Hamas divulga nome de seis reféns que libertará no sábado


Exército de Israel afirmou que quarto corpo entregue pelo grupo terrorista não é o de mãe da família que se tornou símbolo do sofrimento dos reféns israelenses. Hamas devolveu corpos das crianças Ariel e Kfir Bibas na quinta (20). Shiri Bibas, que foi sequestrada e levada para Gaza em 7 de outubro de 2023, com o filho caçula
Hostages Family Forum via AP
O grupo terrorista Hamas divulgou nesta sexta-feira (21) os nomes dos seis reféns que disse que libertará no sábado (22).
Segundo o grupo, eles são:
Eliya Cohen;
Omer Shem Tov;
Tal Shoham;
Omer Wenkert;
Hisham Al-Sayed;
Aversa Mengisto.
Também nesta sexta, o Hamas admitiu que os restos mortais de Shiri Bibas foram trocados na Faixa de Gaza. Shiri é mãe de uma família símbolo do sofrimento dos reféns israelenses em Gaza.
O Hamas alegou que houve um erro na identificação do corpo. Seus restos mortais teriam sido misturados com outros corpos sob os escombros de um ataque aéreo israelense que atingiu o local onde ela estava sendo mantida. O grupo terrorista atribui a morte dos quatro reféns entregues em caixões pretos na quinta-feira ao bombardeio, mas Israel não confirmou.
As Forças de Defesa de Israel (FDI) afirmaram na noite de quinta-feira que o corpo identificado como sendo de Shiri não era o dela após análises de DNA em um centro forense de Tel Aviv. O anúncio ocorreu horas após a devolução dos corpos, que incluiu os restos mortais de Ariel e Kfir, filhos de Shiri.
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A Cruz Vermelha afirmou nesta sexta-feira à agência de notícias Reuters estar “preocupada e insatisfeita” com a forma como as operações de liberação de reféns pelo Hamas têm ocorrido.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, acusou o Hamas de ter cometido uma “violação cruel” da trégua em Gaza pela troca dos corpos, e disse que Israel atuará “com determinação” para trazer Shiri Bibas de volta ao país. Ainda na quinta-feira, Israel pediu a devolução do corpo dela imediatamente e considerou o caso uma “violação de extrema gravidade”.
“Agiremos com determinação para trazer Shiri de volta para casa, junto com todos os nossos reféns – tanto os vivos quanto os mortos – e garantiremos que o Hamas pague o preço total por essa cruel e brutal violação do acordo. (…) Nós os vingaremos”, afirmou Netanyahu.
A entrega dos corpos dos reféns causou comoção nacional em Israel. Horas após a entrega dos corpos, Netanyahu prometeu eliminar o Hamas e trazer todos os reféns de volta.
Shiri fazia parte da família Bibas, sequestrada em 7 de outubro de 2023, durante o ataque terrorista do Hamas ao território israelense, e que se tornou o símbolo da luta pelo retorno dos reféns. Ela era a mãe de Ariel, de 4 anos, e de Kfir, de 9 meses — este último, o mais novo dos sequestrados. Os corpos das crianças foram devolvidos nesta quinta-feira (20). (Leia mais abaixo)
Identificação dos corpos
Um dos quatro corpos entregues pelo Hamas não corresponde à identificação feita pelo grupo terrorista, afirmou o Exército israelense. Os restos mortais atribuídos a Shiri Bibas não eram o de nenhum dos reféns israelenses mantidos em cativeiro em Gaza.
“Durante o processo de identificação forense, foi determinado que o corpo adicional recebido não é o de Shiri Bibas, e nenhuma correspondência foi encontrada para qualquer outro refém. Este é um corpo anônimo, não identificado”, diz um comunicado das FDI.
A perícia confirmou que dois dos quatro corpos devolvidos correspondem aos de Ariel e Kfir. Um outro corpo, pertencente ao de Oded Lifschitz, de 83 anos, também foi entregue.
“Essa é uma violação de extrema gravidade pela organização terrorista Hamas, que é obrigada, sob o acordo [de cessar-fogo], a devolver quatro reféns mortos. Exigimos que o Hamas devolva Shiri para casa junto com todos os nossos reféns”, diz a nota.
