlder, estrutura que poderia minimizar cheias no Jardim Pantanal

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SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS)

O prefeito Ricardo Nunes (MDB) atrasou em quase um ano e meio a obra de drenagem na zona leste de São Paulo, incluindo o bairro Jardim Pantanal, que está ilhado desde o último sábado (1º).

Estava prevista a construção de um pôlder da Vila Seabra, no início de 2023, segundo reportagem da Folha de S.Paulo. Proposta era uma das principais ações no combate às enchentes na área da cidade que sofre com alagamentos, mas a obra nunca aconteceu.

O QUE É UM PÔLDER?

São terrenos localizados em regiões baixas e planas que evitam inundações. Essas áreas podem ser “alagáveis” para evitar a invasão das águas em locais urbanizados ou usados para agricultura. Os pôlderes são acompanhados por uma estrutura robusta, com diques e um sistema complexo de drenagem e bombeamento da água.

Na Holanda, por exemplo, a água que fica alojada dentro da estrutura, é drenada e devolvida ao mar.

Segundo o arquiteto e urbanista Anderson Kazuo Nakano, professor do Instituto das Cidades da Unifesp, os pôlderes são áreas que estavam tomadas pela água e foram recuperadas – no caso da Holanda, pelas águas do oceano.

Aqui no Brasil, no entanto, os ditos pôlderes são diferentes. “O que vemos aqui no Brasil seria mais uma adaptação do pôlder, pois é um dique ou um muro que circunda a área urbanizada, com alturas variáveis, que tentam impedir a invasão da água que transborda do Rio Tietê”, explica o especialista.

Para o especialista, o pôlder na região do Jardim Pantanal seria uma solução viável. “Mas precisa ser articulado com um bom sistema de microdrenagem, natural e artificial, dentro dos bairros. Um dique sozinho não vai resolver”, diz Nakano.

O QUE ACONTECE NA REGIÃO

Jardim Pantanal está em área de inundação do rio Tietê. Isso significa que, quando o rio recebe grandes volumes de água, seja da chuva ou a que vem dos afluentes, é naquela região que o nível se eleva. “São as áreas mais baixas da cidade”, explica o urbanista.

Rio Tietê é um dos principais da cidade. Ele e os rios Pinheiros e Tamanduateí recebem praticamente toda a água que escorre pela cidade de São Paulo -tanto dos rios quanto as do sistema de drenagem artificial, nas tubulações que correm no subsolo.

Escoamento depende da gravidade. Como o bairro já fica em uma região mais baixa, esse processo fica mais difícil. “Não tem muito como escoar, tem que ser feito por meios artificiais. O sistema de drenagem no Jardim Pantanal tem que ser muito bem pensado”, avalia Nakano. “Por isso que esses alagamentos permanecem.”

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