Vereador vai convocar Tronox para audiência pública

A indústria de pigmentos Tronox será convocada para audiência pública na Câmara Municipal de Camaçari. O objetivo é cobrar da empresa o cumprimento do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado em 2012 com o Ministério Público Estadual.A iniciativa é do presidente da Comissão de Meio Ambiente da Câmara, vereador Manoel Jacaré (PP), que pretende também exigir da empresa o custeio de assistência médica para os moradores de Areias que desenvolveram doenças crônicas, segundo eles devido à contaminação da água do lençol freático. Também em função disso, Jacaré irá solicitar a isenção da tarifa de água para a comunidade.O vereador Manoel Jacaré esteve na localidade de Areias nesta sexta-feira, 21, por solicitação dos moradores, e ouviu relatos da comunidade sobre a suposta contaminação de produtos químicos na localidade.As denúncias são alvo de procedimento administrativo do Ministério Público, que apura o descumprimento do TAC firmado há mais de 12 anos, com participação do vereador Manoel Jacaré, cujo objetivo era cessar a contaminação do subsolo pelos rejeitos da Tronox.Laudos do Inema (Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos), comprovaram a presença de metais pesados no lençol freático há pouco mais de um ano, ensejando multa aplicada pelo MP, que, em dezembro último, determinou que a Prefeitura de Camaçari fizesse levantamento tanto do subsolo quanto da saúde dos moradores. Atendendo a pedido da gestão municipal, o Ministério Público estendeu o prazo para apresentação dos laudos, o que deve ocorrer após o carnaval.Também após a folia, o presidente da Comissão de Meio Ambiente da Câmara de Camaçari, Manoel Jacaré, deve solicitar uma data para a audiência pública. Além dele, o relator Dudu do Povo (União Brasil) e Paulinho do Som (PT) compõem a comissão.A proposta é reunir o promotor do Meio Ambiente do MP de Camaçari, Dr. Luciano Pitta, representantes da Tronox, do Inema, da Prefeitura de Camaçari, entre outros vereadores e autoridades.HistóricoDados publicados pela Sesau de Camaçari há 10 anos comprovaram a alta incidência de doenças respiratórias e câncer, além da presença dos metais na água do subsolo, consumida durante décadas por moradores que se abasteciam através de cisternas, quando a localidade ainda não era atendida pela Embasa.Na vistoria realizada pelo Inema há pouco mais de um ano foram detectadas as presenças de ferro, alumínio, manganês e zinco nos poços localizados no terreno da fábrica. A TARDE ouviu especialistas sobre os riscos da exposição a esses metais para a saúde. Vladmir Cláudio Cordeiro de Lima, médico Oncologista clínico e membro do Comitê de Oncogenômica da SBOC (Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica), afirma que o níquel é classificado como carcinógeno tipo 1 pela IARC (agência internacional de pesquisa em câncer).Ele acrescenta que a presença desse metal no sangue está associada a leucemias agudas, câncer de pulmão e de seios nasais. Além disso, o chumbo, outro dos metais encontrados no lençol freático de Areias, está diretamente ligado ao câncer de rim.
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