Confrontos entre forças de segurança da Síria e milícias pró-Assad matam mais de 40

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

Combatentes ligados ao ditador deposto da Síria, Bashar al-Assad, atacaram as forças do governo interino de Ahmed al-Sharaa, nesta quinta-feira (6), segundo as autoridades do país, em um dos piores episódios de violência desde que os rebeldes liderados pelo Hayat Tahrir al-Sham (HTS) tomaram o poder.

Pelo menos 13 membros das forças de segurança foram mortos nos confrontos na região litorânea de Jableh, informou a Syria TV, alinhada ao governo. O chefe de segurança regional disse que muitos membros das forças de segurança foram mortos e feridos, no que ele descreveu como um ataque realizado por remanescentes de milícias leais a Assad. Por outro lado, uma ONG local afirmou que as forças de segurança sírias mataram 28 homens ligados ao ditador deposto.

O ataque marcou uma forte escalada das tensões na área costeira do país que forma o coração da comunidade alauíta de Assad e surgiu como um grande desafio de segurança para Sharaa, que trabalha para consolidar seu controle.

Três meses depois que os insurgentes islâmicos liderados pelo HTS derrubaram Assad, seus esforços para reunificar a Síria após 13 anos de guerra civil estão enfrentando inúmeros desafios. Entre eles está a declaração de Israel de que não tolerará a presença do HTS na região sudoeste, perto da fronteira israelense.

As tensões têm sido acirradas na região montanhosa do litoral, onde o governo sírio mobilizou muitas de suas forças e onde os moradores relataram ter ouvido tiros pesados em várias cidades e vilarejos à medida que a situação piorou nesta quinta.

O ataque envolveu vários grupos de milícias alinhadas a Assad que atacaram patrulhas de segurança e postos de controle na área de Jableh e arredores, disse o chefe de segurança da província de Latakia, tenente-coronel Mustafa Kunaifati.

A ação resultou na morte de “muitos mártires e feridos entre nossas forças”, acrescentou ele em declarações publicadas pelo Ministério do Interior. As forças de segurança absorveram o ataque na zona rural ao redor de Jableh, embora os confrontos continuassem dentro da cidade.

O regime liderado por Assad recrutou grande parte da comunidade alauíta para o aparato de segurança e a burocracia do Estado sírio -algo que as autoridades interinas agora tentam desfazer, inclusive por meio de demissões em massa.

Os ativistas alauítas dizem que sua comunidade tem sido submetida à violência e a ataques desde a queda de Assad, principalmente na zona rural de Homs e Latakia. Embora Sharaa tenha se comprometido a administrar a Síria de forma inclusiva, nenhuma reunião foi declarada entre ele e as principais figuras alauítas, em contraste com membros de outros grupos minoritários, como curdos, cristãos e drusos.

A agência de notícias estatal Sana informou que as forças de segurança em Jableh haviam detido Ibrahim Huwaija, um importante oficial de inteligência de Hafez al-Assad, pai de Bashar e também ditador do país até morrer, em 2000. Um funcionário do Ministério da Defesa da Síria disse que as operações das forças de segurança tinham como objetivo perseguir grupos armados, incluindo criminosos de guerra.

As autoridades declararam toque de recolher na cidade litorânea de Tartus, onde os protestos contra o novo governo eclodiram. Um morador disse que as forças de segurança dispararam armas para dispersar a multidão.

No início desta semana, dois membros do ministério da Defesa foram mortos na cidade de Latakia por grupos também identificados pela mídia estatal como remanescentes de milícias pró-Assad.

As tensões também provocaram violência no sudoeste da Síria nesta semana. Segundo as autoridades de segurança, cerca de 12 pessoas foram mortas na cidade de Al-Sanamayn em dois dias de violência na terça e na quarta-feira.

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