Carnaval do Rio já sofreu com ao menos outros 7 incêndios desde 1988; relembre


Nesta quarta-feira (12), um incêndio destruiu a Maximus Confecções, na Zona Norte do Rio. A fábrica de fantasias é uma das mais requisitadas pelas escolas de samba das divisões de acesso. Sete incêndios foram registrados entre 1988 e 2011. Relembre incêndios em barracões de escolas de samba que marcaram o Carnaval do Rio
O drama das escolas de samba do Rio com fantasias e alegorias incendiadas às vésperas do carnaval já se repetiu em pelo menos outras sete oportunidades, além do incêndio desta quarta-feira (12), que destruiu a Maximus Confecções, em Ramos, na Zona Norte. A fábrica de fantasias é uma das mais requisitadas pelas escolas de samba das divisões de acesso.
Relembre na reportagem os incêndios e as consequências para o carnaval do Rio de Janeiro de 1988 e 2025.
União da Ilha e Beija-flor superaram incêndio
Em 1988, as fantasias da União da Ilha do Governador foram queimadas em um incêndio no barracão da escola. No mesmo ano, parte do barracão da Beija-flor também pegou fogo.
Na época, o carnavalesco Joãozinho Trinta lamentou o incêndio, mas comentou que o acidente uniu e fortaleceu a escola.
“Ver o fogo derrubando o barracão, devorando o barracão é realmente uma experiência incrível. Mas que a gente vai passar por cima. O fogo também renova”, comentou o carnavalesco.
Barracão da Beija-flor pegou fogo em 1988
Reprodução TV Globo
Naquele carnaval, a Beija-flor foi para a Avenida Marques de Sapucaí com o que sobrou das fantasias e alegorias. Na época, a garra da escola emocionou o público.
A Beija-flor terminou o carnaval de 1988 na terceira colocação, a dois pontos da campeã Vila Isabel. Já a União da Ilha, que também foi afetada pelo incêndio, ficou em sexto lugar.
Alegoria em chamas
No carnaval de 1992, o público viu uma das cenas mais chocantes da história do Sambódromo. A Viradouro já encerrava seu desfile aos gritos de “é campeã”, quando seu último carro alegórico pegou fogo.
Série Inesquecível Sapucaí: Viradouro (1992), incêndio em alegoria
O incêndio marcou para sempre a história do Sambódromo, já que depois do triste episódio, todas as escolas passaram a adotar procedimentos mais rigorosos de segurança contra o fogo durante os desfiles.
Na ocasião, ninguém se machucou, mas a tristeza foi enorme. Por conta do incêndio na alegoria, a Viradouro que vinha fazendo uma apresentação impecável, teve de parar o desfile enquanto bombeiros tentavam contar o fogo.
Com isso, a escola terminou seu desfile com 13 minutos de acréscimos no tempo regulamentar, o que resultou na perda de 13 pontos na contagem geral. E o carnaval que tinha tudo para estar entre as primeiras colocadas não retornou nem ao Sábado das Campeãs – a escola ficou em nono lugar.
Também em 1992, mas no mês de dezembro, já nos preparativos para o carnaval de 1993, um incêndio causou grande prejuízo no barracão do Salgueiro.
A escola perdeu 1,5 mil fantasias, além de 600 metros de tecido em apenas 20 minutos de incêndio. Além do material que iria atender o desfile principal da Vermelho e Branco da Tijuca, a escola mirim do Salgueiro também foi bastante prejudicada. Equipamentos como máquinas de costura também se perderam com o fogo.
O Salgueiro perdeu 1,5 mil fantasias, além de 600 metros de tecido em apenas 20 minutos de incêndio
Reprodução TV Globo
Contudo, o acidente foi mais um impulso para que a escola fizesse um dos seus desfiles mais marcantes. Com o enredo “Peguei um Ita no Norte”, o Salgueiro foi campeão do carnaval de 1993 e entrou para a história.
Império Serrano rebaixada pelo fogo
Duas escolas passaram pelo mesmo problema em 1997. O Império Serrano viu seu sonho de retomar os dias de glória na avenida ser destruído por um incêndio no barracão da escola meses antes do desfile.
O barracão da Tradição também enfrentou um incêndio naquele ano e queimou grande parte das fantasias da agremiação.
