Aparecer ao invés de fazer

A capacidade do Brasil – e dos brasileiros – em deturpar tudo que dá certo no resto do mundo é incrível. Imaginem colocar catracas de cobrança de passagem junto aos trens metropolitanos – tipo o Trensurb de Porto Alegre – e, ao lado, um portão por onde poderiam passar livremente as pessoas sem condições de pagar a passagem.

Em muitos países isto é corriqueiro, mas aqui, depois de um mês, a empresa que exploraria esse transporte público estaria falida. Todo mundo aproveitaria a isenção, precisando ou não. “Brasileiro gosta de levar vantagem em tudo, certo?”, já perguntava o craque Gerson naquele comercial de cigarros veiculado há décadas.

Lembrei do fenômeno ao lembrar que a cada dois anos temos eleições. Mal prefeitos e vereadores assumiram e já trabalham de olho no pleito de 2026, na disputa para presidente da república, governador, senador, deputados federal e estadual. A busca de soluções para os graves problemas do Brasil fica sempre para depois.

Ao longo dos quatro anos de mandato, a prioridade é assegurar privilégios e cargos, oportunidades pessoais e interesses espúrios, seja na eleição federal, estadual ou municipal. Sabemos que as medidas necessárias para melhorar a vida do cidadão são quase sempre amargas. Mas adotar esse tipo de postura resulta na perda de popularidade, como vemos agora, no caso do presidente da república.

Atender aos interesses dos partidos da “base aliada” – que dividem cargos e funções – é muito mais importante que combater a inflação, por exemplo. Trata-se de um fenômeno considerado culpa exclusiva de empresários “de olho gordo”, sempre visando lucro.

Ao invés de convidar pessoas competentes em cada segmento para ocupar os ministérios, se opta pela nomeação  de um marqueteiro, notório profissional cuja habilidade é “vender” o que nem sempre tem eficácia no cotidiano dos mais necessitados.

A “necessidade de aparecer” não é privilégio de mortais comuns, como nós, que alimentam (e se alimentam) das redes sociais. No Rio Grande do Sul, nunca vimos um governador com tamanha visibilidade, onde a própria vida privada é produto largamente explorado num clique do celular.

Tenho enorme curiosidade em saber o valor total gasto em publicidade nestes quase sete anos de gestão. Rádios, jornais, blogs e internet em geral são inundados de publicidade oficial. Concordo que há muito para mostrar, do que foi feito. Mas os governos – municipal, estadual e federal – não são empresas, não vendem produtos, não auferem lucros, pelo contrário, apenas prejuízos bancados pelo contribuinte.

Os governantes deveriam prestar um serviço público de qualidade porque usam o nosso dinheiro, através de impostos e taxas. Infelizmente isso está longe da realidade.

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