Galípolo: BC tem as ferramentas para colocar juro em nível restritivo e seguir nessa direção

brasília (df) 03/082024 indicado para a presidência do banco central (bc), gabriel galípolo, durante visistas a senadores. foto lula marques/ agência brasil

O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, destacou nesta quarta-feira, 12, que a instituição tem ferramentas para colocar a Selic em nível restritivo e seguir nessa direção. Ao participar no período da manhã do seminário sobre Política Monetária Brasileira, promovido pelo Instituto de Estudos de Política Econômica/Casa das Garças (IEPE/CdG), no Rio, ele manteve a linha das mensagens do Comitê de Política Monetária (Copom), com a indicação de mais uma alta de juro na magnitude de 1 ponto porcentual para março. Galípolo nada falou sobre maio, mas enfatizou a disponibilidade das ferramentas. “O BC tem as ferramentas para colocar juro em nível restritivo e seguir nessa direção.”

Ainda, ao falar mais uma vez sobre o cenário fiscal, Galípolo disse que o “BC não pode cruzar linha e transcender o quadrado da autoridade monetária”.

O presidente do Banco Central afirmou que, em dezembro, a autoridade monetária deu um passo claro para quem está colocando o juro em patamar restritivo. “Devemos passar no curto prazo por inflação fora da meta e desaceleração da economia”, disse.

Por considerar que no curto prazo a inflação ficará fora da meta e que poderá ocorrer uma desaceleração da economia, Galípolo comentou ainda que o BC deve ser mais parcimonioso quando faz um movimento do juro para baixo.

“O BC vai tomar o tempo necessário para ter certeza de que novos dados são tendência”, disse o presidente da instituição.

Guidance

Gabriel Galípolo afirmou também que a proximidade do fim de guidance leva o “barco a balançar” um pouco mais, mas que o próximo passo do Copom está dado. “É óbvio que, a partir do momento que a gente vai chegando próximo do fim do guidance, a gente vai se distanciando da costa, vamos dizer assim, e o barco tende a balançar um pouco mais”, comentou. “Você vai passando a ter espectros possíveis que são mais amplos, mas eu acho que a gente ainda precisa de tempo e estar com a nossa rota de planejamento até a próxima reunião bastante definida, e vamos ganhar tempo para poder ver como esses dados vão reagir – e o que é sinal e o que é ruído”, continuou.

Galípolo relatou que chegou a ser questionado na terça sobre o motivo pelo qual o BC não decidiu por um aumento de 300 pontos-base numa só reunião, em vez da elevação de 1 ponto porcentual da Selic em dezembro, mais o comprometimento de que haveria mais duas altas da mesma magnitude na sequência.

Ele mesmo respondeu dizendo que o processo é dinâmico e que, às vezes, variáveis externas e internas podem ser alteradas no percurso. “Então você vai dando o antibiótico para o paciente a cada 12 horas para entender como é que o paciente vai reagindo e poder ter tempo para fazer esse tipo de análise”, ilustrou.

Ele enfatizou que o Banco Central não tem como seu mandato a meta de reduzir a volatilidade do mercado, mas salientou que seria bom que a autoridade monetária também não agregasse oscilações. “Entendo que é normal que o mercado tenha uma função de reação, que é obrigado a fazer: ele não pode ficar parado, ou vai ser totalmente arrastado de um lado e de outro”, salientou, acrescentando, porém, que se o BC entrar em “estado de espelho”, sem saber quem é ele e quem é o outro, fará reflexos que vão repercutir e amplificar esta volatilidade. “É bastante importante que o nosso tempo seja um tempo de poder analisar como esses dados vão se depurar e andar ao longo do tempo e não fique produzindo mudanças de direção de maneira muito brusca”, concluiu.

PIB

Para o presidente do Banco Central, as hipóteses sobre Produto Interno Bruto (PIB) acima das expectativas demandam mais estudo e tempo. O banqueiro central fez menção à pesquisa Focus, que tem mostrado revisões do mercado financeiro para PIB e inflação, mas pouco acentuadas na relação dívida/PIB.

Foi a primeira vez que Galípolo participa de um evento sobre política monetária desde que assumiu a presidência do BC, em 1º de janeiro.

Ao falar sobre a área fiscal, ele disse que o impacto dos precatórios tem sido reestudado. “O impulso fiscal pode ter sido maior do que o imaginado”, ponderou.

Estadão conteúdo

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