Vaga Lume completa 23 anos de educação na Amazônia: conheça a trajetória da ONG fundada por mulheres e considerada uma das mais premiadas do Brasil

Quem ouve a história pela primeira vez pode até pensar que é o roteiro de um filme. Em 2002, três jovens educadoras mergulharam em uma expedição pelo coração do Brasil. Sylvia Guimarães, Maria Teresa “Fofa” Meinberg e Laís Fleury queriam conhecer mais sobre o norte do Brasil e embarcaram rumo à Amazônia levando consigo livros e o sonho de, talvez, incentivar a transformação de realidades por meio da leitura. O dia de partida da viagem não poderia ser mais emblemático: 08 de março, Dia Internacional da Mulher.

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Sylvia Guimarães, Laís Fleury e Maria Teresa “Fofa” na expedição pelo coração do Brasil em 2002. (Divulgação/Vaga Lume)


“Muitas pessoas estranharam, na época, aquelas três mulheres viajando sozinhas, indo ao encontro da Amazônia, da floresta”, lembra Sylvia Guimarães, uma das fundadoras e atual presidente da Vaga Lume. O objetivo era ambicioso: de mochila nas costas, passar pelos nove estados da Amazônia Legal, partindo do Mato Grosso e terminando no Tocantins, em dezembro daquele ano, levando livros e formando mediadores de leitura pelo caminho.


Uma ideia que soava tão insólita que tinha gente que nem acreditava quando elas contavam o que estavam fazendo. Essas moças vieram de São Paulo até aqui, sozinhas, para distribuir livros? Por era verdade.

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O legado da Vaga Lume em 23 municípios da Amazônia Legal continua sendo construído, com 95 bibliotecas comunitárias em funcionamento, 177 mil livros doados e 110 mil crianças e jovens impactados. (Divulgação)


Um ano antes, em 2001, as jovens educadoras partiram para implementar um piloto em municípios do Pará. A ação foi tão bem aceita pelas comunidades que, em 2002, voltaram para realizar uma expedição que durou nove meses e passou por 53 comunidades ribeirinhas, beiradeiras, rurais, quilombolas e indígenas. Ao chegarem de volta à capital paulista, encontraram várias cartas de gente pedindo para que voltassem, pois outras comunidades queriam bibliotecas e cursos de formação.


Nascia ali a Associação Vaga Lume, que chega a mais de duas décadas de existência tendo as mulheres como a força motriz do projeto: 76% do total de voluntários da Vaga Lume são mulheres, sendo a maioria educadoras. Atualmente a ONG tem 808 voluntários atuantes, que levam adiante a missão de transformar a vida de crianças e jovens de comunidades rurais da Amazônia a partir do estímulo à leitura e da gestão de bibliotecas comunitárias como espaços de transformação social.


Para Sylvia, as descobertas daquela viagem na relação com as pessoas que encontravam já apontavam algumas das maiores lições que essas duas décadas de atuação trouxeram. “O grande aprendizado da Vaga Lume, da troca, é que não existe uma experiência só. Em cada comunidade foi uma história, cada uma tinha a sua relação escola-comunidade, e cada local tinha uma cultura e nos recebeu de um jeito”, conta. “Conhecemos essa diversidade da Amazônia, não só uma diversidade de origens ancestrais das comunidades, mas grande uma diversidade de organização comunitária.”


Hoje, a ONG conta com a colaboração de mais de 5000 mediadores de leitura formados em 97 bibliotecas comunitárias instaladas em 23 municípios. Um sonho de três educadoras e, desde então, transforma realidades — já foram mais de 110 mil jovens impactados desde então. Além disso, a Vaga Lume já doou mais de 177 mil livros às bibliotecas da rede, sendo 14 mil apenas no ano passado. E em 2023, os voluntários doaram mais de 180 mil horas de trabalho às atividades da organização.

A Vaga Lume, que começou como um sonho e como uma aposta na promoção da leitura, segue com a estratégia de transformação social e valorização dos territórios e da promoção e reconhecimento dos voluntários. “A educação é um investimento de longo prazo. É muito gratificante ver que a gente plantou sementes, as comunidades cuidaram, regaram e hoje temos árvores que dão frutos, que são os mediadores de leitura. E antes, eles eram crianças das bibliotecas, que cresceram com esses espaços de leitura e, agora, estão à frente dos trabalhos das bibliotecas e também ocupando outros espaços, indo para o ensino superior e atuando na vida acadêmica”, finaliza Sylvia.

Para conhecer mais sobre o trabalho da organização e saber como contribuir, acesse o site da Associação Vaga Lume.

Sobre a Vaga Lume
A Vaga Lume está presente em 23 municípios da Amazônia Legal, com 95 bibliotecas comunitárias em funcionamento e mais quatro em implantação. A ONG já doou 177 mil livros e formou mais de 5 mil mediadores de leitura, impactando a vida de 110 mil crianças e jovens. Seu propósito é empoderar comunidades rurais da Amazônia por meio da leitura e da gestão de bibliotecas comunitárias, promovendo intercâmbios culturais e transformação social.
Para saber mais, acesse o site da Associação Vaga Lume e assista ao mini documentário disponível no YouTube.

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