Aventura congelante e inesquecível com os netos

Acompanhado de dois netos, Ivan Seibel, morador de Venâncio Aires há mais de 40 anos, realizou uma nova aventura. Em janeiro, o médico urologista esteve na Península Antártica e nas Ilhas Malvinas. No continente branco, a bordo do navio Norwegian Star, Ivan e os netos santa-cruzenses Tiago e Henrique Seibel Kämpf realizaram uma série de entrevistas com pesquisadores e captações de imagens para catalogar em um livro sobre os efeitos do aquecimento global. Este tem resultado no derretimento das geleiras e causa a diminuição de animais e da vegetação nativa.

Por mais de dez dias, os três viveram muitas emoções em alto-mar, o balançar – ora assustador, ora calmante –, as ondas de cerca de cinco metros, o frio congelante de cinco graus, mas com sensação térmica negativa de 16 graus, como conta Ivan.

“Para alguns, era a materialização de um sonho; para outros, poderia estar sendo uma imagem de terror. Mas compensou, cada minuto. O que mais valeu foi essa maravilhosa convivência com dois netos, 60 anos mais novos do que eu. Foi uma verdadeira troca de opiniões, de conceitos e compreensão mútua. E os meninos encararam tudo como uma grande aventura. Jovens e de espírito talvez indomável, longe dos pais, passando a descobrir novos cenários que lhes descortinavam um novo mundo”, afirma.

A passagem pelo Drake – local do encontro do Oceano Atlântico com o Pacífico – foi considerada um momento muito especial pelo médico. “No silêncio da noite, não havia como não ouvirmos o ranger discreto das estruturas, como se fosse uma luta entre a força do mar e a resistência dos materiais do navio. O balanço foi se mostrando mais acentuado. De noite, já recolhidos nas camas das cabines, se ouvia um leve bater de portas não bem fechadas e um tilintar dos cabides de roupa não utilizados no roupeiro. Podia-se identificar o rangido das estruturas do navio, como se fossem gemidos de um gigantesco animal a enfrentar as intempéries”, conta Seibel.

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No destino do grupo, na Bahia Paraiso (Paradyse Bay), considerada a região mais fria da Península Antártica, avistaram pelo menos 20 baleias e bandos de pinguins. “Era um cenário nunca antes visto e que me deixou profundamente impressionado.”

A neve também foi uma das surpresas enfrentadas pelos aventureiros. “Foi um momento em que a visibilidade para fora do navio tinha diminuído para não mais de 50 metros. Foi preciso valermo-nos de todos os meios de proteção, como botas com forração, japonas com forração de pele, gorro, cachecol e luvas grossas”, relata Ivan.”

Segundo ele, para poder manejar o equipamento de imagens, ficou cerca de dez minutos sem a luva, Isso fez com que perdesse totalmente a sensibilidade da mão e arriscasse uma queimadura de pele. “A solução foi retornar ao camarote e aquecer as mãos com água morna, antes de continuar a documentação fotográfica. Era um cenário jamais visto ou imaginado por alguém vindo de um país tropical.”

Aos 77 anos, o médico já visitou 38 países e esteve por seis vezes na Alemanha. Para o próximo ano, tem programada uma ida à Europa e também para a Islândia. O objetivo é chegar, no mínimo, a 50 países visitados.

“Considerei essa mais uma aventura, e para matar a curiosidade sobre o degelo. Já tinha visto esse fenômeno no norte da Escandinávia e fiquei atraído para vê-lo na Antártica. A Islândia, que visitarei no ano que vem, tem muita semelhança com a Península Antártica.”

Protegida por todos

No século 19 e início do século 20, segundo Ivan Seibel, a Antártica se constituiu em um ambiente de rapinagem. Baleias, focas e outros animais eram sistematicamente massacrados, visando a obtenção de matérias-primas para o ser humano. Muitos animais, como a raposa de Falklands, simplesmente foram caçados até a sua extinção.

Segundo ele, atualmente há legislação que protege esse continente da invasão desenfreada e da contaminação humana. A presença de quase 70 bases de pesquisas cientificas mantidas por diversos países auxilia no estudo da biodiversidade dessa região polar e até no controle de acesso de pessoas autorizadas.

Tudo isso é possível porque a Antártica não tem dono especifico, e sim países protetores. Um deles é o próprio Brasil que, por meio de suas estruturas, na forma de bases, exerce papel fiscalizador, em uma tentativa de proteger a biodiversidade do Continente Branco e controlar o acesso de pessoas que em nada contribuem para a preservação ambiental.

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