A entrega, que faz parte do acordo de cessar-fogo em vigor desde 19 de janeiro, aconteceu em Khan Younis, na Faixa de Gaza. Os restos mortais foram entregues em caixões pretos para integrantes de Cruz Vermelha, responsáveis por levá-los até Israel.
A ONU condenou a forma como o Hamas entregou os corpos dos reféns. O chefe de Direitos Humanos das ONU, Volker Turk, disse que o desfile de corpos em Gaza foi abominável e vai contra o direito internacional.
O grupo terrorista Hamas disse que um ataque aéreo israelense havia matado Shiri e os meninos em 2023, cerca de um mês após o sequestro. Israel não confirmou a acusação, que chamou de propaganda cruel.
Símbolo dos israelenses sequestrados
Horas depois de o Hamas invadir Israel em 7 de outubro de 2023, no ataque que deu início à guerra, a família Bibas virou o grande símbolo dos israelenses sequestrados pelo grupo terrorista.
Naquele mesmo dia, imagens de uma moradora de um dos kibutz atacados no sul de Israel, o Nir Oz, aterrorizada, cercada por homens armados e segurando seus dois filhos pequenos viralizaram nas redes sociais (veja vídeo abaixo).
Era Shiri Bibas, levada naquele dia por terroristas do Hamas junto de seu filho Ariel, de 4 anos, e Kfir, um bebê de apenas nove meses, o mais novo entre os 251 sequestrados pelo Hamas no ataque.
Por 20 meses, a família Bibas se tornou um símbolo da luta de parentes dos reféns, que também direcionou seus protestos ao governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. As imagens de Shiri e das crianças sorridentes eram usadas como uma espécie de bandeira de esperança e de cobrança a Netanyahu pela devolução dos reféns.
Vídeo mostra momento em que família Bibas, de Israel, é levada pelo Hamas
O marido de Shiri e pai dos dois meninos também foi sequestrado no mesmo dia. Mas Yarden Bibas foi devolvido pelo Hamas com vida em 1º de fevereiro, dentro do acordo de cessar-fogo. Durante todo o tempo de sequestro, Yarden foi mantido separado do resto de sua família.
Ele foi sequestrado antes da mulher e dos filhos, porque, no momento do ataque, deixou o esconderijo onde estavam para distrair os terroristas. Mas um segundo grupo de membros do Hamas encontrou o esconderijo e levou os três.
Yarden nunca encontrou, durante o cativeiro, com a esposa e os filhos, segundo a imprensa israelense.
Já os pais de Shiri Bibas morreram durante o ataque do grupo terrorista ao kibutz, onde também viviam. O kibutz da família Bibas foi um dos mais destruídos no ataque de 7 de outubro do Hamas. Na ocasião, um em cada quatro moradores do local foi morto ou sequestrado naquele dia.
Foi lá onde as duas crianças sequestradas nasceram e estavam crescendo. Nos dias seguintes do ataque de 7 de outubro, triciclos e brinquedos ainda estavam espalhados no gramado do lado de fora da casa da família, enquanto a porta da frente perfurada por balas exibia pôsteres dos quatro sorridentes membros da família Bibas.
Shiri era israelense mas tinha origem argentina. Sua família migrou do país latino-americano para Israel, onde ela também cresceu.
Mas a família vinha considerando se mudar. Segundo parentes, Shiri e Yarden estudavam ir morar nas Colinas de Golã, território sírio anexado por Israel em 1981. Eles queriam se mudar justamente por conta das tensões na região em que viviam: o kibutz fica perto da fronteira com a Faixa de Gaza, e o lançamento de foguetes era frequente.
Cartazes com membros da família Bibas, sequestrados pelo Hamas e mortos na Faixa de Gaza.
Ronen Zvulun/ Reuters
Apesar de a família Bibas ter se tornado o símbolo da esperança entre os parentes de reféns, a demora para devolvê-los começou a alimentar rumores de que eles estariam mortos.
A maioria das mulheres e crianças entre os 251 sequestrados foi libertada pelo Hamas já no primeiro acordo de trégua entre Israel e Hamas, no final de novembro de 2023. Mas Shiri e as crianças nunca apareciam nas listas.
