Exclusivo! Senador Ciro Nogueira avalia o cenário atual do país

Presidente nacional do Partido Progressistas (PP), uma das legendas mais influentes do campo político denominado Centrão, o senador Ciro Nogueira concedeu entrevista exclusiva ao Grupo A TARDE, na qual avalia o cenário atual do país. Ele comenta sobre a situação do PP na Bahia e garante que a direção nacional dá autonomia para o partido tomar decisões nos estados.P – O sr. considera que o Congresso Nacional está pacificado, do ponto de vista de harmonia entre os partidos e parlamentares, com as mudanças dos presidentes nas duas Casas?R – O Congresso Nacional deu um gesto muito importante no Brasil, ao eleger praticamente por unanimidade, não somente os presidentes, mas toda a Mesa Diretora das duas Casas. Em um momento de polarização como nunca existiu em nosso País, mostramos que com diálogo e respeito 513 deputados e 81 senadores conseguem encontrar soluções em comum, o que é por si só um grande exemplo daquilo que queremos no Brasil.P – Qual a avaliação que o sr. Faz dessas primeiras semanas do deputado Hugo Motta na presidência da Câmara?R – Hugo teve um grande início, como eu já sabia que ele teria. Grande parte do Brasil está conhecendo agora o Hugo Motta que eu já tenho o prazer de conhecer há bastante tempo. Ele mostrou que tem pulso para comandar as sessões da Câmara, o que não é uma tarefa fácil, e está pronto para pautar os temas fundamentais para o Brasil. Tenho muita confiança de que o mandato dele será de extremo sucesso.P – E no Senado, como está a relação da bancada do PP com o presidente Davi Alcolumbre?R – O presidente Davi é um amigo que eu tenho. O Progressistas foi, inclusive, o primeiro partido a anunciar o apoio à candidatura dele para a presidência do Senado. Temos uma relação excelente, e vejo que ele está caminhando na direção correta, de tratar dos temas que vão melhorar a vida da população. Outra coisa muito boa é que a relação com a Câmara agora está muito mais pacificada, o que vai nos ajudar a aprovar matérias com mais rapidez.P – Qual a postura do comando nacional do PP em relação aos movimentos políticos da legenda nos estados? Na Bahia, por exemplo, especula-se, desde o ano passado, uma aproximação de políticos do PP ao governo estadual, que é do PT…R – Nosso partido tem um viés de centro, centro-direita, mas temos uma tradição no Progressistas de dar autonomia aos diretórios estaduais para que tomem suas próprias decisões, e é como temos conduzido isso, não apenas na Bahia, mas em todo o Brasil. As decisões do Progressistas na Bahia serão conduzidas pelo diretório estadual.P – O PP tem uma estratégia já em curso com vistas às próximas eleições presidenciais?R – Temos um compromisso com o [ex-] presidente Bolsonaro de apoiar a candidatura dele. Hoje, ele está inelegível, mas vamos até o fim lutar para que ele possa concorrer, já que é quem lidera as pesquisas e o maior líder popular de nosso País atualmente. Uma coisa que eu posso garantir com confiança é que não estaremos com o PT nas eleições de 26. E pelas conversas que tenho tido, acredito que a maioria dos partidos de centro também não.P – Qual a visão do sr. em relação à pressão dos EUA contra o STF, e mais especificamente o ministro Alexandre de Moraes, em reação a medidas dele contra a atuação de gigantes da tecnologia no Brasil?R – Estou completando três décadas de vida pública, então, sinceramente, parei de perder tempo com coisas que não têm impacto direto na vida da população. As pessoas não estão conseguindo comprar alimentos, o preço do ovo nas alturas, os serviços estão cada vez mais inacessíveis. Então, toda a minha energia em Brasília eu gasto para melhorar as questões que terão um impacto real na vida cotidiana dos brasileiros. As outras questões eu deixo para outras pessoas se engajarem nelas.P – Voltando ao ex-presidente Jair Bolsonaro, os militares denunciados por tentativa de golpe de Estado e pessoas presas pelo 8 de janeiro de 2023, qual a posição do PP em relação ao processo na Justiça e ao pedido de anistia aos invasores que tramita no Congresso?R – O Progressistas não defende uma anistia pura e simples. Os que depredaram, quebraram prédios públicos têm que ser