Brics busca consenso sobre financiamento climático para apresentar na COP30, diz negociador-chefe do Brasil

Os países que integram o Brics vão tentar alinhar uma posição única sobre o financiamento de ações climáticas para apresentar na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que acontecerá em novembro, em Belém (PA). O objetivo é pressionar por um aumento nos recursos destinados ao enfrentamento da crise climática global, já que os valores acordados na última COP foram considerados insuficientes.

A informação foi confirmada pelo negociador-chefe do Brasil no Brics, embaixador Maurício Lyrio. Segundo ele, os países do bloco – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – pretendem reforçar a coordenação durante a presidência brasileira do grupo para levar uma posição conjunta à COP30. “Os países em desenvolvimento e emergentes não ficaram totalmente satisfeitos com os resultados de Baku porque, em termos de financiamento — e dada a necessidade de volumes mais altos de financiamento no combate à mudança do clima —, os resultados foram modestos”, afirmou Lyrio, referindo-se à COP29, realizada no Azerbaijão, em 2024.

Brasil assume protagonismo na discussão climática

O Brasil assumiu a presidência rotativa do Brics em 2025 e pretende usar o bloco como plataforma para impulsionar a agenda ambiental. Como anfitrião da COP30, o governo brasileiro quer aproveitar as reuniões do Brics e do G20 para construir consensos sobre a necessidade de um financiamento climático mais robusto, especialmente para nações em desenvolvimento.

Nesta semana, os negociadores dos países-membros do Brics se reúnem em Brasília para discutir prioridades e buscar convergências antes da cúpula de chefes de Estado, que ocorrerá em julho, no Rio de Janeiro. O evento reunirá líderes das cinco nações do bloco e será precedido por cerca de cem encontros técnicos e ministeriais, tanto presenciais quanto virtuais.

Entre os principais pontos em discussão está a busca por novas fontes de financiamento climático. Atualmente, estima-se que seriam necessários cerca de US$ 1,3 trilhão para mitigar os impactos da crise ambiental. No entanto, durante a COP29, foi acertado um compromisso de apenas US$ 300 bilhões anuais até 2035 para apoiar países mais pobres – um valor que os governos emergentes consideram muito abaixo do necessário.

Financiamento climático e desigualdade global

O financiamento das ações climáticas tem sido um dos principais impasses nas negociações internacionais sobre meio ambiente. Países em desenvolvimento argumentam que as nações mais ricas, historicamente responsáveis pela maior parte das emissões de gases do efeito estufa, devem assumir um papel mais ativo no repasse de recursos para projetos de adaptação e mitigação climática.

No cenário global, a dificuldade em avançar na mobilização de fundos para o clima tem gerado insatisfação entre os países mais vulneráveis. “Há o interesse dos países do Brics de reforçar a coordenação, durante a presidência brasileira, para levar uma posição conjunta sobre a questão do financiamento do combate à mudança do clima. […] Então, isso tem uma prioridade alta da presidência brasileira”, afirmou Lyrio.

A proposta brasileira passa pela criação de mecanismos que garantam a destinação de recursos de forma eficiente e transparente. Uma das estratégias em análise é ampliar a participação dos bancos de desenvolvimento e de instituições financeiras multilaterais na captação de investimentos para projetos ambientais.

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