Trigo conquista espaço no Oeste baiano

O cerrado baiano, no extremo oeste do estado, é a região onde a cultura do trigo começa a ganhar espaço. Com a assinatura do Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC) no ano passado, a expectativa é de crescimento dessa produção, que não apenas contribui para a melhoria do solo para culturas subsequentes, mas também se destaca pela facilidade de manejo durante o inverno.O ZARC foi implementado em 1996 para definir municípios e períodos de plantio com base no risco agroclimático. Na Bahia, as chuvas se concentram entre outubro e março, seguidas por uma estação seca bem definida, de abril a setembro. Essa variação exige um planejamento cuidadoso para alinhar o ciclo do trigo à disponibilidade hídrica. O ZARC Trigo desempenha um papel fundamental nesse planejamento, embora ainda em fase de implementação.“A Bahia é a única produtora de trigo na região Nordeste, cultivando entre 8 mil e 10 mil hectares anualmente, o que é considerado baixo em relação ao potencial agrícola do estado”, explica o pesquisador da Embrapa Trigo Gilberto Cunha, a respeito da importância da cultura no estado que ocupa uma área de 10 mil hectares.O produtor e diretor executivo da Associação dos Sementeiros da região do Matopiba, Ivanir Maia explica que o trigo é uma opção valiosa para produtores que promovem rotação de cultura, é visto como uma alternativa viável na entressafra de outras culturas, como a soja e o algodão comuns no extremo oeste da Bahia. “Ele ajuda a suprimir patógenos (micro-organismos, como vírus, bactérias e fungos) do solo, e nematóides (vermes), e melhora a estrutura do solo ao deixar resíduos vegetais que contribuem para a fertilidade da cultura seguinte” explica o diretor que considera que trigo é a melhor cultura para o inverno no cerrado.Apesar de algumas vantagens, também há alguns desafios no cultivo, principalmente na Bahia. “O trigo na Bahia, pode ser cultivado apenas em áreas irrigadas, algo que limita as áreas de possível produção desta cultura, que apesar de possuir em torno de 150 mil hectares em que é possível cultivar, hoje em torno de 15 mil estão sendo usados”, revela Ivanir. Os municípios baianos que produzem trigo incluem Luís Eduardo Magalhães, Formosa do Rio Preto, São Desidério, Barreiras, Correntina, Riachão das Neves e Jaborandi Essa área, reconhecida pelo seu alto desempenho agrícola, também se destaca pela produção de soja, algodão e milho, culturas que se beneficiam da diversificação promovida pelo trigo.De acordo com dados da Fundação Bahia, na safra 2024, houve um crescimento da área de cultivo do trigo na Bahia de 50%, em relação ao ano anterior. Com a adoção de novas tecnologias, o uso eficiente da irrigação e o incentivo a práticas sustentáveis, o trigo pode se tornar uma alternativa cada vez mais viável para os produtores baianos, ampliando a diversificação agrícola e fortalecendo a economia do agronegócio no estado.Com potencial de expansão da área plantada para pelo menos 20 mil hectares nos próximos anos com o uso de tecnologias de manejo e de variedades atuais, a citricultura no oeste da Bahia pode contribuir na busca pela autossuficiência do Brasil no cereal. Das cerca de 12,5 milhões de toneladas consumidas internamente, apenas 6,81 milhões de toneladas deverão ser produzidas no país, segundo estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).O produtor Emerson Julio Capelasso, está com grandes expectativas para esse ano, principalmente com as evoluções tecnológicas. “Agora com a chegada do moinho na região também vai nos trazer uma possibilidade uma outra cultura no sistema irrigado, e a Embrapa agora traz uma possibilidade principalmente para o sequeiro, com a chegada de um trigo que possibilita você plantar no mesmo ambiente que você coloca fogo. Vamos trabalhar para ver essa adaptabilidade e o custo-benefício, que ele vai trazer”, relata.* Sob a supervisão da editora Cassandra Barteló
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