Partido de extrema direita alemão readmite deputados expulsos por falas nazistas

afd maximilian krah

VICTOR LACOMBE
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

O partido de extrema direita AfD (Alternativa para a Alemanha) aprovou nesta terça-feira (25) a readmissão de Maximilian Krah e Matthias Helferich, expulsos da sigla em 2024 e 2021, respectivamente, depois de terem feito falas consideradas nazistas. Tanto Krah quanto Helferich foram eleitos para assentos no Parlamento alemão nas eleições do último domingo (23).

Os dois foram reincorporados ao quadro de correligionários da AfD durante a reunião que confirmou Alice Weidel e Tino Chrupalla como co-presidentes do partido. Segundo comunicado da sigla, nenhum dos deputados presentes levantou objeções a reintegrar os políticos expulsos.

Krah era o principal candidato da AfD ao Parlamento Europeu nas eleições para o órgão legislativo da União Europeia em junho de 2024, mas renunciou dias antes do pleito depois de dizer a um jornal italiano que “nem todos os membros da SS eram criminosos”.

A fala causou grande comoção e levou à expulsão da AfD do bloco de partidos de ultradireita no Parlamento Europeu, que inclui o francês Reunião Nacional, de Marine Le Pen, e o italiano Lega, de Matteo Salvini.

A Schutzstaffel (“tropa de proteção”, em alemão), ou simplesmente SS, era um grupo paramilitar nazista responsável por administrar os campos de concentração e extermínio durante o Holocausto, o assassinato de 6 milhões de judeus e de outros grupos. Liderada por Heinrich Himmler, a organização acumulou poder e prestígio ao longo dos anos sob Adolf Hitler e foi responsável por aplicar as leis de pureza racial do regime.

Já Matthias Helferich renunciou ao cargo de deputado em 2021 depois do vazamento de uma mensagem na qual referia-se a si mesmo como “o rosto amigável do nacional-socialismo”. Na época, o político se defendeu dizendo que estava tirando sarro da forma como a esquerda o classifica.

A imprensa alemã relata que a decisão de readmitir Helferich causou polêmica até mesmo dentro da AfD.

Em comunicado obtido pelo jornal Zeit Online, o diretório regional do partido na Renânia do Norte-Vestfália, estado pelo qual Helferich se elegeu neste domingo, afirmou que Weidel e Chrupalla “tinham todas as informações e receberam todos os avisos” a respeito de reintegrar o deputado. “Eles devem ser responsabilizados por todos os eventuais escândalos e consequências desta decisão.”

Helferich disse nesta terça que quer lutar no Parlamento alemão por uma “política cultural patriótica”, e que espera conseguir uma vaga na comissão de cultura do Legislativo. Segundo ele, é preciso incentivar “referências positivas a respeito da nação e do povo” alemães.

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