Zé Torresmo completa 1 ano como um dos botecos mais autênticos da cidade

pipoquinha de fígado de frango

Quando o Zé Torresmo abriu suas portas no início de 2024, logo se firmou como um dos principais expoentes de um conceito de boteco que, até então, só o Bitaca da Norte se atrevia a abraçar: o autêntico boteco de beira de estrada. Um lugar simples, sem firulas, em que o sabor da comida falava mais alto do que a aparência do ambiente.

Após a abertura do Zé, outros locais se aventuraram na mesma proposta, algumas marcas mudaram suas estratégias e, claro, a tal “gourmetização” do estilo boteco tomou conta, gerando até mesmo espaços que eu chamo carinhosamente de “ambientes para a classe média se sentir humilde”. No entanto, o Zé Torresmo se mantém fiel à sua proposta inicial e, para comemorar seu primeiro aniversário, trouxe ao cardápio petiscos inspirados nas culinárias típicas de Goiás e Minas Gerais. A começar pelo jiló empanado, recheado com fígado de frango e queijo trança. Não sou fã do jiló, mas a combinação de sabores e a maneira como o prato foi preparado me surpreenderam positivamente. A cremosidade, a fritura bem feita e o empanado crocante estão lá, equilibrando o sabor único do jiló e do fígado, criando uma harmonia deliciosa.

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Espetinho de língua e entranha. — Foto: Divulgação/Marco Oliveira

Seguindo a mesma linha, a pipoquinha de fígado de frango é excelente como tira-gosto, perfeita para acompanhar um chopp e abrir os trabalhos para quem deseja explorar o cardápio da casa.

Porém, tive uma experiência que, pessoalmente, não me agradou: a porção de pasteizinhos de frango, pequi e queijo. O pequi, como todos sabem, é uma daquelas frutas que ou se ama ou se odeia, e eu estou no time que não curte. Apesar de o chef André Batista garantir que o sabor da fruta não predomina tanto, não consegui me adaptar. Para quem é fã, no entanto, certamente será uma excelente pedida, assim como a fritura do pastel, que estava impecável.

Uma recomendação para quem nunca provou é o espetinho com língua e entranha, combinado com pimentões assados na brasa e uma salada de acelga. Além de ser muito bem apresentado, o prato tem um sabor marcante e delicioso.

de pasteizinhos de frango, pequi e queijo
Pasteizinhos de frango, pequi e queijo. — Foto: Divulgação/Marco Oliveira

Alguns petiscos, que já se consagraram no menu, continuam brilhando como os carros-chefes da casa. Entre os meus preferidos estão o croquete de joelho de porco defumado (impossível resistir apenas à descrição) e o disco de carne, suculento e com uma leve picância que o torna irresistível.

Para acompanhar, pedi o chopp Brahma, sempre clássico, mas o que realmente me surpreendeu foi o shot de gin de jambu, espuma de cajá e bananinha. Uma combinação tão boa que você facilmente perde a conta de quantos tomou. Um verdadeiro perigo! Também me aventurei com o Torresmo Old Fashioned, a versão autoral do Zé para o clássico drink, que leva bourbon infundido com torresmo, maple syrup de mel, São João da Barra, Angostura Bitter e, claro, um pedaço de torresmo. Para meu gosto, ele ficou um pouco doce demais, mas acredito que vai agradar quem busca drinques mais encorpados, porém sem o amargor seco característico.

Neste retorno ao Zé Torresmo, ficou claro que ainda existe um boteco de verdade, com a proposta de resgatar a culinária regional, revisitada de maneira autêntica, sem perder a essência.

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