Palometas voltam a ser motivo de atenção entre os pescadores no Rio Jacuí

O jovem Wanderson da Luz Machado, 22 anos, estava pescando com o pai no Rio Jacuí, em Rio Pardo, no último domingo, 9. Ao puxar a linha, quando ela se mexeu, deparou-se com uma palometa. Inicialmente, o santa-cruzense acreditava que poderia ser uma piranha, mas, ao fazer algumas pesquisas, viu que se tratava de mais uma palometa que estava em meio ao peixes do Jacuí. “Resolvi trocar a isca e colocar um lambari no anzol. Deixei de espera o molinete e, quando fisgou, prontamente puxei o peixe. E era essa baita palometa”, explica.

Wladi, como é conhecido, conta que foi a primeira vez que viu a espécie. “Normalmente, a gente não usa carne para pescar no rio.” Ele afirma já ter notado uma situação diferente em outras ocasiões. “Em outras vezes em que fomos lá, já havíamos percebido que a maioria dos peixes pegos tem algum pedaço faltando, principalmente da cauda”, frisa.

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“Além disso, tem muitos peixes machucados também, com marcas. Acredito que seja por conta dessas palometas.” O morador do Bairro Rauber, de Santa Cruz, comenta que o tamanho lhe chamou a atenção. “Devido ao porte dela, provavelmente já deve ter desovado muitas vezes.”

O secretário de Meio Ambiente e Pesca de Rio Pardo, Cícero Garcia, que é filho de pescador e já foi presidente da Associação dos Pescadores, salienta que a presença dessa espécie é antiga no Rio Jacuí. Mas o número aumentou consideravelmente nos últimos anos. “Com isso, também se está verificando uma diminuição muito grande de peixes.” Segundo ele, isso tem impactado a Colônia C41, que conta com mais de cem pescadores, que dependem da pesca. Garcia acredita que uma alternativa de controle seria a povoação do rio com um peixe que seja predador da palometa.

“O dourado, por exemplo, é predador da palometa e não é invasor do local. Tem no Jacuí, mas em pouca quantidade. Então, seria preciso procriá-lo e depois repovoar. Mas essa ação precisaria ser feita numa extensão maior, com participação de municípios lindeiros ao rio, como São Jerônimo, Triunfo, General Câmara.” O secretário afirma que o Município não possui corpo técnico para realizar algum estudo ou projeto sobre isso.

Mas o analista ambiental Mauricio Vieira de Souza, do Ibama, alerta que a eficácia da ação não é garantida. “Essa ideia de introduzir predadores carece de base, porque não se trata de combater especificamente uma espécie”, diz. “E nada garante que o dourado iria preferir predar as palometas em relação a outras presas. Novas introduções costumam ser caras e ineficientes. Isso é mais uma ideia de senso comum, que em sistemas grandes e abertos, como o caso do Jacuí, de seus afluentes ou do Guaíba, não funciona.” Maurício acrescenta que o problema é a saúde do ambiente. “As palometas entraram no sistema e a erradicação, tanto dela quanto de outros inúmeros invasores, é inviável.”

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Segundo o secretário municipal, os próprios pescadores da colônia têm retirado o predador do rio de forma manual. “As palometas ficam mais na parte rasa. A impressão de que nessa época tem mais é porque passou a temporada da piracema, que se estendeu de novembro a janeiro, e agora a pesca voltou a estar liberada. Por isso, temos novamente casos de aparecimento dela. Mas a palometa está no Jacuí há uns 30 anos.”

O analista ambiental do Ibama explica que desde o início das ocorrências já havia expectativa de que as palometas, típicas no Uruguai, formassem uma população residente na bacia do Jacuí, sem que houvesse perspectiva de erradicação. “Uma pela dimensão e pela natureza do ambiente, outra pelas características da espécie, de se reproduzir rápido e ser resistente. Mas, até o momento, não há métodos de controle.”

Palometa

Oriunda da Bacia do Rio Uruguai, a espécie tem sido encontrada no Jacuí nos últimos anos. Ela é predadora agressiva de outros peixes e anfíbios, e até de aves, e não é própria para consumo.

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