A arquitetura da ambição: O Brutalista e a construção do sonho americano

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“O Brutalista”, dirigido por Brady Corbet, é um dos grandes destaques do Oscar deste ano, acumulando 10 indicações, incluindo Melhor Filme, Melhor Direção e Melhor Ator para Adrien Brody. Com uma narrativa grandiosa e uma estética visual impressionante, o filme acompanha a trajetória de um arquiteto húngaro no pós-guerra, explorando temas como imigração, ambição e os desafios do mundo moderno.

O épico envolvente de Corbet investiga o design da América do pós-guerra e os elementos que compuseram suas fundações. O filme nos convida a refletir se o brutalismo do título se aplica apenas à arquitetura ou se também permeia a experiência humana, questionando o futuro de sonhos outrora idealizados. A narrativa aborda antissemitismo, a aventura capitalista e a experiência do imigrante não assimilado, contrapondo-se à ingenuidade americana e às profundezas trágicas da cultura europeia.

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Foto: Divulgação/Universal Pictures

Com uma franqueza emocionante e força narrativa, “O Brutalista” preenche sua tela ampla e suas três horas e meia de duração com amplitude e clareza, ao mesmo tempo em que mantém um tom enigmático e intrigante. A obra se apresenta como uma cinebiografia fictícia do arquiteto húngaro László Tóth, sobrevivente do Holocausto, que chega aos EUA na pobreza e reconstrói sua carreira com o apoio excêntrico de Harrison Van Buren, um rico patrono que, apesar de reconhecer o talento de Tóth, revela um lado sombrio permeado por intolerância e inveja.

Adrien Brody entrega uma performance intensa e angular como Tóth, marcando um dos pontos altos de sua carreira. Felicity Jones interpreta Erzsébet, esposa do arquiteto, enquanto Raffey Cassidy dá vida à sobrinha órfã, Zsófia, ambas presas na Europa devido a barreiras burocráticas. Alessandro Nivola interpreta Átila, o primo próspero e assimilado de Tóth, cuja esposa americana rejeita o arquiteto. Isaach de Bankolé, por sua vez, vive Gordon, um viúvo e veterano militar que se torna o único verdadeiro amigo do protagonista. Já Guy Pearce assume o papel de Van Buren com uma presença magnética, evocando figuras como Daniel Plainview, de “Sangue Negro” (2007).

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Foto: Divulgação/Universal Pictures

Desde sua chegada aos EUA, Tóth se depara com um ambiente hostil e desigual. Sua primeira visão da Estátua da Liberdade surge de forma vertiginosa e distorcida, simbolizando o impacto desse novo mundo. Sua ascensão começa ao ser contratado para remodelar a biblioteca de Van Buren, a pedido do filho deste, Harry (Joe Alwyn). O projeto, inicialmente rejeitado por Van Buren, acaba por encantá-lo, levando-o a confiar a Tóth a construção de um vasto centro comunitário em memória de sua mãe, um empreendimento tão grandioso quanto a fictícia Xanadu de “Cidadão Kane”.

O perfeccionismo obsessivo de Tóth, combinado com seu temperamento explosivo e vícios, transforma a obra em um pesadelo. O antissemitismo local, os custos elevados e o embate entre concreto e mármore adicionam camadas de tensão à história. A viagem final de Tóth e Van Buren às pedreiras de mármore de Carrara culmina em uma cena de presságio inquietante, sublinhando a fragilidade da ambição humana.

Conclusão

Inspirado na literatura de Ayn Rand, Bernard Malamud e Saul Bellow, “O Brutalista” vai além ao explorar a sensualidade e a brutalidade do sucesso e do fracasso capitalistas. A cinematografia de Lol Crawley e a direção de arte de Judy Becker elevam a grandiosidade do filme, tornando sua experiência visual avassaladora. Ao fim, saí da sessão tonta e eufórica, impressionada com a monumentalidade desta obra cinematográfica.

Confira o trailer: 

Ficha Técnica
Direção: Brady Corbet;
Roteiro: Brady Corbet, Mona Fastvold;
Elenco: Adrien Brody, Felicidade Jones, Cara Pearce, Joe Alwyn, Raffey Cassidy, Stacy Martin, Emma Laird, Isaach de Bankolé, Alessandro Nivola;
Gênero: Drama;
Duração: 215 minutos;
Distribuição: Universal Pictures;
Classificação indicativa: 18 anos;
Assistiu à cabine de imprensa a convite da Espaço Z

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