OUVIR, LER IR

OuvirMinha casa, desde criança, sempre foi muito musical. Cresci ouvindo música, sobretudo negra, do arrocha ao blues, da MPB ao rap. Talvez essa tenha sido a arte que mais esteve presente ao longo da minha vida, elemento importante para a construção dos meus modos de ver, ser e de estar no mundo. Recentemente, o processo de escrita do meu novo livro me levou a escutar incansavelmente as sambadeiras do Recôncavo baiano, mergulhando nos ritmos e cantares das nossas matriarcas. Então, uma artista que eu recomendo muito é Dona Dalva, a Doutora do Samba. Ela tem uma obra linda, fundamental para a cultura brasileira, que mostra o poder do samba como saber ancestral.LerMinhas leituras são povoadas principalmente por escritoras negras, a exemplo de Conceição Evaristo, Stella do Patrocínio, Eliana Alves Cruz e Saidiya Hartman. Estas mulheres me inspiram cotidianamente e são referência para o meu livro No rastro de Estela, que lançarei no dia 15 de março, às 16h30, na Casa do Benin, em Salvador. Uma obra que brinca com os limites entre a ficção e realidade, tentando recriar a história de Estela do Rosário – uma mulher negra e lésbica que viveu em Salvador na primeira metade do século 20 – a partir da descoberta da ficha de internamento em um hospital psiquiátrico que funcionou no Solar da Boa Vista. O enredo aborda questões como o amor entre mulheres e o apagamento das histórias das pessoas negras no Brasil, mas este é sobretudo um livro sobre possibilidades de vida. Convido a todes para o lançamento de No rastro de Estela.IrPara mim, a praia da Preguiça é uma das mais gostosas de Salvador, onde todo mundo precisa ir pelo menos uma vez, seja para se banhar nas águas tranquilas, seja para ver o pôr-do-sol, tomando o suco de cupuaçu com uva (meu favorito!) que é vendido na barraca de Luiz Paulo. Nesse pequeno pedaço de areia às margens da Avenida Contorno, onde passado e presente se encontram, os barulhos do Centro se diluem na calmaria do mar.
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