“Todos aceitam a morte na superficialidade”, alerta Monja Coen ao Jornal Opção

No último sábado, 22, Goiânia recebeu uma das palestrantes mais aguardadas da 16ª Mostra “O Amor, a Morte e as Paixões”. A monja zen-budista Monja Coen, autora do best-seller Em cada instante nascemos e morremos bilhões de vezes, compartilhou com o público goianiense profundas reflexões sobre a morte, a vida e o envelhecer. Em sua palestra, Coen abordou temas centrais de sua obra mais recente, propondo uma visão serena e lúcida sobre os altos e baixos da existência.

Em uma entrevista exclusiva ao Jornal Opção, Monja Coen revelou que a aceitação da morte não deve ser encarada de forma superficial, mas como uma realidade que pode ser vivida de maneira sensível, trazendo paz ao viver. “Acho que todo mundo aceita a morte na superficialidade, mas não penetra na intimidade de pensar no individual”, destacou Coen.

Para a monja, esse reconhecimento não apenas nos prepara para a inevitabilidade da finitude, mas também nos permite estar mais presentes no cotidiano, aproveitando cada instante com mais intensidade.

“Se são tão rápidos e breves os momentos da vida, por que não vivê-la de forma inteira e presente? Esteja inteiro fazendo seu melhor a cada instante”, completou, destacando a importância de se comprometer de maneira plena com o presente, independentemente das adversidades.

Em sua palestra, Monja Coen também discutiu a busca incessante por prazeres instantâneos, uma característica marcante da sociedade contemporânea. Segundo ela, embora esses prazeres possam ser estimulantes, a angústia que frequentemente os acompanha é um sinal de que algo está faltando.

Chega um momento que a gente cansa de tanto prazer. Embora seja muito estimulante e divertido por um momento, a angústia já mostra que algo está errado

Monja Coen, missionária brasileira

Para ela, a verdadeira paz surge não na busca pelo prazer fugaz, mas no autoconhecimento e na observação profunda de si mesmo.

“Silencie e observe em profundidade a si mesmo. Esse sofrimento é real ou é uma construção da minha mente?”, provocou, incentivando os presentes a questionarem a origem de suas angústias e a explorarem o poder da meditação para compreender seus próprios processos internos.

Monja Coen, missionária oficial da tradição zen-budista Soto Shu, com sede no Japão, compartilhou também um pouco de sua jornada espiritual. Formada inicialmente em Los Angeles, Coen passou doze anos no Mosteiro Feminino de Nagoya, no Japão, onde foi ordenada monja em 1983 e completou sua formação como Tokubetsu Soryo, uma monja especial habilitada a ensinar em mosteiros.

Ao longo de sua carreira, fundou a Comunidade Zen-Budista Zendo Brasil, sendo uma das principais referências no país sobre práticas de meditação e filosofia zen.

Em seu livro “Em cada instante nascemos e morremos bilhões de vezes“, a autora se dedica a uma reflexão sensível sobre o envelhecer, tema que, segundo ela, é frequentemente evitado. Coen abordou a inevitabilidade do envelhecimento com uma sabedoria que desafia a cultura de negação da morte que permeia a sociedade.

Monja Coen, missionária brasileira palestrando na 16ª Mostra O Amor, a Morte e as Paixões | Foto: Guilherme Alves / Jornal Opção

Ela também fez uma reflexão sobre como podemos encontrar mais leveza à medida que envelhecemos. “Como lidar com as mudanças no corpo, a saúde ou até mesmo a perda de memória? Como encarar a vulnerabilidade desse processo?”, questionou.

Para Monja Coen, o envelhecimento não é algo a ser temido, mas compreendido como uma continuidade do nosso ser, um resultado do que somos no presente, moldado por tudo o que vivemos no passado.

A monja também destacou que a angústia que sentimos ao longo da vida pode ser uma poderosa fonte de autoconhecimento e transformação. “A angústia também é essencial e bem-vinda. Isso nos leva ao questionamento, procura e encontro. O encontro é a procura contínua, não tem fim”, afirmou, reforçando que o sofrimento é muitas vezes uma construção mental que pode ser transformada por meio da prática da meditação e da consciência plena.

Em seus últimos momentos de palestra, Monja Coen trouxe uma mensagem de urgência para viver plenamente no agora, sem se perder nas ansiedades do futuro. “Não fico pensando na morte, fico pensando que em cada instante é momento de viver. Vou viver o melhor que eu posso agora. Tem um certo sentido de urgência ao mesmo tempo uma experiência de tantos nos de viver isso tantas vezes e fica mais leve, suave”, concluiu, deixando o público com uma reflexão profunda sobre como viver com mais intensidade e presença.

A palestra de Monja Coen em Goiânia foi um convite para olhar para a vida e a morte com mais sabedoria, aceitação e tranquilidade, e para cultivar uma existência mais plena e significativa, independentemente dos desafios que ela nos impõe. Ao final, o público saiu do evento com uma sensação de leveza e inspiração, prontos para viver com mais consciência e serenidade.

Confira a entrevista completa com Monja Coen no Opção Play

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