Reino Unido e França divergem sobre acordo de cessar-fogo na Ucrânia

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

Um congressista britânico afirmou nesta segunda-feira (3) que Reino Unido e França não chegaram a um acordo sobre a proposta de um cessar-fogo de um mês na Ucrânia mencionada pelo presidente francês, Emmanuel Macron, após uma reunião com diversos líderes europeus para discutir o futuro da guerra na véspera em Londres.

“Mas estamos trabalhando juntos, com a França e com nossos aliados europeus, para determinar o caminho a seguir para uma paz duradoura na Ucrânia”, ressaltou Luke Pollard, subsecretário parlamentar de Estado para as Forças Armadas, à rádio Times.

Ele ainda afirmou que há várias propostas possíveis para uma trégua sobre a mesa. Macron havia afirmando ao jornal Le Figaro no domingo que França e Reino Unido propunham uma pausa que não afetaria os confrontos terrestres, apenas “nos céus, nos mares e nas infraestruturas energéticas”.

O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, afirmou a repórteres em Londres que estava ciente do plano anunciado pelo presidente francês. Ele, que na sexta-feira (28) enfrentou um humilhante confronto seu homólogo americano, Donald Trump, na Casa Branca, passou o fim de semana na cidade, primeiro para reunir-se com o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, e depois para participar da reunião que tinha como pauta o seu país.

Durante o evento, Starmer anunciou um apoio de € 1,6 bilhão (cerca de R$ 11 bilhões) a Zelenski. Este permitirá que o país invadido compre 5.000 mísseis de defesa aérea.

O Kremlin, que já tinha criticado a cúpula na véspera, afirmou nesta segunda que o encontro era um “incentivo à guerra” e uma indicação do desalinhamento crescente entre a Europa e os Estados Unidos -sob Trump, o último tem se aproximado cada vez mais da Rússia.

“Vemos que uma fragmentação do Ocidente coletivo começou”, disse o porta-voz do governo russo, Dmitri Peskov. “Kiev e Zelenski não querem a paz. É muito importante que alguém force Zelenski a mudar sua posição”, acrescentou, fazendo referência à insistência do presidente americano e seu vice, J.D. Vance, em obrigar seu homólogo ucraniano a aceitar as suas condições para a paz no Leste Europeu.

Peskov afirmou, aliás, que o presidente russo, Vladimir Putin, tinha acompanhado o que chamou de “evento sem precedentes” na Casa Branca. Disse ainda que o entrevero entre os líderes demonstrou a falta de habilidades diplomáticas de Zelenski.

Esta não é a opinião dos líderes europeus, que em sua grande maioria saíram em defesa do ucraniano. O ex-presidente da Polônia e Nobel da Paz Lech Walesa, por exemplo, divulgou nesta segunda uma carta a Trump expressando “horror e repulsa” à sua discussão com Zelenski na Casa Branca.

No domingo, Zelenski disse acreditar ainda poder salvar seu relacionamento com Trump, mas manteve a sua posição de que a Ucrânia não cederia nenhum território à Rússia para encerrar a guerra.

Ele e seus aliados veem a invasão russa de 2022 como uma apropriação imperialista de terras. Putin, por sua vez, defende que o conflito é uma batalha contra um Ocidente decadente que, segundo ele, humilhou Moscou após a Queda do Muro de Berlim, em 1989, expandindo a Otan e invadindo a esfera de influência russa, que incluiria Kiev.

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