Yarden Bibas, refém israelense libertado pelo Hamas em 1º de fevereiro de 2025.
REUTERS/Ramadan Abed
Depois, o Hamas disse que Shiri e os filhos foram mortos em um ataque aéreo israelense.
Israel sempre disse que nunca conseguiu verificar a alegação e que os três não estão entre os 36 reféns de Gaza que as autoridades israelenses declararam mortos à revelia, com base em inteligência e perícia.
No ano passado, os militares israelenses recuperaram um vídeo de câmeras de segurança que mostrava Shiri e seus filhos vivos em Gaza no dia de seu sequestro.
Já em 30 de novembro de 2023, o Hamas chegou a divulgar um vídeo no qual Yarden Bibas, ainda em cativeiro, implorava a Netanyahu para que sua família fosse enterrada em Israel. No entanto, após sua libertação em fevereiro deste ano, Yarden disse que a mensagem do vídeo foi escrita pelo Hamas, que o obrigou a lê-la.
A família, então, tinha esperanças de que o Hamas havia mentido.
“Minha luz ainda está lá, e enquanto eles estiverem lá, tudo aqui estará escuro”, disse ele na ocasião.
Devolução dos corpos
O grupo terrorista Hamas entregou os restos mortais de quatro reféns israelenses no início da manhã desta quinta-feira (20), no horário de Brasília. Entre eles, está o corpo de um bebê de oito meses, o mais jovem de todos os reféns na Faixa de Gaza.
A entrega, que faz parte do acordo de cessar-fogo em vigor desde 19 de janeiro, aconteceu em Khan Younis, na Faixa de Gaza. Os restos mortais foram entregues em caixões pretos para integrantes de Cruz Vermelha, responsáveis por levá-los até Israel. O governo israelense confirmou a entrega dos corpos, que voltaram ao país ainda na manhã desta quinta-feira.
O Hamas já havia afirmado em novembro de 2023 que os meninos e a mãe haviam sido mortos em um ataque aéreo israelense, mas as mortes nunca foram confirmadas pelas autoridades de Israel. Os corpos passarão por exames de DNA.
“Shiri e as crianças se tornaram um símbolo, disse Yiftach Cohen, morador de Nir Oz, comunidade que perdeu cerca de um quarto de seus habitantes, entre mortos e sequestrados, durante o ataque de 7 de outubro.
O presidente de Israel, Isaac Herzog, disse que ” retorno a Israel dos corpos dos reféns é um drama nacional e nossos corações estão devastados”.
“Agonia. Sofrimento. Não há palavras”, escreveu o Herzog na rede social X: “Nossos corações — os corações de uma nação inteira — estão devastados. Em nome do Estado de Israel, inclino minha cabeça e peço perdão. Perdão por não proteger vocês naquele dia terrível. Perdão por não trazê-los para casa com vida”.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou em uma breve declaração em vídeo que esta quinta-feira seria “muito difícil para o Estado de Israel. Um dia angustiante, um dia de luto.”
Netanyahu foi alvo de protesto de familiares de reféns que ainda estão em poder do Hamas, na segunda-feira (17), quando foram completados 500 dias de cativeiro. Com fotos dos reféns, dezenas de pessoas marcharam até a casa do primeiro-ministro entoando palavras de ordem.
2ª fase do acordo em negociação
Segundo a agência de notícias, as negociações para uma segunda fase do cessar-fogo, que deve garantir o retorno a Israel de cerca de 60 reféns restantes. A Reuters informou que menos da metade deles são considerados vivos.
A trégua deverá contemplar também a retirada completa das tropas israelenses da Faixa de Gaza para possibilitar o fim da guerra. No entanto, as perspectivas para um acordo permanecem incertas
Na quarta-feira (19), o Hamas informou que está disposto a libertar todos os reféns que permanecem na Faixa de Gaza durante a segunda fase do acordo, conforme declaração de Taher al-Nunu, um líder do grupo terrorista palestino.
“Informamos aos mediadores de que o Hamas está disposto a libertar todos os reféns de uma só vez durante a segunda fase do acordo, e não por etapas como na primeira fase em curso”, disse ele à agência de notícias AFP.
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