Brasil trabalha com negociação em respostas às tarifas sobre o aço

A partir do dia 12 de março, o Brasil poderá ser taxado em 25% sobre todas as importações de aço e alumínio que fizer para os Estados Unidos. Se concretizada, essa medida vai impactar diretamente o país, que é o segundo maior exportador dos produtos para o EUA.Depois do petróleo, o ferro e o aço são os principais produtos exportados do Brasil para os Estados Unidos, representando 14% das exportações brasileiras para os EUA em 2024. Apesar disso, o Brasil não deve retaliar os EUA e planeja chegar a uma negociação de forma a não entrar em uma “guerra comercial”.De acordo com apuração do GLOBO, integrantes do governo Lula avaliam existir uma brecha que funcionará como resposta às sobretaxas impostas pelo presidente Donald Trump. Para o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, as sobretaxas não são “contra o Brasil”, mas ressaltou o impacto negativo na economia global com a medida.“Nós estamos acompanhando, primeiro para saber as minúcias da decisão, entendendo quais implicações isso vai ter. Porque não é uma decisão contra o Brasil, é uma coisa genérica para todo mundo, estamos observando as reações do México, China e Canadá”, disse ele.

Para o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, as sobretaxas não são “contra o Brasil”

|  Foto: Marcelo Camargo | Agência Brasil

“Medidas unilaterais desse tipo são contraprodutivas para a melhoria da economia global. A economia global perde com isso, com essa retração, com essa desglobalização que está acontecendo”, continuou.Apesar dos anseios, Haddad afirmou não saber qual é a disposição de Trump para negociar no momento. Em 2018, o republicano impôs uma sobretaxa, mas pouco tempo depois houve um recuo, mas caso não seja possível, Alexandre Padilha, ministro da Secretaria de Relações Institucionais, assegura que o Brasil não entrará em “guerra comercial”.“Guerra comercial não faz bem para ninguém. O Brasil não estimula e não entrará em nenhuma guerra comercial”

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Em contatos a serem feitos com autoridades americanas, dizem fontes, o Brasil usará como argumento que as exportações brasileiras são, principalmente, de matérias-primas, que ficarão mais caras para as indústrias americanas.A expectativa é que se chegue a uma estratégia ainda esta semana. Estão envolvidos nessas discussões o Itamaraty e os ministérios da Fazenda e do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.Aço da ChinaUm decreto de Trump sugere que a medida de incluir o Brasil às cobranças de tarifas, se deve à compra por aço chinês, que atualmente faz o país ser o maior produtor de aço do mundo. “As importações brasileiras de países com níveis significativos de excesso de capacidade, especificamente a China, registraram um enorme crescimento nos últimos anos, mais do que triplicando desde a instituição desse arranjo de cotas” (de 2018).Em 2024, os EUA importaram 6 milhões de toneladas de aço do Canadá. O Brasil ficou em segundo lugar, com 4,1 milhões de toneladas, seguido pelo México, com 3,2 milhões. Os EUA são superavitários nesse comércio com o Brasil.

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