Circuito multissensorial em unidades básicas de saúde previne quedas em idosos

estima se que 40 das pessoas com 80 anos ou mais sofrem quedas anualmente. foto ualisson noronha agencia saude df 1920x1280

Mais de 50 unidades básicas de saúde (UBSs) estão aptas a oferecer os Circuitos Multissensoriais, programa da Secretaria de Saúde (SES-DF) que disponibiliza atividades para reforçar o equilíbrio e evitar quedas da população idosa. Um dos grupos, que funciona na UBS 2 da Asa Norte, oferece, semanalmente, um trajeto composto por diversas estações com atividades físicas específicas, como desvio de obstáculos, exercícios de coordenação motora e práticas de fortalecimento muscular.

De acordo com a fisioterapeuta Daniele Hossaka, coordenadora do programa na UBS 2, o circuito conta com equipamentos variados, como pesos livres, cordas, estepes, argolas e camas elásticas. “Esses exercícios evitam a queda. Temos vários pacientes que relatam a volta do equilíbrio e da segurança ao fazer as atividades”, explica.

A profissional relata que a participação também ajuda na melhoria do convívio social e saúde mental e destaca que é preciso mais atenção nessa fase da vida. “Com o envelhecimento, o corpo humano sofre algumas modificações fisiológicas, como a perda de músculos, de massa magra, massa óssea e visão. Por isso, o exercício físico é essencial para ter a manutenção do volume muscular e evitar sarcopenia – perda de massa e força muscular”, afirma.

Suely Rosa, 68, moradora da Asa Norte, conta que o programa de equilíbrio da UBS tem sido fundamental para manter-se saudável. “Sou aluna do grupo há mais de dois anos e posso dizer que me sinto muito mais equilibrada agora. Antes, caía constantemente, tropeçava e perdia o equilíbrio, o que me causava muitos transtornos. Hoje, estou mais forte, consigo levantar da cadeira sem esforço e caminhar com mais facilidade”, relata.

Ela destaca também que a equipe multidisciplinar a ajudou a controlar o diabetes e a labirintite, doenças que antes pioravam a mobilidade. “A equipe de nutrição foi essencial para controlar o meu colesterol e a taxa de açúcar no sangue, algo que antes parecia impossível”, comenta. Além disso, a convivência com o grupo de amigos – formado por pessoas da mesma faixa etária – auxilia na saúde mental.

Para Hossaka, além dos fatores biológicos, é necessário prestar atenção ao uso de medicamentos. “É comum que idosos tomem sedativos, ansiolíticos ou diuréticos, que também podem estar atrelados aos riscos de queda. Sem contar que a senilidade pode causar confusão mental e fazer com que a pessoa acabe trocando remédios ou errando na dosagem”, pontua.

Como evitar quedas

O último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou que o Brasil possui 22 milhões de pessoas com 65 anos ou mais, o equivalente a 11% da população. As quedas representam um sério risco à saúde e à qualidade de vida dos idosos. Segundo dados do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into), 40% das pessoas com 80 anos ou mais sofrem quedas anualmente. Esse dado alarmante reforça a necessidade de ações eficazes de prevenção.

O ortopedista Nicolay Jorge Kircov, da SES-DF, aponta que, para identificar pacientes vulneráveis que necessitam de maior atenção, recomenda-se a realização de testes de equilíbrio e de mobilidade durante as consultas de rotina.

“Esses testes, em geral, consistem em avaliar a capacidade do idoso de se manter equilibrado por dez segundos em diferentes posições. É uma ferramenta valiosa para o rastreio do risco de quedas em pessoas dessa faixa etária”, pontua.

Para o médico, a prática regular de atividades físicas em busca de fortalecimento muscular, a alimentação balanceada e o tratamento de comorbidades, como hipertensão e diabetes, são medidas essenciais para prevenir quedas. “A remoção de tapetes, o uso de calçados adequados e presos aos pés, a instalação de barras de apoio em banheiros e a melhoria da iluminação são também cuidados fundamentais”, reforça.

*Com informações da Secretaria de Saúde

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