A Sociedade do Cansaço e a Arte de Parar

A Sociedade do Cansaço e a Arte de PararEvelin Santos

Vivemos em uma era onde descansar virou quase um crime. Se você não está exausto, sobrecarregado e com mil abas abertas (no navegador e na mente), parece que está fazendo algo errado. Bem-vindo à Sociedade do Cansaço, como bem descreveu o filósofo Byung-Chul Han. Aqui, a produtividade e perfomance se tornou uma religião, e a exaustão, um troféu.

Mas vamos pensar um pouco: quando foi a última vez que você simplesmente parou? Não para dormir de exaustão, nem para rolar o feed do celular, mas para contemplar o tempo, sentir o vento no rosto ou ouvir o silêncio?

A questão é que na era da informação parece é que fomos treinados para acreditar que pausa é sinônimo de preguiça. A sociedade moderna transformou o ócio criativo em desperdício de tempo e a contemplação como uma aparente falta de compromisso com a vida. E o Resultado? Estamos mais ansiosos, mentalmente sobrecarregados e cada vez menos capazes de simplesmente estar no presente.

A verdade é que o cérebro precisa de pausas. A criatividade, a clareza mental e até mesmo a felicidade dependem de momentos de descanso genuíno. Sem eles, viramos máquinas de produção, presas em um ciclo de fadiga e frustração.

Constatamos então, que esta é a hora de resgatar o valor das pausas. Isso não significa abandonar responsabilidades, mas aprender a respirar entre elas. Que tal algumas ideias?

Fique Off do mundo virtual. Olhe para o céu, observe as nuvens, sinta o cheiro do café, brinque com a criança, beije a pessoa querida… SEM PRESSA!

Diminua o ritmo. Nem tudo precisa ser urgente. Nem tudo precisa ser agora.

Desconecte-se. Nem toda notificação precisa de resposta imediata.

Valorize o silêncio. Ele é raro e precioso.

A vida não precisa ser uma eterna maratona de produtividade. Permita-se contemplar, desacelerar e, quem sabe, redescobrir a beleza do tempo vivido – e não apenas consumido.

Referência: HAN, Byung-Chul. Sociedade do cansaço. Tradução de Enio Paulo Giachini. Petrópolis: Vozes, 2015.

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