Falsa biomédica vai a júri após provocar morte com aplicação de PMMA em procedimento estético

O juiz Jesseir Coelho de Alcântara, da 3ª Vara dos Crimes Dolosos Contra a Vida e Tribunal do Júri de Goiânia, aceitou a denúncia do Ministério Público de Goiás (MPGO) contra empresária acusada pela morte de paciente. De acordo com a denúncia, Grazielly da Silva Barbora teria aplicado a substância polimetilmetacrilato (PMMA) no interior do Ame-se Centro de Estética, no Setor dos Funcionários.

De acordo com o promotor de Justiça José Carlos Miranda Nery Júnior, a ré cometeu homicídio doloso (dolo eventual), motivado por motivo torpe, ao injetar o produto em condições inadequadas, sem a qualificação técnica necessária e sem observar os deveres legais de cuidado inerentes ao procedimento, assumindo, dessa forma, o risco de causar a morte, uma vez que a vítima faleceu no dia 2 de julho daquele ano, no Hospital Home, em Brasília, devido a complicações de saúde advindas diretamente da aplicação da substância.

A mulher, em atividade desde 2023, em Goiânia, teria exercício irregularmente a profissão de médica, sem a formação, efetuando diversos procedimentos invasivos e também prescrevendo medicamentos de uso controlado. “Durante este período, em sua clínica, a acusada executou serviços de alto grau de periculosidade, contrariando determinação da autoridade competente”, reforça o promotor.

Falsa profissional pelo lucro fácil

O promotor destaca que, embora não fosse graduada na área da saúde, Grazielly foi motivada por ganância e pelo lucro fácil ao atrair clientes, em maioria mulheres, que procuravam procedimentos para aplicações destes produtos. O PMMA é considerado como de alto risco, de administração restrita a profissionais médicos treinados, conforme Lei 12.842.

O local não possuía alvará sanitário e responsável técnico, tendo sido interditado pela Vigilância Sanitária do Município de Goiânia após fiscalização realizada no dia 3 de julho de 2024, ou seja, um dia após a morte da vítima. Apurou-se ainda que, no dia anterior ao procedimento, a denunciada passou a madrugada em uma festa e ingeriu bebidas alcoólicas, chegando atrasada para o atendimento de Aline, em aparente estado de agitação.

Ela teria utilizado as mãos, sem luvas, para massagear a região da aplicação e espalhar o produto. O procedimento durou menos de 20 minutos. Concluído o atendimento, a denunciada pegou uma receita de controle especial, em nome de uma médica, e prescreveu remédios para a vítima, a qual retornou, em seguida, para Brasília

A paciente passou a sentir dores intensas e febre, sendo internada e chegando a óbito por falência de múltiplos órgãos, secundária por choque séptico com origem no tecido subcutâneo dos glúteos.

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