Hostilidade no tabuleiro

Ao instigar parceiros comerciais para movimentarem-se, segundo novas regras impostas ao tabuleiro mundial, os Estados Unidos escoram-se em discurso agressivo, mas podem, também, permitir contra-ataques.Além de preservar, o tanto quanto possível, interlocução inspirada em narrativas baseadas em princípios civilizatórios, países como o Brasil têm chance de ocupar flancos deixados pelo rigor das taxas.A “guerra comercial”, amenizada no conceito de “reciprocidade”, tende a estimular volume de negócios recompensador com chineses e países europeus, configurando possível erro estratégico de Donald Trump.Todas as retaliações à soja e ao frango vão beneficiar os negócios do agro do Brasil, mas em contrapartida aumentarão as dificuldades de responderem-se os enigmas de âmbito interno.Não se pode hesitar, na hipótese de menor oferta de produtos no mercado interno brasileiro, pois há uma necessidade, anterior à volta do “trumpismo”, de equilibrar variáveis como preços, inflação e juros, entre outras.Por ora, a preocupação de evoluir as dissonâncias para animosidades mais tensas não chega a tirar o sono dos gestores militares, no entanto, o alerta chinês de estar preparado para “qualquer guerra” deve ser levado em alta conta, caso prospere a mútua antipatia.Na mira da artilharia estadunidense, os primeiros alvos do Brasil são o etanol, taxado em 18% a partir do dia 2 de abril, e o aço e o alumínio, com tarifas de 25% já no dia 12 deste mês.Para o “republicano” no poder da maior superpotência, é preciso proceder um ajuste de contas, alegando a intenção de desmanchar um desequilíbrio de décadas, por meio do qual Washington tem sido generoso ao aplicar taxas de 3%, em média.Na tabuada do presidente, os custos chegam a aumentar 7% nas trocas com a China; 11% com o Brasil e 17%, em relação à Índia, incluindo ainda no grupo o Canadá e o México, já citados entre os países contra os quais serão deflagrados índices com maiores chances de evitar supostos prejuízos para os negócios dos EUA.
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