Estudo investiga se emagrecedores como Ozempic têm relação com problemas de visão

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

Uma análise publicada em revista científica reuniu casos de pacientes que apresentaram problemas oculares após o uso de canetas emagrecedoras, como Ozempic e Wegovy. A pesquisa, de autores de universidades nos Estados Unidos, também observou possíveis danos causados ao nervo óptico provocados pelo Monjauro e Zepbound.

O estudo, publicado no periódico JAMA Opthalmology em janeiro, indica que o motivo pode ser a presença dos princípios ativos semaglutida e tirzepatida nas composições. A conclusão, porém, deve ser submetida a novos estudos.

Ao todo, nove usuários dos medicamentos apresentaram condições como falha de circulação sanguínea no nervo óptico, inflamações na retina e outros sintomas que podem levar a uma possível perda de visão.

Apesar do grupo diminuto, é a segunda vez que cientistas fazem essa relação.

A Novo Nordisk, farmacêutica que comercializa o Ozempic e o Wegovy, afirma ter feito novas avaliações internas que garantem que o “benefício-risco da semaglutida permanece inalterado”.

A Lilly, fabricante do Monjauro e do Zepbound, afirma que o “estudo é puramente observacional e, como os autores do estudo reconhecem, não estabelece nenhuma relação causal entre a tirzepatida e certas complicações oftalmológicas”, diz, em nota.

Apesar de usadas para perda de peso, na bula, as canetas são destinadas ao tratamento de diabetes ou obesidade. Em julho de 2024, um estudo com 710 adultos que as utilizavam contra a diabetes e 979 usuários para perda de peso também detectou impactos do uso nos nervos ópticos.

Na ocasião, o grupo que tomava semaglutida contra diabetes tipo 2 apresentou uma taxa de 8,9% de neuropatia óptica isquêmica anterior não arterítica, também chamada de NAION. Já quem tomava outros medicamentos contra o diabetes, a taxa de presença da mesma condição foi de 1,8%.

Entre aqueles que usavam para perder peso, a neuropatia foi detectada em 6,7% em comparação aos 0,8% dos que usavam outros medicamentos para emagrecer. A condição é indolor, mas causa perda repentina da visão pela redução de fluxo sanguíneo para o nervo óptico -e é uma das causas mais comuns da cegueira.

O resultado foram publicados também na revista JAMA Opthalmology. Nos dois casos, a hipótese levantada é a de que os fenômenos têm relação com a redução abrupta de glicose no organismo.

Após desconsiderar fatores como pressão alta e apneia, o uso da semaglutida foi associado, na ocasião, a um risco ocular sete vezes maior entre quem a usava para perder peso e quatro vezes maior durante o tratamento do diabetes.

Segundo a Novo Nordisk, os estudos não demonstram “uma relação causal entre a semaglutida” e os problemas oculares e, apesar do risco relativo, o número absoluto de pessoas analisadas é muito baixo para confirmar o risco.

Em nota, a farmacêutica também afirma ter feito uma análise em ensaios clínicos randomizados, incluindo uma avaliação por um oftalmologista independente para confirmar os diagnósticos de NAION. Através dessa análise, foram identificados pouquíssimos casos confirmados de NAION”, diz.

“Levamos muito a sério todos relatos de eventos adversos relacionados ao uso de nossos medicamentos.

Isso também se aplica a condições oculares, que são comorbidades bem conhecidas em pessoas com diabetes”, acrescenta.

Ainda segundo a Eli Lilly, “como parte do nosso processo rotineiro de revisão de segurança para Mounjaro (tirzepatida), mantemos diálogos contínuos com as agências regulatórias sobre potenciais questões de segurança e continuaremos a revisar os dados, incluindo quaisquer relatos de eventos adversos relacionados a problemas oftalmológicos”.

No ano passado, duas maiores associações de oftalmologia dos Estados Unidos divulgaram uma nota em 2024 afirmando que estão acompanhando os estudos, mas que ainda não contraindicam do uso de canetas emagrecedoras aos pacientes.

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