Gospel, irmã de Oruam canta músicas do pai e torce por conversão do rapper

c749fa4b46bca91d20c36f55345c8fd2

SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS)

O rapper Oruam, 23, preso nesta terça (26) no Rio de Janeiro, tem uma irmã que também seguiu carreira musical, mas de uma forma bem diferente: a cantora gospel Débora Gama, 26. Filha do traficante Marcinho VP, ela já disse que sonha com o retorno do irmão à igreja evangélica.

QUEM É DÉBORA GAMA?

Débora se formou em arquitetura, mas é cantora gospel desde a adolescência. Ela comemorou o fim da faculdade em 2021, mas já em 2022 começou a dedicar todas as suas redes sociais apenas à música.
A cantora se casou em novembro de 2024 com o lutador Gabriel Brasil. Ele trabalha com ela em um ministério itinerante, o “Mora em Mim”, que visita diversas igrejas com os louvores de Débora.

Ela lamentou a ausência do pai, que está preso, mas disse ter recebido um recado divino sobre a situação.

“Estava orando sobre o meu casamento e falei pra Deus: ‘o senhor sabe o quanto eu desejo viver esse momento e ter meu pai aqui, mas sei que isso seria um milagre e milagre só o Senhor faz. À noite eu ia ministrar em uma igreja e tinha um pastor que estava pregando e eu não conhecia. No meio da pregação ele saiu do altar, foi na minha direção e falou: ‘olha, sei que você é órfã de pai vivo, e eu tenho uma coisa pra te dizer: ‘aquele caminho quem vai fazer contigo sou eu, seu Deus, eu sou seu pai”, contou ela ao podcast PodCrê, em dezembro do ano passado.

A cantora é discreta nas redes, onde tem mais de 250 mil seguidores. No Instagram, Débora tem apenas 55 postagens, a maioria sobre trabalho – sobre sua vida pessoal, apenas as do casamento.

Ela chegou a formar dupla com outro de seus irmãos, Lucas, e seguiu carreira solo em 2018, quando o irmão deixou a música. Antes, eles lançaram três álbuns gospel, entre 2009 e 2014. No total, Marcinho VP tem cinco filhos, todos com Márcia Gama, que continua casada com ele.

Muitas de suas canções cristãs foram escritas pelo pai, a quem define como um “compositor maravilhoso”. “Deus dá canções incríveis para ele, e a gente teve a oportunidade de gravar algumas canções dele tanto no meu álbum em dupla com o Lucas, quanto no meu álbum solo”, detalhou ela ao podcast gospel, em uma rara entrevista.

A cantora afirma que visita o pai e que ele continua fazendo letras para ela. “A gente está sempre viajando, ele está em um presídio federal fora do Rio, então a gente não visita toda semana, minha mãe vai em uma, eu em outra, mas frequentemente a gente tem esse contato com ele”, contou Débora no mesmo episódio.

“Esses dias ele me mandou uma carta com várias músicas e falou: ‘olha, no seu próximo CD tem que entrar música minha. E é muito importante pra ele. Quando a gente grava e mostra ele fica com raiva porque tem que ser com a melodia, a letra e as palavras que ele falou. Ele fala: ‘a minha ficou melhor’. Mas é a pessoa que mais incentiva a gente, no nosso ministério e na nossa carreira, tudo que a gente faz tem muito o dedo do meu pai”, disse ela ao PodCrê.

Segundo Débora, após ter filhos com Marcinho enquanto ele estava preso, sua mãe decidiu criar todos em um lar cristão. “O testemunho da minha casa, da minha família, levou minha mãe a trilhar um caminho em que a gente pudesse escrever uma nova história. (…) Foi quando ela começou a trilhar esse caminho diferente pra nossa casa, então eu cresci dentro de um lar cristão e foi a melhor decisão da minha mãe pra nós.”

Ela diz que sonha com a ida de Oruam para a religião – hoje, suas letras fazem referência a temas polêmicos, o que gera, inclusive, críticas de conservadores. Ao responder quem ela queria ver como convidado no PodCrê, a cantora afirmou: “O Mauro, convertido, sentado aqui contando o testemunho de tudo que Deus fez na vida dele.”

Marcinho VP, de 55 anos, está preso desde 1996. Hoje ele cumpre pena por tráfico de drogas e por ser mandante de dois assassinatos na Penitenciária Federal de Catanduvas (PR). Ele ficou famoso por liderar o Comando Vermelho, uma das maiores organizações criminosas do Rio. Investigações apontam que Marcinho mantém sua influência mesmo dentro da cadeia.

Débora disse que trabalhou para “ressignificar” sua identidade por causa da história da família. “A forma que a gente lida com nosso pai terreno é, na maioria, a forma que nós lidamos com Deus. Mas o processo de ressignificar minha identidade, de eu entender o propósito de eu estar aqui, dentro dessa família, com os meus pais, vivendo o que eu estou vivendo, fez eu entender que Deus é o meu pai. Aquilo que eu necessito, Deus preenche, foi o único caminho que eu encontrei.”

Adicionar aos favoritos o Link permanente.