Naquele ano, o Império Serrano acabou rebaixado do Grupo Especial do carnaval carioca, terminando na penúltima colocação da disputa.
Barracão do Império Serrano pegou fogo em 1997
Reprodução TV Globo
Apesar do incêndio no barracão, a Tradição terminou aquele ano comemorando. A escola foi campeã do Grupo A e garantiu o acesso ao Grupo Especial do próximo ano.
União da Ilha sofre novamente
Depois do incêndio de 1988, a União da Ilha voltou a sofrer com um grande incêndio em seu barracão 11 anos depois.
Em 1999, faltando um mês para os desfiles, o barracão da escola foi totalmente destruído. A União da Ilha perdeu todas as suas alegorias. O incêndio durou pouco mais de uma hora. Ninguém ficou ferido.
Apesar do pouco tempo para recuperação, a União da Ilha, comandada pelo carnavalesco Milton Cunha, conseguiu terminar o carnaval na 10ª posição, evitando o rebaixamento.
Tricampeã passa por incêndio
Dois anos depois do incêndio que prejudicou o carnaval da União da Ilha, um novo acidente voltou a afetar o carnaval do Rio. Dessa vez, em 2001, a atual bicampeã Imperatriz Leopoldinense teve seu barracão consumido pelas chamas.
Em 2001, a Imperatriz sofreu com um incêndio em seu barracão
Reprodução TV Globo
Como o incêndio ocorreu há alguns meses do desfile, a escola conseguiu se recuperar e não teve tantos problemas em sua apresentação. A escola terminou campeã por meio ponto de diferença para a Beija-Flor. Foi o tricampeonato da Imperatriz.
Incêndio na Cidade do Samba
Com a modernização da infraestrutura das escolas de samba do Rio e a criação da Cidade do Samba, o número de incêndios foi drasticamente reduzido.
Na Cidade do Samba há uma base avançada do Corpo de Bombeiros e um sistema de combate a incêndios.
Mesmo assim, em 2011, houve um incêndio que atingiu os barracões da Portela, União da Ilha e Grande Rio, que perdeu quase todo o material para o desfile.
Cidade do Samba só enfrentou um único grande incêndio desde 2005
Reprodução TV Globo
O prejuízo para o carnaval foi tão grande que a Liesa decidiu que as escolas afetadas não seriam julgadas no desfile.
O prejuízo naquele ano passou de R$ 10 milhões. Ao todo, foram mais de 8 mil fantasias destruídas. Em solidariedade, as escolas não afetadas contribuíram com mão de obra, fantasias e adereços para as escolas incendiadas.
10 feridos em estado grave
Nesta quarta-feira (12), um incêndio destruiu a Maximus Confecções, em Ramos, na Zona Norte do Rio de Janeiro. A fábrica de fantasias é uma das mais requisitadas pelas escolas de samba das divisões de acesso.
Incêndio destrói fábrica que produzia fantasias para escolas de samba do Rio
Pelo menos 21 pessoas se feriram, 10 delas em estado grave, a maioria por queimaduras nas vias aéreas pela inalação de fumaça.
Às 10h20, não havia mais fumaça no quarteirão. Antes, o fogo chegou a se alastrar para prédios residenciais vizinhos. Segundo a Defesa Civil Municipal, há risco de desabamento do galpão. Os bombeiros trabalharam no rescaldo até as 15h30, quando foram desmobilizados.
A 21ª DP (Bonsucesso) vai investigar as causas do incêndio. O Corpo de Bombeiros afirmou que a fábrica estava com documentação irregular. O Ministério Público do Trabalho no Rio de Janeiro (MPT-RJ) vai apurar as condições de trabalho na fábrica.
O Bom Dia Rio acompanhou o resgate dramático de pessoas que ficaram encurraladas pelas chamas.
Confecção pega fogo em Ramos, com pessoas presas no imóvel; resgate é dramático
Reprodução
Quatro ocupantes do prédio foram salvos do fogo ao se refugiarem na parte externa de uma das janelas nos fundos da fábrica. O Globocop registrou as súplicas do grupo, envolto numa fumaça negra que saía de todos os lugares.
Segundo funcionários, a confecção funcionava 24 horas por dia, com diferentes turnos, para atender à demanda a poucos dias dos desfiles. Ainda segundo pessoas que estavam no local, aderecistas se revezavam no espaço, e parte chegava a dormir nos ateliês.
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