Cambistas de ambulantes: sorteados para trabalhar no carnaval do Rio vendem licenças na internet


Os preços variam de R$200 a R$500. Os anúncios incluem um kit completo com isopor, credencial e colete. Cambistas de ambulantes: sorteados para trabalhar no carnaval estão vendendo licença na internet
Sorteados para trabalhar no carnaval do Rio estão licenças na interne. O mercado paralelo no carnaval de rua do Rio foi descoberto pelo RJ2.
No início do ano, a prefeitura fez um sorteio para distribuir 15 mil licenças de ambulantes para a folia de 2025 e muitas pessoas não foram sorteadas. Algumas pessoas que conseguiram a permissão estão vendendo o kit, o que é proibido.
Segundo a empresa contratada pela Prefeitura do Rio para organizar o carnaval de rua, quase 56 mil pessoas se inscreveram para trabalhar como ambulantes no período.
Em uma pesquisa rápida na internet, é possível encontrar dezenas de kits de carnaval para pessoas que querem trabalhar como ambulantes nos blocos de rua. Os preços variam de R$200 a R$500.
Em uma pesquisa rápida na internet, é possível encontrar dezenas de kits de carnaval
Reprodução/TV Globo
Um anúncio diz que o kit é completo com isopor, credencial e colete. Outro destaca que o kit vem inclusive com a planilha de instruções e o anunciante aceita ofertas.
“Mano, eu anunciei R$500, mas falei que estava disposto a receber uma proposta. Por R$450 eu agarro”, disse um vendedor para a equipe do RJ2 por telefone.
Um terceiro anúncio fala que para comprar o kit, só indo até o endereço marcado, nada de entrega. Essas ofertas são de pessoas que afirmam que foram sorteadas para trabalhar como ambulantes no carnaval
“Então, eu me cadastrei e fui sorteado certinho. Tô com crachá e com tudo lá em casa. Está tudo guardado, mano. Só não vai o crachá porque está com o nome do meu marido, CPF dele e a foto dele, entendeu”, disse uma anunciante, que oferece uma solução para a questão da credencial.
“No ano passado, eu vendi para uma menina e ela mandou fazer na lan house. mandei pra ela com o número que tem lá – vou te dar o número – com a foto dela o CPF dela”, completou a anunciante.
Este homem orienta como agir na hora de uma abordagem.
“Os caras estão fazendo um cerco da guarda municipal e só vai passar quem tem colete. Os caras não olham nem crachá”.
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Reprodução/TV Globo
Jaciara de Souza é ambulante durante o ano todo e não conseguiu a credencial.
“Você vê ali milhões de vendas. São pessoas que nunca foram ambulantes. O ambulante de verdade, que trabalha há tantos anos na rua, sabe que aquilo ali não é segurança porque ali tem identificação”.
“Precisa de uma transparência nesse sorteio. A gente precisa saber quem são essas pessoas que está recebendo esses kits e estão vendendo”, disse Carol Alves, representante do Coletivo de Mulheres Trabalhadores Ambulantes ‘Elas por Elas’.
O secretário de ordem pública, Brenno Carnevale, diz que vai levar o caso para a polícia.
“Essas licenças não estão à venda, elas não podem ser comercializadas. Isso é um ato ilegal administrativo e criminalmente também. Só ambulantes são fiscalizados pelas equipes. Primeiro, para fazer realmente a ‘cara crachá’ pra ver se a pessoa que está comercializando esses produtos está portando a identificação correta, a gente faz esse mapeamento nas redes sociais. Com essas informações colhidas, a gente pretende encaminhar também para os órgãos policiais para que essas pessoas sejam investigadas”.
Essas mulheres, que não foram sorteadas, trabalham como ambulante o ano todo e contam com a renda do carnaval para sustentar a família.
“Quando chega o carnaval, é a nossa maior fonte de renda. Eu pago meu aluguel nisso, eu compro as coisas para dento de casa para meus filhos. A gente sobrevive disso”, conta Carol.
“A gente não tem salário, não tem décimo terceiro. Então, o carnaval e uma renda que contempla para a gente pagar os compromissos que todo mundo paga com seu salário. A gente que quer ficar irregular não, o sonho de cada ambulante que está na rua é ser legalizado”, completa Jaciara.
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