“Cães humanizados serão totalmente dependentes”, diz adestrador

Um grande número de brasileiros possui um pet dentro de sua casa para garantir uma boa companhia e muitos os têm como filhos. É comum as pessoas se autodeclararem pais e mães de pet e com isso humanizam os animais.

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Contudo, essa humanização pode acarretar problemas e distúrbios tanto para os tutores como para os animais. De acordo um levantamento feito pelo Instituto Pet Brasil e pela Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet), há entre 150 e 160 milhões de animais de estimação no Brasil, fazendo com que seja o terceiro país com maior população de pets do mundo.Mais populosos no Brasil, os cães saltaram de 60,5 milhões para 62,2 milhões (alta de 2,8%). Em segundo lugar, as aves ornamentais subiram de 41,6 milhões para 42,8 milhões (alta de 3,0%). Em terceiro, os gatos subiram de 29,2 milhões para 30,8 milhões (alta de 5,4%), peixes ornamentais cresceram de 21,8 milhões para 22,3 milhões (alta de 2,29%) e os répteis e pequenos mamíferos, de 2,6 milhões para 2,8 milhões, alta de 7,6%.Para entender melhor sobre a temática, o Portal A TARDE conversou com especialistas que esclareceram quais as formas de se tratar um pet a fim que não cause prejuízos a ambos. Para o adestrador de cães, Ramon Neri Silva, os tutores não estão sabendo lidar com os animais e por isso têm gerado problemas comportamentais.”A forma que as pessoas estão escolhendo se relacionar com seus cães tem sim desencadeado alguns problemas comportamentais, como por exemplo, ansiedade por separação. Ansiedade por separação é quando o cão tem dificuldade de lidar com a ausência do dono, do proprietário, do tutor. Como resolver esse problema? Existem algumas formas que vão impedir que esse problema venha a existir, como também vai resolver o problema que já existe. Evite falar de forma exacerbada com seus cães. No mundo dos cães eles não se comunicam falando, os cães não falam, falar incita e excita os cães. Evite falar usando a forma verbal ou gestual quando seu cão estiver preso, essa atitude, esse hábito, irá desencadear ansiedade nos cães dificultando a vida dos seus cães quando você se fizer ausente”, destacou.Silva esclareceu que o processo de humanização tem sido cada vez mais comum, o que acarreta em deixar os cães cada vez mais dependentes. “Precisamos entender, uma vez por todas, que quando você trata seu cão como humano, ele tem tendência a te tratar como cão. Cães humanizados serão cães totalmente dependentes. A falta de regra, de educação irá desencadear problemas na vida pessoal e na vida financeira desses donos, desses proprietários, desses tutores. Então fica aí a necessidade de entendermos que adestramento ou educação canina visa unicamente harmonizar relacionamento homem e cão”, afirmou.A médica veterinária, Camila Freire, pontuou que o papel do profissional de cuida de animais é prezar pelo bem-estar. Segundo ela, sua função é conscientizar o tutor que existe amor entre ele e o pet, mas pontuar que há um limite para que não se gere “ansiedade e frustração no pet”.Freire explicou que é preciso conhecer de casa espécie possui sua particularidade e “o excesso humanização pode trazer desconforto e estresse ao pet, de uma forma respeitosa e sem julgamento nós, veterinários, precisamos passar essa informação a tutores mas sempre dando opções saudáveis de como fortalecer a relação tutor x pet de forma que não agrida o bem estar animal.”Quanto a estabelecer limites, a médica veterinária sugeriu fazer um cercado bem equipado com tapete, comida e água. “Recomendo fazer isso inicialmente enquanto os tutores estão na casa, pois ajuda a acostumar o animal a ficar sem os tutores durante o dia”, explicou.

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