Qualidade do ar: como a poluição atmosférica afeta a saúde dos animais de estimação 

Nos últimos dias a fumaça das queimadas da Amazônia e do Pantanal tem impactado na qualidade do ar de muitas regiões do Brasil. O calor intenso e baixa umidade dificulta a dispersão da poluição na atmosfera.

Mas será que os pets, assim como os humanos, também podem sofrer com as mudanças na qualidade do ar?

A imagem mostra um cachorro de cor preta vestindo uma máscara protetora branca devido a qualidade do ar ruim

Os gases trazidos pelas queimadas em grandes quantidades podem ser irritantes ou asfixiantes para o animal. – Foto: Internet/Reprodução ND

A fumaça das queimadas

De acordo com dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), a fumaça já cobre 60% do território nacional, uma área de aproximadamente 5 milhões de quilômetros quadrados.

Os estados onde a maioria dos incêndios acontecem são os mesmos do ano passado (2023): Mato Grosso, Pará e Amazonas. A fumaça das queimadas chega aos outros estado pela corrente de vento.

Fumaça das queimadas passa pro regiões de SC – Foto: NDTV/Reprodução ND

“Devido às correntes de vento de Norte para Sul com ar quente pelo interior da América do Sul, um corredor de fumaça que acompanha uma corrente de jato em baixos níveis, um corredor de vento a cerca de 1.500 metros de altitude, que se origina no Sul da Amazônia e desce até o território gaúcho, trará ainda mais fumaça para o Sul do Brasil”, publicou o instituto meteorológico MetSul.

A composição química das fumaças pode variar dependendo do material que foi queimado. Uma vez inalada, em humanos pode provocar inflamação nas vias aéreas. Esse processo inflamatório depende dos constituintes da fumaça que pode variar conforme as condições em que a pessoa foi exposta (tipo do material queimado, temperatura e ventilação).

Como a qualidade do ar afeta a saúde dos animais de estimação

Os gases, em grandes quantidades, podem ser irritantes ou asfixiantes para o animal, provocando uma lesão na mucosa respiratória por reações de oxidação e desnaturação, causando complicações respiratórias como:

  • Broncoespasmo;
  • Traqueobronquite química;
  • Em alguns casos edema pulmonar, excesso de líquido nos pulmões.

Seu local de ação depende da sua solubilidade em água: gases mais solúveis podem provocar mais lesões nas vias aéreas superiores dos pets, enquanto os menos solúveis podem lesionar as vias aéreas inferiores.

Os gases asfixiantes retiram o oxigênio do ambiente, tanto diminuindo a porção de oxigênio do ar inspirado como o impedindo a captação e distribuição do oxigênio pelo sistema cardiovascular do pet.

É importante saber que a fumaça pode ser traiçoeira e as lesões podem se manifestar após horas ou dias da inalação. Por isso, o animal deve ser monitorado para garantir que não houveram problemas respiratórios.

Sinais de irritação causados pela fumaça

Segundo veterinário Mário Marcondes, cardiologista do Hospital Veterinário Sena Madureira, os sinais mais comuns de possíveis problemas respiratórios causados pela fumaça são:

  • Olhos vermelhos e lacrimejantes;
  • Mucosa ressecada;
  • Coriza e tosse, tanto em gatos como em cachorros.
  • Pets que já apresentam algum tipo de doença respiratória crônica, como bronquite ou asma, os sintomas podem se apresentar de maneira mais preocupante, como falta de ar.

Passeios ao ar livre não são recomendados

Quando houver muito calor e poluição, a recomendação é não sair de casa com os animais se não houver necessidade. Caso necessário, é preciso ir em horários em que a insolação é menor e evitar andar longas distâncias.

Mesmo que o dia esteja ensolarado e convidativo para uma caminhada, em dias muito quentes, entre as 11h e 16h, a qualidade do ar em parques é ainda pior do que nas regiões onde há grandes avenidas e um número grande de veículos poluindo o ar.

Isso acontece pela alta concentração de ozônio que afeta o sistema respiratório e cardiovascular. Isso por que perto do solo é um gás poluente, capaz de causar ou agravar irritações nos olhos e nas vias respiratórias.

De acordo com o gerente da divisão de tecnologia de avaliação da qualidade do ar da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo, “em locais próximos das vias de tráfego, a concentração de ozônio é mais baixa porque ele é consumido por outros gases poluentes, a maioria emitida pelos veículos”, relata Jesuíno Romano.

Por isso mesmo que, apesar de parecerem alternativas melhores para uma caminhada com o pet, praças e parques que ficam protegidos da poluição das grandes avenidas, têm melhores condições para formação e concentração de ozônio.

Cuidados com o animal de estimação em casa

Alguns cuidados para se ter com o pet dentro de casa em dias em que a qualidade do ar não está favorável incluem um ambiente umidificado com toalhas molhadas, recipientes com água ou aparelhos próprios.

Caso o pet apresente alguma dificuldade ao respirar, é importante levar o animal ao veterinário, mesmo que ele esteja aparentemente saudável.

Segundo o cardiologista veterinário Mario Marcondes, do Hospital Veterinário Sena Madureira, “é fundamental que se faça um diagnóstico adequado, já que o animal pode ter alguma doença de base por trás do sintoma”.

Também não é recomendado fazer caminhadas longas com o pet. É preciso sempre ter água, em um bebedouro portátil ou uma toalha úmida para passar no animal quando for sair com ele.

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