Julio Brant e Clóvis Munhoz rompem com Pedrinho e deixam Conselho Deliberativo do Vasco

Antigos aliados de Pedrinho, Julio Brant e Clóvis Munhoz anunciam carta de renúncia e não fazem mais parte do Conselho Deliberativo do Vasco. Além deles, Eduardo Raia e Ricardo Cotta também renunciaram, o que demonstra o início de um isolamento da atual gestão comandada pelo presidente Pedrinho.

Na carta enviada ao Conselho Deliberativo do Vasco, os membros destacaram insatisfação com os caminhos tomados por Pedrinho em relação ao rompimento com a 777 Partners, demora no início da reforma de São Januário e dificuldades da equipe dentro de campo. Além disso, os ex-conselheiros também afirmaram que o “Vasco voltou a ser um cabide de empregos” e reclamaram dos atrasos na publicação dos balancetes de 2024 e 2025.

Julio Brant, que apoiou Pedrinho nas eleições de 2023 e que também já foi candidato à presidência do Vasco em 2014 e 2017, destacou os motivos para a renúncia.

“O não cumprimento de elementos básicos do acordado, conforme na carta que apresentamos; transparências nas contratações, enfraquecimento da SAF, fortalecimento do modelo associativo, tudo que o sócio votou contra.”

Além disso, o ex-conselheiro também prometeu acompanhar de perto a atual diretoria e cobrar pela busca de investidores para a venda da SAF.

“Nesse momento, o objetivo é acompanhar os feitos da gestão, fiscalizar e pressionar pra que seja feita a vontade do sócio: a busca de investidor e venda da Vasco SAF.”

    Confira a carta de renúncia

    “Para todo vascaíno é uma honra e grande responsabilidade ser eleito membro do Conselho Deliberativo do Club de Regatas Vasco da Gama. Nesses mais de dez anos de atividade política, atuamos fortemente para mudar a história do clube. Foram lutas para democratizar, abrir e modernizar o Vasco. Eleições diretas, eleições online, constituição da SAF, apoio na aprovação do Projeto de Lei da reforma de São Januário, dentre tantas outras pautas importantes.

    No entanto, não podemos continuar a endossar algo que não acreditamos. A eleição de 2023 foi baseada na defesa da harmonia e compartilhamento de valores que não foram mantidos e cumpridos pela atual gestão. Valores esses que pontuamos e que sempre foram motivo de orgulho e compromisso do grupo com os sócios

    Essa é, acima de tudo, uma carta de alerta e de atenção aos vascaínos.

    1- Modelo SAF
    Criamos a “Um Só Vasco” por acreditar que o melhor a fazer era fortalecer a Vasco SAF, independente do investidor. Esse foi o desejo de mais de 70% dos sócios. Apesar disso, a diretoria tomou uma decisão radical e unilateral, sem consultar o conselho, sua base de apoio e, principalmente, o sócio do clube e retomou na Justiça o controle da Vasco SAF. Sempre defendemos a saída negociada do investidor, prevista em contrato, sem intervenção da Justiça. A judicialização trouxe insegurança jurídica a Vasco SAF, afastando potenciais investidores, que precisam de segurança, credibilidade e garantias para aportar o tão necessário recurso de que nosso Vasco precisa para voltar às glórias. Estamos vendo o enfraquecimento de nossa SAF e o fortalecimento do associativo, tudo que não queríamos e lutamos para transformar. O acirramento recente da disputa entre 777 e associativo em relação ao controle da Vasco SAF e sobre a Recuperação Judicial, só contribuem para esse ambiente de instabilidade, afugentando investidores.

        2- Meritocracia
        Nossa bandeira sempre foi o profissionalismo. O Vasco voltou a ser um cabide de empregos para amigos, filhos e parentes de quem está no poder. Além disso, irmãs, sócios e amigos de conselheiros aliados são corriqueiramente contratados para atuar em funções importantes da nossa Vasco SAF. Cobramos critério técnico para essas contratações.

        3- Transparência
        Atrasos na publicação de balancetes, em especial 2024 e 2025, conflito de interesses de gestores do clube, falta de clareza no processo de contratação de pessoas e empresas que servem ao clube são claros exemplos que contrariam tudo o que sempre defendemos e lutamos contra em gestões passadas. A recuperação judicial é outro exemplo. Aprovada com rapidez recorde, sem o devido esclarecimento e discussão nos foros apropriados, em especial com os sócios. As reuniões não têm transmissão para o acompanhamento democrático de todos, e não há o devido espaço para que os conselheiros possam expor as suas ideias e debater uma questão tão relevante, crucial, e com potencial devastador para o futuro do Vasco.

        4- Gestão
        Não vemos claro estratégia para o aumento de receitas que são fundamentais no processo de restruturação do clube. Viabilizamos um ótimo patrocínio máster, mas o clube precisa de outras fontes. Com isso, o futebol do Vasco agoniza sem recursos para contratações de peso, que resolvam de fato nossos problemas em campo. Além disso, a comunicação em geral com o vascaíno e com o sócio tem sido relegada a segundo plano. Pontos que historicamente criticamos de outras gestões.

        5- São Januário e torcida
        Graças ao esforço do prefeito Eduardo Paes, o Vasco tem a oportunidade única de reformar e ampliar o nosso tradicional Caldeirão. Porém, até hoje não há notícia de incorporadores interessados na compra do potencial construtivo que viabilizará a reforma. Com um estádio ainda acanhado e desconfortável, o sofrimento para quem deseja assistir aos jogos aumenta com um programa de sócio torcedor confuso e sem avanços.

        6- Futebol forte
        Futebol que seria a área de grande destaque também tem deixado a desejar. Contratações fracas, caras, sem critérios claros e objetivos, e com atletas sem condições físicas e nem técnica de jogar no Vasco oneraram os cofres do clube. Falta a apresentação de um projeto estruturado para as divisões de base, que hoje está recheada de profissionais sem currículo à altura do Vasco, além de quase nenhuma transparência na negociação e liberação por “incapacidade técnica” de jovens da base.

        O descumprimento desses pontos nos levou a agir com sinceridade e transparência com colegas de conselho, beneméritos, sócios e torcedores vascaínos que nos confiaram seus votos e apoios.

        Sendo assim, sentimos na obrigação de apresentar ao Exmo. Sr. Presidente do Conselho Deliberativo nossa carta de renúncia. Como vascaínos apaixonados, continuaremos a apoiar a clube e dar toda assistência necessária e que nos for demandada. Também seremos vigilantes. Vamos fiscalizar e cobrar a atual diretoria em todos os pontos pelos quais sempre lutamos. Estaremos ao lado dos sócios, queremos que a sua vontade prevaleça e o modelo SAF seja retomado com a venda para que o clube recupere sua credibilidade e capacidade de investimento.

        Esperamos que a vontade do sócio seja respeitada e que o modelo SAF seja retomado ainda este ano.”

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