Chefe do Ibama lamenta ato de Trump que suspende capacitação de agentes, mas frisa que medida não afeta verba contra incêndios


Para Rodrigo Agostinho, cooperação entre os países era ‘importante’ porque Brasil e EUA têm sofrido com queimadas. Segundo ele, o dinheiro para as ações do órgão é 100% federal. Rodrigo Agostinho, presidente do Ibama
Reprodução/TV Globo
O presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), Rodrigo Agostinho, afirmou nesta terça-feira (11) que lamenta a decisão do governo de Donald Trump de suspender a parceria com o Brasil para o treinamento de agentes, mas ressaltou que a medida não afetará a verba para combate a incêndios florestais.
Em janeiro, o recém-empossado presidente dos Estados Unidos determinou que fossem suspensos, por 90 dias, todos os projetos que destinavam recursos para países estrangeiros.
Entre os projetos atingidos pelo decreto está o Programa de Manejo Florestal e Prevenção de Incêndios no Brasil, feito em parceria com a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID, na sigla em inglês) e executado pelo Serviço Florestal dos Estados Unidos (USFS) desde 2021, em parceria com o Ibama.
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“A gente sente muito pelo fim do programa, a gente teve vários outros programas com a USAID, é muito importante para o Brasil. Mas aqui no Ibama, de fato, a interrupção das cooperações é ruim porque os dois países estão sofrendo muito com incêndios florestais”, declarou à GloboNews.
“A gente vai precisar de apoio de muitos países. O mundo, como um todo, vai precisar priorizar esse tipo de agenda. Com a USAID, era uma agenda de capacitação, rendeu bons frutos até aqui. Sem minimizar isso, não compromete o trabalho feito pelo Ibama”, acrescentou o presidente do Ibama.
Segundo Agostinho, a parceria entre Brasil e EUA na área envolvia capacitação de agentes florestais no combate a incêndios e intercâmbio de aprendizado, mas não estabelecia o financiamento direto de ações para combater incêndios.
“O Ibama tem muitos projetos como este. Esse com a USAID, especificamente, não implica em recurso, portanto, a decisão não afeta [financeiramente]”, pontuou.
“O trabalho do Ibama é feito 100% com recursos do orçamento federal. O que eles [EUA] ajudavam era com cursos e ações de intercâmbio. Os nossos brigadistas eram treinados lá fora, então, era uma questão de cooperação, cursos de capacitação”, acrescentou o chefe do Ibama.
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Agência Pará/CBM
Conforme explicou o presidente do Ibama, o Brasil mantém esse tipo de acordo com outros países, entre os quais os que integram a Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA).
“A gente já faz cooperação com outros países. Esses setores têm agenda intensa de cooperação internacional, trabalha de maneira integrada com países da OTCA porque a fronteira política não existe na hora de proteger a Amazônia”, declarou.
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