PMs dizem que Oruam fez manobra combinada com pessoas que filmavam; F5 tem acesso a depoimentos

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RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS)

Em depoimento à polícia, PMs afirmaram que a manobra feita com o carro pelo rapper Oruam teria sido premeditada, envolvendo pessoas que filmavam o ocorrido na orla da Barra da Tijuca, no Rio. O rapper foi preso na tarde de quinta-feira (20) após realizar um “cavalo de pau” em frente a uma viatura que perseguia um suspeito. Ele foi liberado após pagar fiança.

Nesta sexta (21), o rapper usou fotos de sua prisão para promover seu novo álbum, “Liberdade”. Na imagem publicada em seu Instagram, ele aparece com as mãos unidas atrás das costas, na altura da região lombar. No entanto, os agentes não utilizaram algemas ou outra forma de imobilização. Procurado pela reportagem, o advogado do rapper não retornou as ligações. Oruam não quis prestar depoimento e afirmou que se manifestará em juízo.

Também no Instagram, onde conta com quase nove milhões de seguidores, Oruam postou a foto da abordagem e a frase: “Só pegou porque eu quis”. Diante das críticas de internautas, que apontaram uma suposta estratégia para promover seu novo trabalho, ele se manifestou: “Sou trapper de verdade, não faço marketing”, escreveu, entre palavrões.

O F5 teve acesso aos depoimentos. Neles, os policiais afirmam que estavam perseguindo uma moto do mesmo modelo que já havia sido utilizada em assaltos na região, quando o carro de Oruam passou ao lado da viatura, em alta velocidade. Em seguida, o rapper fez a manobra.

“Que este veículo parou de frente para a viatura em que estava, na contramão da via, e por pouco não colidiu com a viatura policial; Que imediatamente desembarcou da viatura e abordou o carona do veículo”, diz trecho do relato de um dos policias militares.

Segundo o depoimento do agente, Oruam desceu do carro e foi em direção a pessoas que estavam no calçadão, “dando a entender que a manobra perigosa foi somente para ‘exibição’ pois diversas pessoas já estavam filmando a ação”, ainda de acordo com o documento.

Oruam foi então detido, e a viatura, seguida “por um grande número de motoqueiros” até a delegacia, acrescentou o policial.

O carona que estava no carro com o cantor foi identificado como Carlos Roberto Ferreira dos Santos Neto. Ele disse que trabalha para Oruam há dois anos com “produção artística de repertório”. Neto negou, em depoimento, que estivesse no carro com Oruam, o que levou os policiais pedirem para ratificar que ele estava, sim, no veículo, em um termo em separado.

De acordo com Neto, ele e Oruam resolveram “dar uma volta” e teriam saído em carros separados, mantendo distância e, por causa disso, não teria visto a manobra.

Além de ser indiciado por direção perigosa, o rapper responderá por ter dirigido com a carteira de motorista suspensa. Segundo o Detran, a carteira de Oruam estava suspensa porque ele já “cometeu três infrações gravíssimas transitadas em julgado, onde não cabe mais recurso”. O rapper foi liberado ainda na quinta-feira (20), após pagar R$ 60 mil de fiança.

LEI ANTI-ORUAM

Nas últimas semanas, ao menos 12 capitais do país protocolaram propostas que querem proibir músicas com apologia do crime ou das drogas. Um dos projetos, de autoria da vereadora Amanda Vettorazzo (União Brasil-SP), foi apelidado de “lei anti-Oruam”.

O documento propõe o veto à “execução de músicas e videoclipes com letras e coreografias que façam apologia do crime, ao uso de drogas, ou expressem conteúdos verbais e não verbais de cunho sexual e erótico, nas unidades escolares da rede de ensino do estado de São Paulo.”

Propostas similares foram protocoladas em outras 11 capitais, além do Congresso Nacional, por Kim Kataguiri (União) e do Senado, com Cleitinho (Republicanos-MG).

Há duas semanas, Oruam se pronunciou nas redes sociais sobre o projeto de lei. “Eles sempre tentaram criminalizar o funk, o rap e o trap. Coincidentemente, o universo fez um filho de traficante fazer sucesso. Eles encontraram a oportunidade perfeita para isso, virei pauta política”, escreveu.

“Mas o que vocês não entendem é que a lei anti-Oruam não ataca só o Oruam, mas todos os artistas da cena”, continuou. O rapper é filho de Marcinho VP, líder do Comando Vermelho, preso desde 1996 por tráfico e homicídio.

Entre os principais hits de Oruam estão “Oh Garota Eu Quero Você Só pra Mim”, que foi a mais tocada do Brasil em janeiro, além de “Diz Aí Qual É o Plano?”, “Para de Mentir” e “Rolé na Favela”. Ele já se apresentou em festivais como Lollapalooza e Rock in Rio.

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