União Europeia anuncia medidas contra tarifa de 25% sobre aço e alumínio dos EUA

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

As tarifas de 25% sobre todas as importações de aço e alumínio para os Estados Unidos entraram em vigor nesta quarta-feira (12), o que provocou medidas de retaliação da União Europeia e a irritação da China, que promete fazer o “necessário” para defender seus interesses.

A Comissão Europeia afirmou que imporá tarifas retaliatórias sobre 26 bilhões de euros (R$ 164,9 bi) em produtos norte-americanos a partir do próximo mês, intensificando a guerra comercial global em resposta às tarifas dos EUA sobre aço e alumínio.

A UE respondeu nas primeiras horas desta quarta com a renovação de tarifas que havia adotado em 2018 e 2020, mas que posteriormente ficaram sem efeito. A Comissão Europeia disse que encerrará a atual suspensão em 1º de abril e que suas tarifas estarão totalmente em vigor até 13 de abril.

“As contramedidas que tomamos hoje são fortes, mas proporcionais. Como os EUA estão aplicando tarifas no valor de US$ 28 bilhões, estamos respondendo com contramedidas no valor de 26 bilhões de euros”, disse a chefe da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, aos repórteres.

As tarifas suspensas, que serão retomadas, se aplicam a produtos que vão de barcos a bourbon e motocicletas Harley Davidson, e a UE disse que agora iniciará uma consulta de duas semanas para escolher outras categorias de produtos.

As novas medidas terão como alvo cerca de 18 bilhões de euros (R$ 114,2 bi) em mercadorias, com o objetivo geral de garantir que o valor total das medidas da UE corresponda ao aumento do valor do comércio impactado pelas novas tarifas dos EUA, disse a UE.

“Nesse meio tempo, permaneceremos sempre abertos a negociações”, afirmou von der Leyen.

A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, afirmou que “as ações dos EUA violam seriamente as regras da [Organização Mundial do Comércio], prejudicam gravemente o sistema comercial multilateral baseado em regras e não contribuem para a solução do problema”.

Ela acrescentou que a China -maior produtor mundial de aço- “adotará todas as medidas necessárias para salvaguardar seus direitos e interesses legítimos”.

O Reino Unido afirmou que está “desapontado” com as medidas dos EUA, mas anunciou que não adotaria medidas de retaliação imediatas.

“Estamos focados em uma abordagem pragmática e em negociar rapidamente um acordo econômico mais amplo com os EUA para eliminar as tarifas adicionais”, declarou o secretário de Comércio, Jonathan Reynolds.

O Japão lamentou não ter sido excluído das tarifas americanas, mas não anunciou represálias até o momento, segundo o porta-voz do governo, Yoshimasa Hayashi.

O país mais afetado pelas tarifas americanas será o Canadá, que fornece metade das importações de alumínio e 20% das importações de aço dos EUA, segundo a consultoria EY-Parthenon.

No setor de aço, Brasil (17% das importações) e México (10%) serão os mais afetados depois do Canadá.

Em seguida, aparecem Coreia do Sul, Alemanha e Japão.

No caso do alumínio, Emirados Árabes Unidos, Coreia do Sul, Bahrein e China, que representam entre 3% e 6% das importações americanas, também sofrerão as consequências.

Brasil, Índia, Argentina e México abastecem o mercado em menor escala, mas “ainda assim podem sofrer interrupções na cadeia de suprimento à medida que os compradores ajustem suas estratégias de abastecimento”, alerta a consultoria.

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