Assembleia-Geral da ONU reitera apoio à Ucrânia em derrota para Trump, e Brasil se abstém

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

A Assembleia-Geral da ONU reiterou nesta segunda-feira (24) seu apoio à integridade territorial da Ucrânia e condenou a invasão russa que completa três anos, em uma derrota para os Estados Unidos, que não conseguiram aprovar um texto pedindo uma solução rápida e sem condições.

O breve projeto de resolução do governo de Donald Trump -que deu uma guinada na política externa e se aproximou da Rússia de Vladimir Putin- pedia um “fim rápido” do conflito sem mencionar a integridade territorial da Ucrânia. Foi tão emendado que os EUA acabaram se abstendo de votá-lo nesta segunda.

O texto preparado pela Ucrânia e seus aliados europeus -adotado por 93 votos a favor, 18 contra, incluindo EUA e Rússia, e 65 abstenções-, reitera o “compromisso com a soberania, independência, unidade e integridade territorial da Ucrânia”. Na lista dos que se abstiveram estavam, entre outros, Brasil, Argentina e Cuba.

A resolução destaca também a urgência de acabar com a guerra “este ano”, repete as exigências anteriores da Assembleia de um cessar-fogo imediato da Rússia contra a Ucrânia e a retirada de suas tropas.

“Nenhum país está seguro se uma agressão é justificada e a vítima é culpada por sua resiliência e desejo de sobreviver”, disse antes da votação Mariana Betsa, vice-ministra ucraniana das Relações Exteriores aos 193 estados da ONU. “Essa guerra nunca foi apenas sobre a Ucrânia. É sobre o direito fundamental de qualquer país existir, escolher seu próprio caminho e viver livre de agressão.”

A votação representa um revés diplomático para a política defendida por Trump para resolver rapidamente o conflito na Ucrânia, de negociar diretamente com as autoridades russas e marginalizar o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, a quem o americano chamou de “ditador sem eleições”.

E também significa uma vitória para as nações europeias preocupadas com as aberturas dos EUA para a Rússia pelo governo Trump.

O rascunho original dos EUA tinha três parágrafos -lamentando a perda de vidas durante o “conflito Rússia-Ucrânia”, reiterando que o principal propósito da ONU é manter a paz e segurança internacionais e resolver disputas pacificamente, e instando a um fim rápido do conflito e a uma paz duradoura.

Mas emendas europeias adicionaram referências à invasão em larga escala da Ucrânia pela Rússia e à necessidade de uma paz justa, duradoura e abrangente em conformidade com a Carta fundadora da ONU.

Após as numerosas emendas adotadas, o texto também foi adotado por 93 votos a favor, oito contra e 73 abstenções, incluindo a da delegação dos EUA.

À luz dessas votações no terceiro aniversário da invasão russa, o apoio à Ucrânia caiu consideravelmente desde os 140 votos a favor que a primeira resolução da Assembleia-Geral obteve em favor da soberania da Ucrânia. Por outro lado, os 15 membros do Conselho de Segurança foram paralisados pelo poder de veto da Rússia.

A votação colocaria os delegados europeus em uma situação difícil. Para ser adotada, uma resolução precisa do voto de pelo menos nove dos 15 membros do Conselho de Segurança, sem vetos de nenhum dos cinco membros permanentes (EUA, Reino Unido, França, Rússia e China).

Portanto, a abstenção de alguns membros da União Europeia (França, Eslovênia, Dinamarca, Grécia) e do Reino Unido não seria suficiente para rejeitá-la.

Um funcionário do Departamento de Estado dos EUA anunciou que seu país vetará qualquer emenda.

Trump disse nesta segunda que a guerra na Ucrânia poderia terminar “em algumas semanas”, e Macron pediu que Kiev fosse incluída nas negociações, durante reunião entre os dois líderes na Casa Branca.

Antes das votações, o embaixador da Rússia na ONU, Vassily Nebenzia, elogiou Trump por perceber que Zelenski “não está interessado em ter paz em seu país porque está se agarrando ao poder.”

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