Internado com infecção, papa perdeu parte do pulmão há mais de 60 anos

BELO HORIZONTE, MG (UOL/FOLHAPRESS)

O papa Francisco, internado desde sexta-feira (14) com uma infecção nas vias respiratórias, retirou parte do pulmão direito em uma cirurgia em 1957.

Essa foi a primeira cirurgia feita pelo pontífice, quando ele tinha apenas 21 anos. “Eu estava no segundo ano do Seminário de Villa Devoto. Naquele inverno, uma forte epidemia de gripe se espalhou e muitos seminaristas foram infectados. Eu também. Mas de fato, no meu caso, a situação evoluiu de uma forma mais complicada”, disse Francisco ao médico e jornalista argentino Nelson Castro, em 2019.

No hospital, identificaram que Jorge Mario Bergoglio, nome de batismo do papa, tinha três cistos no lobo superior do pulmão direito. Após meses de tratamento, a equipe médica decidiu retirar um pedaço do órgão.

O papa definiu a cirurgia como “cruel”. “[Me disseram] que tinha sido necessário usar muita força. Por isso, quando me recuperei da anestesia, senti muita dor”, afirmou ao jornalista argentino, em trecho reproduzido pelo Vatican News, site oficial da Igreja Católica.

Apesar do sofrimento, Francisco afirmou que a cirurgia foi um sucesso. Segundo ele, a equipe médica explicou que o pulmão direito se expandiu e a retirada da parte superior só é percebida por um “pneumologista de primeira linha”.

O procedimento cirúrgico foi alvo de questionamentos durante o Conclave de 2013, que acabou escolhendo o argentino como o novo papa.

QUADRO CLÍNICO ‘COMPLEXO’

O papa Francisco, de 88 anos, está com uma infecção polimicrobiana das vias respiratórias e sua situação é considerada “complexa”, informou o Vaticano nesta segunda-feira (17). O tratamento foi ajustado, e o Vaticano destacou que a internação continuará pelo tempo necessário.

O pontífice está internado no Hospital Gemelli, em Roma, sem previsão de alta. “Todos os exames realizados até o momento são indicativos de um quadro clínico complexo que exigirá internação hospitalar adequada”, diz o boletim médico.

Mais cedo, um porta-voz do Vaticano havia informado que o papa estava em condição estável, havia dormido bem e tomado café da manhã. No entanto, o boletim médico reforçou a gravidade do quadro, sem mencionar se o pontífice ainda apresenta febre, sintoma que vinha sendo tratado desde o início da internação.

INTERNADO HÁ QUATRO DIAS

Francisco foi hospitalizado na sexta-feira (14) para tratar uma bronquite persistente, que o afeta desde o início de fevereiro. Nos últimos dias, o papa apresentou dificuldades respiratórias e precisou delegar a leitura de discursos a assessores durante celebrações.

Essa é a quarta internação do papa desde que assumiu o pontificado, em 2013. Francisco tem um histórico de problemas respiratórios.

Nos últimos meses, o pontífice sofreu duas quedas em sua residência no Vaticano. Em dezembro, bateu o queixo na mesa de cabeceira, e em janeiro, machucou o braço direito, precisando imobilizá-lo por precaução. Além disso, tem dores crônicas no joelho, que o obrigam a usar cadeira de rodas ou bengala em algumas ocasiões.

Apesar das limitações de saúde, Francisco tem insistido em manter compromissos e chegou a realizar reuniões na sexta-feira antes de ser internado. Mesmo com esses desafios, o pontífice já afirmou que, caso sua saúde o impeça de cumprir suas funções, considerará a renúncia, seguindo o exemplo de Bento 16.

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