punidos. Mas todos no Brasil sabem que aquilo não se tratava de um golpe de Estado. Não tem cabimento uma pessoa que cometeu um ato de vandalismo receber uma pena maior do que quem matou e roubou. Nós defendemos que eles respondam pelo delito que cometeram, não por coisas que não existiram.P – No lugar de presidente do PP, qual a avaliação que o sr. faz do papel da legenda em um cenário de crise de aprovação do governo Lula e com o ex-presidente Bolsonaro enfrentando problemas com a Justiça?R – Neste momento o que mais nos preocupa é garantir que nosso País sobreviva a este ano. Em minha avaliação, a crise de popularidade do presidente é irreversível e o que nos preocupa é que, com a aproximação das eleições, o governo passe a apostar em pautas perigosas do ponto de vista fiscal. Nesse cenário, estamos focados em atuar com muita responsabilidade para impedir projetos que prejudiquem mais a economia. Ao mesmo tempo, estamos abertos a discutir e apoiar quaisquer medidas de contenção de gastos e que sejam positivas para a economia e para o povo. Não fazemos oposição ao Brasil, fazemos oposição ao governo.P – O sr. tem defendido publicamente a anistia para o ex-presidente Bolsonaro, que é alvo de ações na Justiça. Por que o sr. considera Bolsonaro um “injustiçado”?R – Jair Bolsonaro é, hoje, o maior homem público do Brasil. Lidera as pesquisas para presidência acima da margem de erro, arrasta multidões onde passa e, ao mesmo tempo, está impedido de concorrer à presidência por conta de uma reunião com embaixadores. É uma grande injustiça. A população não aceita ser impedida de seu direito de eleger o candidato em que acredita, por conta de uma questão tão pouco significativa.P – Apesar de Bolsonaro seguir dizendo que será candidato à presidência, no cenário atual ele segue inelegível. Qual a posição do PP em relação a outras lideranças da centro-direita apontadas como presidenciáveis, a exemplo de Ronaldo Caiado e Tarcísio de Freitas?R – São grandes nomes, como também é o nome da senadora Tereza [Cristina, do PP-MS], do governador [do Paraná] Ratinho [Júnior, do PSD] ou um dos filhos do [ex-] presidente. Mas quem vai tomar essa decisão é o próprio Jair Bolsonaro. Ele é o grande líder da direita, qualquer candidato só tem força se for com o apoio dele. Então, nosso partido vai aguardar a orientação do [ex-] presidente Bolsonaro e seguir com ele até o fim na tentativa de viabilizar sua elegibilidade.P – O sr. é um político nordestino, eleito pelo estado do Piauí. De que forma vem enxergando os desafios da região, ainda com indicadores econômicos e sociais bem abaixo do mínimo desejável?R – Infelizmente, o Piauí é governado há duas décadas pelo PT, e isso deixou marcas no nosso estado. Hoje, nós temos mais pessoas que recebem Bolsa Família do que com carteira assinada, os índices de alfabetização, fome e pobreza estão entre os piores do Brasil porque o governo do estado passou mais tempo preocupado em se perpetuar no poder do que em trazer investimentos estruturantes que olhassem para o futuro. Estamos muito engajados na criação de um projeto alternativo, para tirar o Piauí desse atraso em que nos encontramos.P – Para encerrar, deixe uma mensagem para os baianos, destacando algo que o sr. considere relevante para a população do estado dentro do programa atual do PP e de sua atuação no Senado…Tenho enorme carinho pelo estado da Bahia e pelo povo baiano. Nosso partido tem uma grande representação no estado, com nomes importantes, a exemplo do deputado Cláudio Cajado, João Leão, Cacá Leão, Negromonte Jr. Nosso partido tem uma vertente municipalista muito forte. Na Bahia, e em todo o Brasil, priorizamos a atuação nos municípios, investindo nas prioridades das cidades para melhorar o dia a dia das pessoas nas questões fundamentais, saúde, educação, infraestrutura, segurança. No âmbito mais amplo, defendemos um Estado eficiente, com menos penduricalhos e mais compromisso com condições que estimulem o desenvolvimento das pessoas. Tive a alegria de estar na Bahia muitas vezes e acredito que o povo baiano compartilha dessas nossas convicções, e tem respondido de forma muito positiva ao nosso partido.
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