Campanha por home office na Petrobras tem músicas de protesto e meme sobre violência no Rio

NICOLA PAMPLONA
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS)

A pressão da direção da Petrobras pela redução dos dias de home office para empregados de áreas administrativas se tornou o primeiro grande embate entre a gestão Magda e sindicatos que a apoiaram para o comando da estatal.

Atualmente, os empregados têm de ir aos escritórios duas vezes por semana, mas a direção quer incluir mais um dia, alegando melhora na integração entre as equipes e maior agilidade na entrega de projetos.

Além da aprovação de estado de greve enquanto duram as negociações, os trabalhadores têm abusado do humor na campanha, com o compartilhamento de músicas e memes sobre o tema. Como argumento adicional, têm usado a violência no Rio de Janeiro para evitar sair de casa.

“Saio de casa e já fico ligado, vou para um lado e para o outro assustado. No Rio de Janeiro, amigo é assim, se não for assalto, é um trânsito sem fim”, começa a música sertaneja que vem circulando em grupos de WhatsApp sem autor identificado.

“Magda, deixa eu trabalhar de casa, aqui tem ar condicionado e não tem ameaça. Café eu pago, não precisa gastar, e a produtividade só vai aumentar”, pede o autor, no refrão.

A violência no Rio de Janeiro é tema também de um meme, que fala sobre o risco de assalto na cidade.

“Incêndio de manhã, tiroteio de tarde, caos no transporte”, enumera o texto sobre imagens do desenho animado “As Meninas Superpoderosas”.

Meme compartilhado entre funcionários da Petrobras, que pressionam empresa por home office Reprodução A imagem é dividida em quatro quadrantes. Em outra música também distribuída sem identificação do autor, o vocalista questiona em ritmo de trap a gestão Magda por supostamente ceder a apelos do prefeito do Rio, Eduardo Paes, que pediu a empresas para retornar ao centro da cidade, abandonado após a pandemia.

“Um dia o prefeito disse: ‘o centro está mal, e para recuperar quero vocês [no] presencial’. O presidente de época disse vai te catar. Aqui a empresa está comigo e tu vai lá para o teu lar, replanejar o seu centro sem me dar trabalho.”

A disputa em torno do aumento da jornada presencial na Petrobras começou no início de janeiro, quando a empresa anunciou que, a partir de 7 de abril, todos os empregados sem funções gratificadas terão que estar em seus respectivos escritórios três dias por semana. Para consultores e gestores, o prazo é 10 de maio.

Sindicatos de trabalhadores da empresa aprovaram estado de greve e vêm realizando manifestações em frente às unidades da empresa. Na semana passada, gritaram palavras de ordem como “nem um passo atrás” e “negociação coletiva já”.

Em nota sobre o tema, a FUP (Federação Única dos Petroleiros) disse defender que as regras do teletrabalho sejam estabelecidas por meio de negociações coletivas com os sindicatos, “garantindo que os direitos dos trabalhadores sejam respeitados e que haja um diálogo aberto sobre as condições de trabalho”.

A Petrobras diz que “vem monitorando as tendências de mercado e evoluções dos modelos de trabalho, buscando compatibilizar as necessidades e desafios da empresa com os dos empregados”. Por isso, a diretoria provou ajustes no modelo híbrido incluindo mais um dia para empregados.

“Os mencionados ajustes visam aprimorar a integração das equipes e os processos de gestão, além de contribuir para a agilidade na entrega de importantes resultados para a companhia, que está em fase de crescimento de investimentos”, completou.

A companhia afirma ainda que está contratando novos empregados, que demandam formação e acompanhamento de empregados experientes, e que realizou reunião com sindicatos para ouvir os pleitos.

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