Vamos votar e eleger a nova reitora ou reitor da UFG?

por Zenilde Nunes Batista*

Vamos. Mas, colega, eu não vou dar meu apoio explícito a ninguém neste primeiro momento. Essa é a minha resposta a qualquer pessoa que me peça voto, a priori. Eu apoio é a disputa, e torço para que ela seja acirrada. Vou esperar pacientemente que as candidatas se posicionem de forma muito clara e objetiva sobre como pretendem tratar as situações de assédio que acontecem na Universidade.

Não existe mais pra mim esse negócio de “a nossa querida UFG”, bordão criado e que tem a intenção clara de apelar às nossas emoções, colocando a instituição em que trabalhamos como uma figura, uma personagem, objeto de nossos afetos. Mas isso já deu, se revelou a pior das falácias. Eu já caí nessa cilada no passado, faço o mea culpa.

Entretanto, a UFG hoje pra mim é a repartição, o lugar onde trabalho, com muita dignidade, competência e responsabilidade, dando o meu melhor e de onde, com o meu suor, tiro o meu sustento, e é isso.

Claro que existe uma “querida UFG”. Mas para um nicho bem específico e reduzido de pessoas, apenas. Aquelas que vivem há anos penduradas nos figurões, sempre com uma direção aqui, outra acolá, uma bolsa aqui, outra acolá… E voltar para sua posição de soldado de “baixa patente” não se coloca no horizonte. Aí fica fácil bancar essa hipocrisia de “nossa querida UFG”.

Um dia, no banco da psicóloga, cheguei à conclusão de que vivi, por anos, em uma bolha na Universidade. Por muito tempo, achei mesmo que assédio e perseguição a agente público era uma coisa que não acontecia em nossa instituição. Posso dizer que conheci um outro universo uefegeano depois que saí desse casulo. Hoje, depois de ouvir relatos e também de ter passado por poucas e péssimas, consigo visualizar, com a lupa distanciada, como as coisas acontecem de fato.

Sempre demonstrei apoio publicamente ao candidato ou à candidata que entendia ser a melhor escolha para a universidade, mas hoje, a decepção é o que me move.

Há bem pouco tempo, quando eu estive em uma situação inadmissível no ambiente de trabalho, que me trouxe intenso sofrimento emocional, o meu apoio não veio, em nenhuma medida, de nenhum dos gestores que sempre ajudei a eleger.

É de conhecimento do público interno da UFG o desarranjo – pra ser generosa com as palavras – que se instalou na Editora UFG, meu órgão de lotação, em agosto/2024, quando o vice-reitor deu voz de exoneração ao então diretor da Editora.

E com a chegada do novo diretor, uma operação foi arquitetada contra mim: fui ameaçada de remoção de ofício, acossada,… e por fim, isolada em uma das livrarias da UFG. Não fui removida porque resisti, sozinha, porém firme, dando conta da violência institucional, no meu caminho tortuoso. Pessoas incríveis me apoiaram sim, MEUS COLEGAS, meu pares de outros Órgãos e Unidades. Mas, do topo do Olimpo, não teve figurão e nem figurinha nenhuma me dando qualquer tipo de apoio, uma conversa, uma carinha de espanto se admirando daquela situação absurda, nada… Enfim, a história é longa e o que importa é que agora estou bem. Quem quiser saber mais, pergunte-me no privado.

Quanto aos meus pares que me ajudaram, adoraria agradecer de público, porque me foi tão caro, tão importante o acolhimento que recebi naquele momento… Mas não o farei, pois os assediadores existem e estão por aí, à solta e precisamos estar atentos, inclusive para não comprometer os colegas. Mas quem gastou tempo conversando comigo sabe, e eu agradeço para sempre.

Bem, para terminar a história, além de mim, outra colega também sofreu perseguição na editora. Foi convidada a se retirar peremptoriamente, sob o eufemismo de “dimensionamento da força de trabalho” (contém ironia) e sem nenhuma justificativa plausível foi colocada à disposição da PROPESSOAS.

À guisa de conclusão, o que quero enfatizar, é que o personagem que engendrou tudo isso foi nomeado pela representação máxima da Gestão Superior. Foi chancelado pela casta dirigente – essa gestão acidental que nos restou desde 2022.

E agora pergunto: Será que uma das chapas aceitará apoio dessa gestão, que nomeia e chancela perseguidores, ao mesmo tempo em que publica uma resolução para prevenção ao assédio (piada pronta)? Isso para mim é um ponto crucial.

No início das minhas considerações, eu me referi às “candidatas” porque, por ora, temos duas candidaturas manifestas, de duas mulheres valorosas, cujas trajetórias têm todo o meu respeito. O que não se sabe ainda é sobre outras possibilidades, sobre o despontar de uma terceira via, uma quarta, por que não? Se a Universidade é um lugar de exercício da democracia, seria salutar que o debate se ampliasse para além de duas chapas.

Por fim, mas não menos importante: a matemática, a meu ver, é bem simples antes de votar – como será a partir do ano que vem? Quem recebe apoio, tem uma “dívida” com os apoiadores. É do jogo político, e é assim que funciona: quanto a isso, nada de novo debaixo do Sol. Mas a minha pergunta é: como a próxima gestão pretende lidar com as figuras que acossam e afligem colaboradores? Os perseguidores continuarão em postos de comando?

Fica o convite à reflexão.

*Zenilde Nunes Batista. Eleitora no processo eleitoral UFG 2025. Negra. Secretária Executiva. Egressa da UFG, onde aprendi a exercer a criticidade.

O post Vamos votar e eleger a nova reitora ou reitor da UFG? apareceu primeiro em Jornal Opção.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.