Chapolin e padre que prenderam suspeito em bloco relatam cantadas de foliões

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MARIANA ZYLBERKAN
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

Após aparecerem na TV prendendo um suspeito de furto em meio aos foliões do bloco Baixo Augusta, no centro de São Paulo, no último domingo (23), vestidos de padre e de Chapolin, os dois policiais civis que integram a operação para coibir roubos e furtos de celular durante o Carnaval de rua paulistano tiveram que mudar de disfarce.

A blusa vermelha do personagem mexicano e a bata comprida foram parar em um armário do DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa), onde atua a equipe de cerca de 40 policiais que integram a operação, antes de o investigadores partirem para as compras na rua 25 de Março, conhecida pela ampla oferta de itens carnavalescos.

Uniformizados e com as armas no coldre, já que estavam em serviço, eles contam que chamaram a atenção dos vendedores por estarem procurando fantasias aparentemente já paramentados para a folia -no caso, como policiais. Os agentes pediram para não serem identificados.

Por se tratar de uma informação estratégica, a escolha dos novos personagens permanece sigilosa para não atrapalhar as diligências nos blocos ao longo do feriado, mas eles dão algumas pistas: as roupas precisam ser largas para esconder a arma e as algemas e não restringir os movimentos caso precisem correr atrás de suspeitos no meio da multidão.

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A escolha do bloco também faz parte de um planejamento feito com base nos desfiles com maior registro de ocorrências, assim como denúncias de vítimas feitas ao 190 em tempo real.

Os policiais contam que só vestem a fantasia para trabalhar em blocos em que há mais pessoas vestidas a caráter, para não chamarem mais atenção do que o esperado.

O esquema faz parte da operação deflagrada há três anos durante o Carnaval para coibir o aumento de roubos e furtos de celular em aglomerações típicas da folia. Fantasiados em meio aos foliões, os policiais contam que têm vantagem para identificar os ladrões que agem em grupos.

Para evitar o flagrante, os bandidos passam os aparelhos roubados de mão em mão aos integrantes da quadrilha. Na maioria das vezes, são mulheres as responsáveis por guardar os celulares debaixo das roupas ou em mochilas, por isso, a equipe conta também com policiais femininas para revistarem as suspeitas.

Em vez de fantasias de padre, Chapolin ou Pikachu, como seus colegas, as agentes saem às ruas com glitter no rosto e adereços na cabeça.

Apesar de ajudar na investigação, os disfarces causam contratempos e não são raras as vezes em que os agentes acabam abordados por policiais militares. Isso se deve ao comportamento de prestar mais atenção nas pessoas ao redor do que na música. A mesma postura é adotada pelos ladrões na busca por vítimas em potencial.

Por isso, os agentes adquiriram o costume de se identificar ao policiamento antes de se infiltrarem na multidão.

Outro efeito do disfarce, contam os policiais, são as cantadas de foliões mais atrevidos e o encontro com amigos que se aproximam sem saber que eles estão lá a trabalho.

Um dos agentes conta que já cruzou com um amigo que insistiu para lhe fazer companhia durante o desfile e teve que explicar para se manter afastado porque havia o risco de se machucar caso executasse a prisão de algum suspeito.

No fim de semana de pré-Carnaval, os policiais civis prenderam sete acusados de furtar ou roubar celulares dos foliões. Uma das prisões, segundo eles, resultou no desmembramento de uma quadrilha formada por integrantes vindos de Florianópolis (SC) e Belém (PA).

A partir da prisão de um deles, os policiais foram até o hotel onde estavam hospedados e, em seguida, conseguiram interceptar um ônibus onde um deles estava com os celulares roubados durante uma apresentação de Carnaval no parque Villa-Lobos.

No período fim de semana, a secretaria da Segurança Pública afirmou que houve 880 registros de roubos e furtos de celulares em todo estado de São Paulo, dos quais 590 ocorreram na capital. O número representa redução de 62% em relação ao mesmo período no ano passado, quando foram contabilizados 2.344 boletins de ocorrência do mesmo crime.

Em abordagem, em Pinheiros, um homem de 37 anos estava com sete celulares na cintura e também foi preso ao tentar furtar o aparelho de uma mulher. Ele foi levado para o 14º DP, no mesmo bairro.

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