O mercado de trabalho em um futuro de mudanças

O mercado de trabalho é um espaço de convivência multigeracional. Nos últimos anos, temos assistido ao aumento da presença de um novo grupo: os representantes da Geração Z. Formada por jovens nascidos entre 1997 e 2012, a Geração Z traz o diferencial de ser extremamente conectada, prática, autêntica, imediatista, dentre outros aspectos comportamentais.Uma pesquisa realizada pelo Instituto Inspirare, em 2016, denominada Nossa Escola em (Re)Construção, que tinha como público-alvo estudantes da Geração Z, revela que, na visão destes jovens, a escola dos sonhos deveria ser um espaço inovador, que respeita a individualidade, em que o aprendizado deveria ocorrer sob a mediação da tecnologia e por meio da realização de projetos que envolvam a resolução de problemas com atividades práticas.Quase dez anos depois, essas demandas estão ainda mais presentes na vida acadêmica e profissional. As tecnologias digitais, soberanas e imprescindíveis no nosso cotidiano, geram mudanças contínuas nos hábitos das pessoas em diversos segmentos. Portanto, o mercado de trabalho não está estanque aos efeitos destas mudanças.Na Indústria 4.0, isto se traduz por uma crescente presença de tecnologias como inteligência artificial, big data e robotização, aplicadas no dia a dia do processo produtivo. A automatização e o uso da inteligência artificial trouxeram importantes mudanças para a formação profissional. Dessa forma, foi necessário entendê-las e encontrar caminhos na sua aplicação.No Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), maior instituição de formação profissional do Brasil, as respostas a essas mudanças se deram com a concepção da Situação de Aprendizagem, combinadas com o uso de tecnologias digitais. Trata-se de uma alternativa educacional que adota metodologias ativas com a finalidade de atender aos requisitos do novo perfil profissional para a Indústria 4.0.O foco está em assegurar a empregabilidade dos futuros profissionais ao oferecer uma formação mais conectada às demandas da indústria atual e futura. Mas de que profissional estamos falando? Se a Geração Z pede por mais conectividade e uma experiência de trabalho que atenda ao seu desejo por atividades mais criativas e voltadas à solução de problemas, o que fazer para as demais gerações que ainda estão presentes neste mesmo espaço de interação?A resposta é que o mundo do trabalho, atualmente e cada vez mais no futuro, exige dos profissionais uma capacidade de formação e atualização constantes. O cenário de mudanças e de incertezas, com a substituição, inclusive, do trabalho humano por robôs, requer um profissional preparado para lidar com adversidades. E isso independe de questões geracionais. Se, por um lado, a Geração Z se sente confortável nesse contexto, as demais precisam fazer a sua parte neste processo de adaptação. Pelo menos, é o que apontam documentos como o relatório Manpowegroup, de 2021, e o The Future of Work, de 2018. O perfil profissional que surge em meio a este ambiente volátil está longe de ser aquele com equipes formadas por especialistas habilitados para realizar tarefas específicas. O mundo do trabalho requer pessoas capazes de desenvolver competências e habilidades socioemocionais: inteligência emocional, autoaprendizado e comunicação; mas também habilidades cognitivas, como criatividade e capacidade de resolver problemas de forma inovadora.Em paralelo ao desenvolvimento das competências socioemocionais, o mundo do trabalho também será convidado a propor uma formação educacional sólida nas áreas técnica e tecnológica. Às escolas, sejam elas do ensino médio ou de formação técnica, caberá se preparar para desenvolver seus alunos, os futuros profissionais, de forma integral.O futuro requer um processo de formação em que todos devem atuar de forma criativa, integrada e em contínuo aprendizado. É imperativo suprir a necessidade de avanço constante trazida pela tecnologia e adaptar as bases para assegurar a empregabilidade dos futuros talentos, preparando-os para uma realidade em que a mudança contínua é a única certeza.* Gerente do ITED — Unidade de Inovação e Tecnologias Educacionais do SENAI-BA
Adicionar aos favoritos o Link permanente.