“Fale, não cale!”

Caro (a) leitor (a),

Se você me acompanha semanalmente aqui no jornal, já deve saber que o desafio de aceitar escrever esta coluna nasceu da possibilidade de “ter voz”. E quando essa voz atinge e toca as pessoas a ponto de elas investirem alguns momentos do seu bem mais precioso – o tempo – para se comunicarem comigo através de mensagens, comentários e até e-mails, sinto que estou no caminho certo.

Fale, não cale, ter voz

Como fiz o ditado: “quando a boca cala, o corpo adoece”, continuem “falando”comigo. – Foto: Getty Images/ND

Confesso que o mais gratificante é quando alguém me escreve dizendo que não tem o hábito de se comunicar dessa forma, mas que alguma coisa que escrevi o/a tocou e o/a fez refletir. Semana passada, por exemplo, recebi mensagens sobre um post no qual citei que “gargalhadas preenchem o vazio”. Sim, todos nós temos nossos momentos vazios, e não necessariamente isso significa que algo está errado. Muitas vezes, esses espaços são preenchidos pela alegria de momentos únicos. Afinal, quem nunca se sentiu sozinho(a) mesmo estando acompanhado(a)?

Se você já teve essa sensação, sabe que, às vezes, o silêncio denso pode ser ensurdecedor. E isso acontece por inúmeras razões. Mas acredito que, muitas vezes, sofremos – e nem sempre percebemos – porque reprimimos emoções. E isso pode afetar tanto a nossa saúde mental quanto física.

Tomates Verdes Fritos (1991) é um filme maravilhoso que mistura drama e nostalgia, trazendo uma história de amizade, superação e redescoberta da própria voz.

A trama acompanha Evelyn Couch (Kathy Bates), uma dona de casa infeliz e submissa, que sente ter perdido sua identidade e sua voz dentro do casamento. Tudo muda quando ela conhece Ninny Threadgoode (Jessica Tandy), uma idosa carismática que começa a lhe contar histórias do passado, transportando Evelyn para a década de 1920, no Alabama. Essas memórias fazem com que Evelyn revisite sua própria vida e perceba como reprimir sentimentos e desejos a adoeceu.

O filme é sobre libertação emocional, sobre como a amizade pode ser um processo de cura e, acima de tudo, sobre a coragem de falar – e como isso pode transformar vidas.

A narrativa se desenrola com Idgie Threadgoode (Mary Stuart Masterson) e Ruth Jamison (Mary-Louise Parker), duas mulheres fortes e independentes que desafiam os padrões sociais da época. Ruth, inicialmente submissa e presa a um casamento abusivo, encontra em Idgie o apoio para se libertar. Juntas, elas criam o Whistle Stop Café, um espaço acolhedor que se torna um refúgio para a comunidade.

Enquanto ouve essas histórias, Evelyn passa por uma transformação pessoal. Aos poucos, aprende a se impor, a expressar seus sentimentos e a recuperar sua autoestima. O elenco entrega performances cheias de emoção e profundidade, tornando o filme ainda mais impactante.

E você? Quantas vezes deixou de falar o que sente por medo do julgamento? Ou até mesmo falta de coragem? Já parou para pensar que o silêncio pode ser mais tóxico do que o conflito? Dar voz às nossas vontades, sentimentos, expectativas e até às nossas dores pode ser um caminho para a cura – tanto no ambiente pessoal quanto no mundo corporativo. Como fiz o ditado: “quando a boca cala, o corpo adoece”, continuem “falando”comigo.

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