Editorial – Caleidoscópio sonoro

A excelência da campanha massiva de reconhecimento à axé music produziu tal recuo de temporalidade afetiva em folionas e foliões a ponto de despertar memórias da época do surgimento deste ritmo legatário dos primórdios do trio elétrico e até de períodos anteriores.O resultado foi um “caleidoscópio sonoro”, misturando-se tendências de sabores auditivos variados e complementares ao hipotético instrumento originalmente formador de “espelhos”, desta vez transformado por multiplicidade de sons e tons.A reinvenção de melodias e harmonias, ao mexerem e remexerem o caldeirão de música baiana, pode recuperar parte da criatividade anterior e associada aos 40 anos da idade atribuída ao “axé”, tomando como marco temporal zero o “deboche” e o “fricote”, tidos como “fertilizantes” de autoria do pioneiro Luiz Caldas.A lembrança de aspectos de idos carnavais exige o passaporte etário, ao embarque na nau da memória, ao garantir a “viagem” por canções de viés estético também associado a bandas eternizadas na arte de Novos Baianos, A Cor do Som e os primeiros sucessos do Trio Tapajós, entre outros presentes neste desfile atemporal, tendo chegado estes “ancestrais” à Praça Castro Alves antes da cadência homenageada este ano pela passagem de suas quatro décadas.A miscelânea dos tímpanos produziu encontro de gerações, em episódios nos quais cantaram conjuntos espontâneos de filhos habituados aos estribilhos apreciados por pais e avós nascidos no século passado, ainda na era do império de vinis e fitas cassetes.A “colagem” intergeracional de acordes sonantes verificou-se nas ruas, onde o célebre aforismo repetiu-se, julgando-se insanos aqueles que pulavam em pleno entusiasmo os ritmos construídos nesta baianíssima linha de todos os tempos.
Adicionar aos favoritos o Link permanente.