A fartura da folia

“Ei, você aí! Me dá um dinheiro aí! Me dá um dinheiro aí.” Essa é uma das mais tradicionais marchinhas de Carnaval. É do tempo em que Mário Lago questionava a sinceridade da Aurora que, se fosse sincera, poderia ver que bom que era. O tempo passou, muitos não conhecem e nem entendem o que fazia o povo dançar tanto aquele grupo de músicas muito parecidas, que falava de um povo diferente, como a mulata bossa nova, que caiu no Hully Gully e só deu ela.

Agora, a Folia de Momo e sua corte está mais do que profissionalizada. Até por isso, é preciso voltar a esse assunto: “demonizaram o Carnaval”. Com artistas focados em levar para a avenida uma escola de samba com história em suas alas, com carros que traduzem a intenção do autor da letra e com refrãos que são repetidos à exaustão por quem está como integrante da escola e pelo público, que fica com as canções como um chiclete grudado na mente.

Com todo esse diferencial, melhorando a estética e buscando cada vez mais qualidade em todos os sentidos, é preciso entender que o Carnaval não é apenas um período de folia e bebedeira. É quando muita gente ganha dinheiro, quando são ampliadas as vagas, gerando renda para um público muitas vezes à margem do cenário econômico.

Quem esteve na Rua Galvão Costa, no último sábado, 8, ou assistiu pelas plataformas da Gazeta Grupo de Comunicações, pôde perceber que toda agremiação tinha suas camisetas desta edição. São centenas de peças confeccionadas, além de fantasias, equipamentos para os carros, matéria-prima diversa. Somente na Imperadores do Ritmo, a vencedora, de acordo com os jurados, foram mais de R$ 210 mil para cerca de 50 minutos de desfile que empolgou a avenida do samba.

Em uma conta superficial, se todas tivessem tido despesa semelhante, estamos falando de R$ 1 milhão para realizar o Carnaval de Santa Cruz. É dinheiro que circula, que gera impostos, que emprega o funileiro para soldar o carro, que contrata a costureira para fazer os arremates na fantasia, que garante ao sapateiro o dinheiro extra no reforço do calçado do destaque, que deve se esmerar com samba no pé. Ignorar isso e ficar na superficialidade de que o Carnaval é apenas uma folia desvairada é raso demais para algo tão grandioso, que movimenta todo um país e que está enraizado na cultura nacional.

Quanto aos enredos, se trazem Exu, Xangô, o Teatro de Mambembe, se faz homenagem aos nordestinos ou a todo o Brasil de Norte a Sul, não importa. O relevante é que todos os deuses do samba estejam na avenida, que espalhem axé e boas vibrações e que, como o presidente campeão Edinei Martins parafraseou Alcione: “Não deixe o samba morrer.”

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